EVANGELII GAUDIUM - page 136

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172. Quem acompanha sabe reconhecer que a
situação de cada pessoa diante de Deus e a sua
vida em graça são um mistério que ninguém
pode conhecer plenamente a partir do exterior.
O Evangelho propõe-nos que se corrija e aju-
de a crescer uma pessoa a partir do reconheci-
mento da maldade objectiva das suas acções (cf.
Mt
18, 15), mas sem proferir juízos sobre a sua
responsabilidade e culpabilidade (cf.
Mt
7, 1;
Lc
6, 37). Seja como for, um válido acompanhante
não transige com os fatalismos nem com a pu-
silanimidade. Sempre convida a querer curar-se,
a pegar no catre (cf.
Mt
9, 6), a abraçar a cruz, a
deixar tudo e partir sem cessar para anunciar o
Evangelho. A experiência pessoal de nos deixar-
mos acompanhar e curar, conseguindo exprimir
com plena sinceridade a nossa vida a quem nos
acompanha, ensina-nos a ser pacientes e com-
preensivos com os outros e habilita-nos a encon-
trar as formas para despertar neles a confiança, a
abertura e a vontade de crescer.
173. O acompanhamento espiritual autêntico
começa sempre e prossegue no âmbito do serviço
à missão evangelizadora. A relação de Paulo com
Timóteo e Tito é exemplo deste acompanhamen-
to e desta formação durante a acção apostólica.
Ao mesmo tempo que lhes confia a missão de
permanecer numa cidade concreta para «acabar
de organizar o que ainda falta» (
Tt
1, 5; cf.
1 Tm
1, 3-5), dá-lhes os critérios para a vida pessoal e
a actividade pastoral. Isto é claramente distinto
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