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PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE

Aparência e verdade

Terça-feira, 14 de Outubro de 2014

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 42 de 16 de Outubro de 2014

«Jesus condena as pessoas de boas maneiras mas com maus hábitos», porque uma coisa é «parecer bom e bonito», outra é a verdade interior. Ao mesmo tempo, não serve estar vinculado exclusivamente à letra da lei, porque «a lei sozinha não salva. Ela salva quando nos leva às fontes da salvação». O Papa Francisco exortou cada um a fazer um «exame de consciência sobre como é a própria fé».

Reflectindo sobre o trecho do Evangelho de Lucas (11, 37-41) proposto pela liturgia do dia, o Pontífice explicou a atitude de Jesus em relação ao fariseu, escandalizado porque o Senhor não cumpre as abluções rituais antes do almoço. E frisou que «Jesus condena» de modo firme a segurança que os fariseus «tinham no cumprimento da lei», condena «esta espiritualidade da cosmética».

Depois, o Pontífice contou uma história — «uma vez ouvi um idoso pregador de exercícios espirituais que dizia: “Mas, como pode entrar o pecado na alma? Ah, de modo simples! Pelos bolsos...”». Precisamente o dinheiro é «a porta» pela qual passa a corrupção do coração. Assim compreende-se o motivo pelo qual Jesus afirma: «Dai de esmola tudo o que tendes dentro».

«A esmola — explicou o Papa — foi sempre, na tradição da Bíblia, quer no antigo quer no novo Testamento, um padrão de justiça. Um homem justo, uma mulher justa, está sempre ligado à esmola»: porque com a esmola se partilha o que sente com os outros, doa-se o que cada um «tem dentro». Deste modo, o tema da aparência e da verdade interior volta à reflexão. Os fariseus dos quais Jesus fala «acreditavam que eram bons porque faziam tudo que a lei mandava fazer».

O mesmo conceito, esclareceu o Papa, sobressai da primeira leitura da liturgia, tirada da carta na qual Paulo discute com os Gálatas (5, 1-6). Portanto, o que vale em Jesus Cristo é «a fé que se torna activa na caridade». Eis então o tema da esmola. Uma esmola entendida «no sentido mais amplo da palavra», isto é «livrar-se da ditadura do dinheiro, da idolatria do dinheiro» porque qualquer «avidez nos afasta de Jesus Cristo».

Quem dá esmola e manda «tocar uma trombeta» para que todos saibam, «não é cristão». Esta atitude, afirmou Francisco, é uma acção «farisaica, hipócrita».

Se o coração não mudar, comentou o Papa, a aparência nada conta. E concluiu: «Hoje far-nos-á bem pensar como é a nossa fé, a nossa vida cristã: é uma vida de cosméticos, de aparência ou é uma vida cristã com uma fé activa na caridade?».

 


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