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DISCURSO DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II
AO NOVO EMBAIXADOR DO NÍGER
JUNTO DA SANTA SÉ

Sexta-feira, 17 de Maio de 2002

 

Senhor Embaixador

1. É para mim um prazer receber Vossa Excelência na ocasião da apresentação das Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República do Níger junto da Santa Sé.

Agradeço-lhe as amáveis palavras que me dirigiu assim como as saudações que me transmitiu da parte de Sua Excelência o Senhor M. Tandja Mamadou, Presidente da República do Níger. Ficar-lhe-ia grato se se dignar transmitir-lhe, assim como ao povo nigerino, os votos cordiais de bem-estar e de prosperidade que formulo por todos.

2. Sinto particular sensibilidade pela atenção dedicada por Vossa Excelência aos empreendimentos humanitários da Igreja no seu País. É desejável que os esforços realizados pelos diferentes componentes do povo nigerino contribuam para o desenvolvimento global, que não se pode limitar a um bem-estar material, mas que deve levar a um verdadeiro desenvolvimento das pessoas na sua dimensão humana e espiritual, bem como a um progresso na vida social. Compete em primeiro lugar aos responsáveis locais da vida política, social e económica empenharem-se com uma generosidade e honestidade cada vez maiores pois qualquer empenho público é um serviço ao seu povo na promoção de iniciativas que permitirão a todos os habitantes serem os protagonistas da edificação nacional e beneficiar equitativamente das vantagens do desenvolvimento. Muitos dos habitantes do País vivem em condições de pobreza extrema, causadas sobretudo pela penúria alimentar e pela escassez de cereais. Faço ardentes votos por que a comunidade internacional prossiga e intensifique o seu apoio a fim de ajudar as populações e diminuir a dívida do país, para dar uma nova esperança às gerações vindouras. Ninguém pode eximir-se de se solidarizar com aqueles que estão privados do necessário para sobreviver e que são, de facto, feridos na sua dignidade. Sabemos também que uma tal situação de miséria só pode, a longo prazo, dar origem a conflitos locais ou regionais.

3. A luta contra a pobreza sob todas as formas deve ser feita, como Vossa Excelência sabe, mediante a erradicação do flagelo do analfabetismo. A educação, que é um direito fundamental do homem e da mulher, só pode favorecer o crescimento humano e moral de uma nação e a sua edificação social, oferecendo às jovens gerações a possibilidade de se empenharem na transformação da sociedade e na prática daqueles valores universais tais como a solidariedade, o sentido do bem comum, o respeito da vida humana e o acolhimento do estrangeiro. Neste espírito, a implantação de estruturas de ensino cada vez mais adequadas é necessária para a formação intelectual, humana, espiritual, moral e cívica das pessoas. Mediante as suas obras educativas, a Igreja católica está sempre disposta a pôr as suas instituições e a sua experiência ao serviço deste projecto de promoção integral das pessoas e da construção social, de acordo com o espírito que a caracteriza e com os valores dos quais ela é portadora. Para realizar esta importante tarefa, ela precisa da confiança total das Autoridades civis.

4. Senhor Embaixador, Vossa Excelência, realça o crescente papel desempenhado pela Santa Sé na resolução e na gestão dos conflitos no mundo. A Igreja deseja contribuir para a consolidação da unidade e da fraternidade entre as pessoas e os povos, no respeito das riquezas humanas, espirituais e culturais próprias de cada um. Em colaboração com os outros componentes da nação, ela deseja empenhar-se a fazer tudo o que for possível para que os Nigerinos possam viver em paz, que é fruto da justiça, da igualdade e do respeito dos direitos do homem, entre os quais o direito à liberdade de religião que constitui um dos seus aspectos fundamentais inscritos na Constituição do seu país.

No contexto actual, no qual numerosos conflitos continuam a ensanguentar o Continente africano, as religiões têm o dever de participar no restabelecimento de uma paz justa e duradoura. Como foi realçado por ocasião do encontro de Assis no dia 24 do passado mês de Janeiro, elas estão chamadas a colaborar entre si, tendo a preocupação de eliminar as causas sociais e culturais que levam à violência, ao desprezo do próximo e à desagregação das solidariedades humanas. Ao unirem-se para afirmar a dignidade da pessoa e ao despertar as consciências para o sentido da fraternidade humana, as religiões criam pontes entre os homens e prestam também um precioso serviço ao desenvolvimento dos povos. Faço votos por que as relações de conhecimento e de amizade sincera que existem no Níger entre cristãos e muçulmanos mantenham um espírito de compreensão recíproca, a fim de dissipar o receio e favorecer o encontro sincero entre as pessoas.

5. É neste espírito de diálogo com todas as forças vivas do país, sem distinção, que a Igreja católica no Níger deseja colaborar fraterna e lealmente para a edificação de uma nação na qual todos possam beneficiar dos frutos do crescimento, dedicando uma atenção especial aos mais pobres. Alegro-me porque a comunidade católica, apesar de ser numericamente minoritária, é reconhecida e apreciada pelos responsáveis da vida civil e pelo povo nigerino. Permita-me, Senhor Embaixador, saudar muito calorosamente por seu intermédio os Bispos e os católicos presentes no seu País. Desejosa, a exemplo de Cristo, de se pôr ao serviço de todos nos diversos âmbitos, como a saúde, a educação, a acção social e caritativa, a Igreja católica deseja fervorosamente prestar, com meios que fortaleçam e promovam a solidariedade, um contributo específico e determinante para uma verdadeira cultura da paz (cf. Ecclesia in Africa, 138).

6. Senhor Embaixador, no momento em que começa oficialmente a sua missão junto da Sé Apostólica, apresento-lhe os meus votos cordiais para a nobre tarefa que o espera. Tenha a certeza de que encontrará aqui, junto dos meus colaboradores, o acolhimento atento e compreensivo do qual poderá ter necessidade.

Sobre Vossa Excelência, sobre os responsáveis da Nação e sobre todo o povo nigerino, invoco de coração a abundância das Bênçãos do Todo-Poderoso.

 

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