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DISCURSO DO PAPA BENTO XVI
AOS MEMBROS DA PONTIFÍCIA
ACADEMIA ECLESIÁSTICA

Sala do Consistório
Segunda-feira, 14 de Julho de 2010

 

Venerados Irmãos no Episcopado
Prezados Sacerdotes!

Recebo-vos com alegria, por ocasião do vosso encontro tradicional, que me oferece a oportunidade de vos saudar e encorajar, e de vos propor algumas reflexões sobre o sentido do vosso trabalho nas Representações pontifícias. Saúdo o Presidente, D. Beniamino Stella, que com dedicação e sentido eclesial acompanha a vossa formação, enquanto lhe agradeço as palavras que me dirigiu em nome de todos. Expresso um pensamento grato aos seus Colaboradores e às Irmãs Franciscanas Missionárias do Menino Jesus.

Gostaria de meditar brevemente sobre o conceito de representação. Com frequência, ele é considerado de modo parcial na compreensão contemporânea: com efeito, tende-se a associá-lo a algo meramente exterior, formal e pouco pessoal.

O serviço de representação, para o qual estais a preparar-vos, é aliás muito profundo porque é participação na sollicitudo omnium ecclesiarum, que caracteriza o Ministério do Romano Pontífice. Por isso, é uma realidade eminentemente pessoal, destinada a incidir de maneira profunda sobre aquele que é chamado a desempenhar esta tarefa especial. Precisamente nesta perspectiva eclesial, o exercício da representação implica a exigência de acolher e de alimentar com atenção especial na própria vida sacerdotal algumas dimensões, que gostaria de indicar, embora brevemente, a fim de que sejam motivo de reflexão no vosso caminho formativo.

Antes de tudo, cultivar uma plena adesão interior à pessoa do Papa, ao seu Magistério e ao Ministério universal; ou seja, plena adesão a quem recebeu a missão de confirmar os irmãos na fé (cf. Lc 22, 32) e "é o princípio e fundamento perpétuo e visível, tanto da unidade dos Bispos como da multidão dos fiéis" (Concílio Ecuménico Vaticano II, Lumen gentium, 23). Em segundo lugar, assumir como estilo de vida e como prioridade quotidiana, um cuidado atento uma verdadeira "paixão" pela comunhão eclesial. Ainda mais, representar o Romano Pontífice significa ter a capacidade de ser uma "ponte" sólida, um seguro canal de comunicação entre as Igrejas particulares e a Sé Apostólica: por um lado, pondo à disposição do Papa e dos seus colaboradores uma visão objectiva, correcta e aprofundada da realidade eclesial e social em que se vive; por outro, comprometendo-se a transmitir as normas, as indicações e as orientações que emanam da Santa Sé, não de maneira burocrática, mas com um amor profundo pela Igreja e com a ajuda da confiança pessoal, pacientemente construída, respeitando e valorizando os esforços dos Bispos e, ao mesmo tempo, o caminho das Igrejas particulares para junto das quais se é enviado.

Como se pode intuir, o serviço que vos preparais para desempenhar exige uma dedicação plena e uma disponibilidade generosa para sacrificar, se for necessário, intuições pessoais, os próprios projectos e outras possibilidades de exercício do ministério presbiteral. Numa perspectiva de fé e de resposta concreta ao chamamento de Deus que se deve alimentar sempre numa relação intensa com o Senhor isto não desvirtua a originalidade de cada um mas, ao contrário, é extremamente enriquecedor: o esforço de se colocar em sintonia com a perspectiva universal e com o serviço à unidade do rebanho de Deus, peculiares do Ministério petrino, é efectivamente capaz de valorizar, de maneira singular, os dotes e os talentos de cada um, em conformidade com aquela lógica que São Paulo manifestou oportunamente aos cristãos de Corinto (cf. 1 Cor 12, 1-31). Deste modo, o Representante Pontifício juntamente com aqueles que colaboram com ele torna-se verdadeiramente um sinal da presença e da caridade do Papa. E se isto é um benefício para a vida de todas as Igrejas particulares, é-o de maneira especial naquelas situações particularmente delicadas ou difíceis nas quais, por diversificados motivos, a comunidade cristã se encontra a viver. Considerando bem, trata-se de um serviço sacerdotal autêntico, caracterizado por uma analogia não remota com a representação de Cristo, típica do presbítero que, como tal, tem uma dimensão sacrifical intrínseca.

É precisamente daqui que deriva também o estilo peculiar do serviço de representação que sereis chamados a exercer junto das Autoridades estatais ou das Organizações internacionais. Com efeito, inclusive nestes âmbitos, a figura e o estilo de presença do Núncio, do Delegado Apostólico e do Observador Permanente são determinados não apenas pelo ambiente em que se trabalha mas, antes ainda e principalmente, daquele que se é chamado a representar. Isto coloca o Representante Pontifício numa posição particular, em relação aos demais Embaixadores ou Enviados. De facto, ele será sempre profundamente identificado, num sentido sobrenatural, com aquele que ele representa. Tornar-se porta-voz do Vigário de Cristo poderá ser uma tarefa comprometedora, às vezes extremamente exigente, mas nunca será mortificadora, nem despersonalizadora. Pelo contrário, torna-se uma maneira original de realizar a própria vocação sacerdotal.

Estimados Alunos, formulo votos a fim de que a vossa Casa possa ser, como o meu Predecessor Paulo VI gostava de dizer, uma "escola superior de caridade", e que vos acompanhe a minha oração, enquanto vos confio à intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mater Ecclesiae, e de Santo António Abade, Padroeiro da Academia. É de bom grado que vos concedo, a todos vós e aos vossos entes queridos, a minha Bênção.

© Copyright 2010 - Libreria Editrice Vaticana



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