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MENSAGEM DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II AO ARCEBISPO DE URBINO-URBANIA-SANT'ANGELO IN VADO,
POR OCASIÃO DA REABERTURA
AO CULTO DA BASÍLICA-CATEDRAL

 1 de Junho de 2002

  

Ao Venerado Irmão FRANCESCO MARINELLI
Arcebispo de Urbino-Urbania-Sant'Angelo in Vado

 

1. Foi com alegria que tomei conhecimento de que na próxima solenidade do santo Padroeiro, o mártir Crescentino, será aberta de novo ao culto a Basílica-Catedral desta Arquidiocese, depois de ter estado fechada dolorosa e forçadamente devido ao terramoto que, há cinco anos, atingiu a cidade de Urbino e uma grande área das Marcas.

Em primeiro lugar, desejo congratular-me com Vossa Excelência, venerado Irmão, e com todos os que contribuíram para restituir ao sagrado edifício a sua beleza arquitectónica e o seu esplendor originário:  desta forma ele, através das admiráveis obras de arte que contém e das numerosas expressões de espiritualidade e cultura cristã que o enriquecem, poderá continuar a ser testemunha singular de uma história gloriosa. Além disso, o templo, sendo Catedral diocesana, reveste para a Comunidade um significado particularmente profundo, como realçava o meu Predecessor de venerada memória, o servo de Deus Paulo VI:  "A catedral, na majestade das suas estruturas arquitectónicas, representa o templo espiritual que interiormente se edifica em cada alma, no esplendor da graça, segundo a expressão do Apóstolo:  "Vós sois o templo do Deus vivo" (2 Cor 6, 16)" (Const ap. Mirificus eventus:  Enchiridion Vaticanum, Supplementum, 1, n. 72).

Encontra-se na Catedral a cátedra do Bispo, sinal de magistério e de poder eclesial, e símbolo da unidade de quantos partilham aquela fé que o Bispo, como Pastor da grei dos crentes, guarda, proclama e partilha com a Igreja universal. Por isso, a Catedral deve ser considerada como o centro da vida da Arquidiocese. Nela o Bispo celebra a liturgia, benze o sagrado crisma e faz as ordenações. Amar e venerar a Catedral é amar a Igreja como comunidade de pessoas unidas pela mesma fé, pela mesma liturgia e caridade. Por isso, ninguém deve poupar esforço algum, a fim de agir sempre em espírito de unidade com o Bispo, "princípio visível e fundamento da unidade da Igreja particular" (Const. dogm. Lumen gentium, 23).

A Igreja-Catedral de Urbino não possui apenas uma história gloriosa para narrar, mas é também expressão de uma grande história a ser edificada. O que propus a toda a Catolicidade como herança do Jubileu, é válido também para esta amada Comunidade. Portanto, digo-lhe:  Igreja de Deus que vives em Urbino, Urbania e Sant'Angelo in Vado, "faz-te ao largo" (Lc 5, 6). Olha com confiança o futuro, para o qual o Espírito te projecta para formar os teus fiéis como pedras vivas, templos do Espírito Santo (cf. 1 Pd 2, 5).

2. Nesta perspectiva de renovada vitalidade e de impulso apostólico, desejo exprimir o meu apreço e encorajamento por algumas iniciativas pastorais empreendidas recentemente. Refiro-me, antes de mais, à reabertura, em sintonia com este feliz acontecimento, do Seminário diocesano. A atenção e o cuidado por uma eficaz pastoral vocacional são o sinal inequívoco do vigor da Comunidade cristã e devem ser sempre acompanhados pela oração insistente ao Senhor, para que chame novos e dignos operários para a messe evangélica. Faço sentidos votos por que este novo início suscite numerosas e santas vocações para o sacerdócio ministerial e, mais em geral, contribua para renovar e tornar cada vez mais eficaz e proveitosa a pastoral vocacional.

Em segundo lugar, é digna duma menção particular a presença, nesta Cidade, da Universidade. Tendo surgido por obra da solicitude da Igreja pelo aprofundamento dos estudos de carácter teológico e jurídico, a Universidade de Urbino vive e trabalha desde a sua origem em estreita simbiose com a comunidade local, criando profissionalidade e tornando-se instrumento de transmissão de formas actualizadas do saber.

A este propósito, exprimo profundo prazer pela válida e constante atenção pastoral dedicada às pessoas que trabalham no âmbito das Instituições académicas, sobretudo em benefício dos estudantes que provêm de várias partes da Itália e que se tornam portadores de valores, exigências e expectativas de grande importância. Se é verdade que, na sua longa história, a Universidade nunca ignorou a Comunidade cristã, o aumento contínuo do número dos estudantes e dos professores e o papel que ela assumiu como factor de inovação e de criação de modelos culturais exigem hoje um pouco mais de atenção e de sensibilidade pastoral.

3. Entre as numerosas iniciativas empreendidas no passado, o Instituto Superior de Ciências Religiosas, que surgiu do empenho comum das Instituições eclesiásticas locais e das Autoridades académicas, ocupa um lugar de relevo. Há 24 anos ele desempenha a tarefa de preparar professores de religião nas escolas e de introduzir os jovens no estudo e na investigação nas ciências religiosas. Precisamente em virtude desta atenção à dimensão cultural, o Instituto tornou-se cada vez mais ponto de referência seguro para estudantes e pesquisadores que desejam aprofundar os temas religiosos e confrontar-se com o pensamento contemporâneo de inspiração cristã, para que a mensagem evangélica possa exprimir cada vez mais a própria natureza de fermento também no âmbito cultural.

Sei que esta Comunidade se está a empenhar de modo particular para formar um laicado católico qualificado, capaz de testemunhar e viver os valores da fé cristã não só na esfera privada, mas também em todos os âmbitos da vida e da actividade quotidiana. A este propósito, desejo encorajar o empenho do "Forum permanente dos leigos", constituído recentemente, e o percurso da Acção Católica Diocesana:  trata-se de recursos preciosos como nunca em vista da nova evangelização.

4. Em sintonia com quanto acabou de ser mostrado, não posso deixar de realçar a importância do âmbito pastoral constituído pelo mundo juvenil. A este propósito, foi com prazer que tomei conhecimento do empenho assumido pela Arquidiocese de formar, a nível tanto paroquial como diocesano, educadores para grupos de adolescentes e jovens. Depois, é digna de um apreço particular a iniciativa de levar às paróquias da Diocese a "Cruz dos jovens", à volta da qual se encontram, reflectem e rezam juntos.

Ao pensar com afecto nos jovens desta  Arquidiocese,  dirijo  um  pensamento particular ao grupo de jovens que participará  no  próximo  Dia  Mundial da  Juventude  em  Toronto:   a  todos exorto a serem, em qualquer ambiente, "sal da terra e luz do mundo" (cf. Mt 5, 13-14).

Com estes sentimentos e votos, desejo unir-me espiritualmente a Vossa Excelência, venerado Irmão, e a toda a Comunidade diocesana confiada aos seus cuidados pastorais, para a significativa celebração do próximo dia 1 de Junho, dia de alegria e festa, de oração e de testemunho, de esperança e de empenho. Nesta perspectiva, ao invocar a celeste intercessão da Virgem Maria e do santo mártir Crescentino, concedo de coração a Vossa Excelência, ao clero, aos religiosos e às religiosas, às famílias, aos jovens, aos idosos e a todos os fiéis de Urbino-Urbania-Sant'Angelo in Vado uma especial Bênção apostólica.

Vaticano, 27 de Maio de 2002.

 

 



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