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XX JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

SAUDAÇÃO DO CARDEAL KARL LEHMANN
AO PAPA BENTO XVI

Domingo, 21 de Agosto de 2005

Santo Padre

Em nome de todos os Irmãos no Episcopado, dos que actualmente ocupam o cargo e dos eméritos, desejo saudar Vossa Santidade de coração no final da sua visita pastoral ao nosso País por ocasião da XX Jornada Mundial da Juventude. Desde quando na quinta-feira, pouco depois da sua chegada, lhe pude dar as boas-vindas a bordo do barco, com a sua participação e o seu incansável compromisso, Vossa Santidade fez destes quatro dias um acontecimento inesquecível. Na sua primeira viagem fora da Itália, Vossa Santidade foi recebido com grande cordialidade, também e sobretudo pelos jovens do mundo inteiro. Conquistou literalmente o coração dos jovens, mas também das pessoas mais idosas. Isto deve-se não só à sua capacidade de afecto sincero, às suas palavras profundas e à sua modéstia ao apresentar-se não obstante toda a dignidade do ministério petrino.

Vossa Santidade teve que desempenhar uma missão difícil. Já por ocasião da última Jornada Mundial da Juventude de 2003 em Toronto, João Paulo II, contemplando os compromissos dos jovens no século XX, os tinha exortado a "edificar, como construtores de uma civilização do amor, a cidade e a comprometerem-se com todas as forças por um futuro no sinal da liberdade e da paz".

Vossa Santidade renovou este apelo aos jovens e, a seu modo, mas plenamente no espírito do nosso saudoso Papa João Paulo II, enconrajou-os a assumir a responsabilidade pela construção de um futuro digno do homem, confiando na ajuda do Senhor. Ao mesmo tempo, Vossa Santidade continuou a recordar-lhes o mote que não marcou unicamente o caminho rumo à Jornada Mundial da Juventude de Colónia, mas que indica também a direcção para o futuro: "Viemos adorá-Lo".

A disponibilidade para se abrir a este apelo já caracterizou os preparativos para a Jornada Mundial da Juventude nas dioceses alemãs. O caminho da Cruz da Jornada Mundial da Juventude e do Ícone de Maria através das nossas cidades e do nosso País suscitou em muitos dos que nele participaram um aprofundamento da própria fé, uma reflexão sobre a sua pertença eclesial e uma nova disponibilidade a dar testemunho num ambiente cada vez mais secularizado e num clima de indiferença religiosa. No "Dia do compromisso social", mais de 120.000 jovens demonstraram de modo impressionante, através de acções concretas em 4.300 projectos, que a fé cristã não leva a retirar-se do mundo, mas a assumir a responsabilidade activa pelo próximo e por uma gestão solidária da realidade social. No programa da Jornada Mundial da Juventude estes impulsos foram aprofundados em muitos lugares durante as catequeses e as Missas, durante a peregrinação à Catedral de Colónia e em muitas ocasiões diversas, e também durante a confissão, a meditação e a adoração.

A intensidade do encontro espiritual, a alegria pela fé e a esperança inabalável caracterizaram o clima de base deste encontro mundial dos jovens. Não deixou indiferentes nem sequer os que, dentro e fora da Igreja, seguiram este acontecimento com um olhar crítico. Como muitos crentes juntamente connosco desejaram, esperaram e pediram a Deus na oração, a Jornada Mundial da Juventude tornou-se uma grande festa da fé.

Sabemos que um acontecimento assim não pode ser conservado de maneira artificiosa, prolongado ou copiado. Mas, desde o início prestámos grande atenção à questão de como tornar fecunda também no futuro esta festa da fé com os motivos e os encorajamentos mais importantes.

Desejamos que tudo o que vimos aqui da força da fé se possa tornar eficaz, de modo positivo e vivo, na renovação duradoura da vida cristã nas famílias e nas paróquias, nas comunidades eclesiais, nas associações e nas sociedades.

Desejamos dedicar-nos a isto com todas as nossas forças em cada uma das dioceses alemãs e no âmbito da Conferência Episcopal Alemã. Sabemos que nesta tarefa Vossa Santidade nos ampara com força, nos solicita fraternalmente e nos acompanha na oração.

Santo Padre!

Vossa Santidade aproveitou a ocasião da sua primeira visita como Papa à sua pátria para se encontrar com os representantes do Estado e das Igrejas e comunidades cristãs. A visita à Sinagoga de Colónia, que lhe estava particularmente a peito, não despertou apenas a consciência das raízes comuns, que nos unem com o povo hebreu como irmão maior na fé no único Deus. Ela foi também sentida como sinal de sensibilidade para com os sofrimentos dos hebreus nos séculos passados, até ao holocausto do século XX e às ameaças dos nossos dias.

Durante o encontro ecuménico, Vossa Santidade prosseguiu o diálogo com os representantes da Igreja ortodoxa, da Igreja evangélica na Alemanha e com outras comunidades eclesiais, que desde sempre caracteriza o seu trabalho eclesial. Com o seu encorajamento, desejamos prosseguir pelo caminho empreendido, sem jamais perder de vista a meta que o próprio Senhor nos indicou com as suas palavras na Carta joanina: "Ut unum sint" (Jo 17, 21).

Ao mesmo tempo, através do encontro com os representantes das comunidades muçulmanas, Vossa Santidade fortaleceu a convivência pacífica no nosso País, pronunciando palavras muito claras sobre o terrorismo actual.

Vossa Santidade transmitiu encorajamento e uma grande alegria também a quantos, como fiéis católicos, colaboram e desempenham cargos de responsabilidade em diversos âmbitos da Igreja.

Isto é válido quer para os candidatos ao sacerdócio quer para os religiosos, e todos os que vivem segundo os conselhos evangélicos. É válido também para os católicos leigos, empenhados na rica multiplicidade das suas actividades de voluntariado e profissionais, e também para nós, que estamos unidos a Vossa Santidade no ministério episcopal. As palavras que o Senhor dirigiu a Pedro, e através dele também a Vossa Santidade, isto é, "confirma os teus irmãos" (Lc 22, 32), pairavam sobre todos os discursos que Vossa Santidade pronunciou com grande abertura, dirigindo-se às pessoas individualmente com força de orientação e encorajando-as a ter confiança.

A comunhão dos católicos alemães com o Sucessor de Pedro foi reforçada de modo duradouro.

Santo Padre!

Há poucas horas celebrámos a conclusão desta XX Jornada Mundial da Juventude com uma solene Missa, que reuniu mais de um milhão de pessoas. Mais uma vez, dizemos-lhe de coração por este dom: Deus o recompense! Recordamos com prazer também a vigília de ontem à noite.

Agradecemos, na sua presença, o nosso estimado Irmão, o Arcebispo de Colónia, Cardeal Joachim Meisner, a todos os colaboradores, em particular ao Secretário-Geral, ao prelado capitular Heiner Koch, assim como a todos os religiosos e religiosas das nossas dioceses e da Conferência Episcopal Alemã esta grande aventura, cujo êxito, com Vossa Santidade, agradecemos de coração. A este propósito, Santo Padre, desejo mencionar com profunda gratidão o Excelentíssimo Núncio Apostólico, D. Erwin Josef Ender, e os seus colaboradores.

Em penhor do nosso afecto, desejamos doar-lhe uma estátua de São Bonifácio para o seu apartamento. Estamos felizes por saber que ainda não tem o "Apóstolo dos Alemães", que era também um grande e sábio missionário. É um símbolo particularmente profundo da unidade entre o Sucessor de Pedro e São Bonifácio, que fez precisamente da sua comunhão com o Papa a orientação principal da sua actividade eclesial. Nisto, desejamos segui-lo. A figura, que mais tarde lhe será entregue, fundida em bronze, é obra do escultor de Mogúncia, Karheinz Oswald.

Santo Padre!

O afecto e a gratidão das pessoas, que Vossa Santidade pôde viver durante a Jornada Mundial da Juventude em Colónia, permanecerão vivos também depois deste acontecimento. Juntamente com todos os fiéis, acompanhamo-lo com a oração no seu serviço a toda a Igreja, rico de responsabilidades, e sentimo-nos particularmente ligados a Vossa Santidade em Jesus Cristo com especial gratidão e cordialidade como nosso Irmão alemão. Mas antes de o deixar partir, desejamos convidá-lo de coração a visitar de novo o nosso País, e em particular a sua pátria, independentemente dos compromissos a que obrigam uma Jornada Mundial da Juventude. Já hoje, desejamos convidá-lo todos juntos.

Santo Padre!

Mais uma vez, por tudo e em nome de todos, digo-lhe um cordial: Deus o recompense!

Desejamos-lhe a Bênção de Deus tanto para o seu regresso a Roma, como para que possa repousar das fadigas destes dias. Pedimos-lhe que saúde o seu irmão Georg, muito querido também a nós. Desejamos-lhe um bom restabelecimento.

E agora pedimos-lhe as suas palavras e a sua Bênção Apostólica para a população do nosso país, para a nossa Igreja e para nós próprios.

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