EVANGELII GAUDIUM - page 36

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41. Ao mesmo tempo, as enormes e rápidas
mudanças culturais exigem que prestemos cons-
tante atenção ao tentar exprimir as verdades de
sempre numa linguagem que permita reconhecer
a sua permanente novidade; é que, no depósito
da doutrina cristã, «uma coisa é a substância (...)
e outra é a formulação que a reveste».
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Por vezes,
mesmo ouvindo uma linguagem totalmente or-
todoxa, aquilo que os fiéis recebem, devido à lin-
guagem que eles mesmos utilizam e compreen-
dem, é algo que não corresponde ao verdadeiro
Evangelho de Jesus Cristo. Com a santa intenção
de lhes comunicar a verdade sobre Deus e o ser
humano, nalgumas ocasiões, damos-lhes um fal-
so deus ou um ideal humano que não é verdadei-
ramente cristão. Deste modo, somos fiéis a uma
formulação, mas não transmitimos a substância.
Este é o risco mais grave. Lembremo-nos de que
«a expressão da verdade pode ser multiforme. E a
renovação das formas de expressão torna-se ne-
cessária para transmitir ao homem de hoje a men-
sagem evangélica no seu significado imutável».
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42. Isto possui uma grande relevância no anún-
cio do Evangelho, se temos verdadeiramente a
peito fazer perceber melhor a sua beleza e fazê-la
acolher por todos. Em todo o caso, não pode-
45
 J
oão
XXIII,
Discurso na inauguração do Concílio Vaticano II
(11 de Outubro de 1962), VI, 5:
AAS
54 (1962), 792: «
Est enim
aliud ipsum depositum Fidei, seu veritates, quae veneranda doctrina nostra
continentur, aliud modus, quo eaedem enuntiantur
».
46
 J
oão
P
aulo
II, Carta enc.
Ut unum sint
(25 de Maio de
1995), 19:
AAS
87 (1995), 933.
1...,26,27,28,29,30,31,32,33,34,35 37,38,39,40,41,42,43,44,45,46,...224
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