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DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
AO EMBAIXADOR DE MADAGÁSCAR
JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO
DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS

13 de Dezembro de 2002

 

Senhor Embaixador

1. É com grande prazer que recebo hoje Vossa Excelência, no momento em que apresenta as Cartas que o acreditam como Embaixador extraordinário e plenipotenciário de Madagáscar junto da Santa Sé, recordando a figura de seu pai que desempenhou esta mesma missão.

Sensibilizaram-me as palavras gentis que acabou de me dirigir. Elas dão testemunho da estima que o seu país tem pela missão da Igreja católica. Agradeço-lhe de igual modo a saudação cordial que me transmitiu da parte de Sua Excelência o Senhor Marc Ravalomanana, Presidente da República de Madagáscar. Tenha a amabilidade de se fazer intermediário dos meus respeitosos votos pela sua nobre missão ao serviço dos seus concidadãos. Saúdo também com afecto o povo malgaxe que, entre as vicissitudes da história da Nação, soube permanecer corajoso nas provas e paciente nas adversidades.

2. Vossa Excelência, Senhor Embaixador, recordou a linha de comportamentos que as mais altas Autoridades do Estado desejam seguir para guiar o destino da Nação, dedicando-se a fortalecer cada vez mais os vínculos da sua unidade. O Fahamasinana, que visa associar todos os Malgaxes na construção de uma sociedade baseada na justiça e na paz, só dará frutos se se basear nos valores morais e espirituais que formam a riqueza da cultura malgaxe. Fundar resolutamente a democracia requer que sejam feitas escolhas corajosas, sobretudo no que se refere à moralidade da vida política, a defesa das liberdades públicas e a participação de todos os cidadãos na prática da res publica. Por outro lado, a transparência e a verdade na gestão dos assuntos nacionais são condições indispensáveis para o desenvolvimento duradouro de uma sociedade. Isto precisa também de orientações económicas e sociais que coloquem o homem no centro do desenvolvimento da sociedade e que protejam os interesses dos mais pobres, favorecendo a igualdade entre as pessoas e entre os diferentes componentes nacionais. No momento em que o seu País vive uma nova página da sua história e na véspera da data das eleições, peço a Deus que apoie os esforços de quantos, tendo unicamente a preocupação do bem de todos, trabalham para abrir caminhos de diálogo e de reconciliação nacional, para que os países se empenhem cada vez mais no caminho do bom governo e do respeito dos direitos do homem.

3. A fim de conseguir realizar estes nobres objectivos, toda a Nação está chamada a desenvolver uma cultura de paz. Isto exige em particular que seja combatido o egoísmo em todas as suas formas, cujos efeitos devastadores se fazem sentir nos desequilíbrios sócio-económicos e no aumento da pobreza. A busca da paz requer também uma atenção especial ao princípio da igualdade na vida social, eliminando com extrema firmeza todas as formas de corrupção, que, arruinando as relações de confiança, prejudicam os vínculos de cooperação leal entre as pessoas, as instituições e as comunidades humanas. Em todas as escalas da vida pública, como os bispos do país recordaram recentemente, seria bom purificar os corações e as consciências, comprometendo-se a fazer desaparecer os comportamentos que constituem uma violência dissimulada que mais não faz do que aumentar as desigualdades entre os ricos e os pobres, e que desestabilizam toda a sociedade. Só assim se poderá desenvolver uma cultura autêntica da justiça e da paz, apoiada por uma cooperação internacional que "não se pode limitar à ajuda e à assistência [...] mas que, ao contrário, exprime um compromisso concreto de solidariedade com vista a fazer dos mais pobres os protagonistas do seu desenvolvimento" (Mensagem para a celebração do Dia Mundial da Paz de 2000, n. 17).

4. Actualmente o seu País deve enfrentar numerosos desafios. A Igreja católica, em relação com os outros organismos religiosos presentes no território, deseja dar um contributo específico à promoção do bem da comunidade nacional, discernindo e encorajando aquilo que permite ao homem viver e crescer de acordo com a sua vocação. Ela deseja participar na vida da sociedade, nunca sendo indiferente ao destino das pessoas e das comunidades humanas, nem aos perigos que as ameaçam.

O amor de Cristo, Salvador de todos os homens e do homem todo, estimula-a a propor às jovens gerações, sobretudo através das suas obras de educação e na fidelidade aos nobres valores tradicionais malgaxes, os meios humanos e espirituais que lhe permitirão assumir totalmente o seu lugar na construção de uma sociedade forte, pacífica e solidária. De facto, é importante sensibilizar a juventude para o sentido do esforço e da honestidade, para o espírito de conciliação e partilha, para o justo respeito dos bens e das pessoas, para a repartição equitativa das riquezas e das responsabilidades, assim como para a preocupação permanente de preservar o meio-ambiente e os recursos naturais. Faço votos para que lhes sejam dados os meios que lhes façam manter a esperança e prosseguir com fervor esta nobre missão; de igual modo, é importante defender a causa da família, na qual os jovens fazem a primeira aprendizagem das virtudes morais e sociais, e "que é para a sociedade a alma da sua vida e do seu progresso" (Exortação apostólica Familiaris consortio, 42).

5. Senhor Embaixador, gostaria de saudar, por seu intermédio, os Bispos, que se empenharam recentemente com vigor para lutar contra a corrupção e pela justiça, assim como todos os membros da Igreja católica em Madagáscar. Neste tempo de preparação para a festa do Natal, na qual toda a humanidade é convidada a receber Cristo, Príncipe da Paz, encorajo-os a serem para todos os seus compatriotas, com a sua presença activa a todos os níveis da sociedade, testemunhas vivas da verdade e da partilha, contribuindo para difundir o espírito do fihavanana, valor tão querido à cultura tradicional malgaxe.

6. Senhor Embaixador, no momento em que começa oficialmente a sua missão junto da Sé Apostólica, apresento-lhe os meus votos mais cordiais para a nobre tarefa que o espera. Tenha a certeza de que encontrará sempre aqui, junto dos meus colaboradores, a disponibilidade e o acolhimento atento de que poderá ter necessidade.

Sobre Vossa Excelência, sobre a sua família, sobre os responsáveis da Nação e sobre todo povo malgaxe, invoco de todo o coração as bênçãos de Deus.

 

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