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RADIOMENSAGEM DO PAPA PAULO VI POR OCASIÃO
DA ILUMINAÇÃO DA CRUZ DA CATEDRAL DE BRASÍLIA

Domingo, 21 de Abril de 1968

 

Diletos filhos,

Em 1960, foi-Nos dado o feliz ensejo de constatar, com Nossos próprios olhos, que a nova capital do Brasil, inaugurada dois meses antes, estava se tornando urna esperançosa realidade.

Hoje, oito anos depois, retornamos em espírito a Brasília para benzer a cruz que encima a estrutura de sua catedral em construção e para iluminá-la por meio de un sinal electromagnético.

Bem sabeis que a catedral representa aquela porção do Povo de Deus que constitui a Igreja local, reunida no Espírito Santo, por meio do Evangelho e da Eucaristia, em volta do próprio Bispo (cfr. Decreto Christus Dominus, 11), como clara imagem da Igreja visível de Cristo, que em tôda a terra reza, canta e adora (cfr. Constituição Apostólica Mirificus eventus, em A.A.S. 57, 1965, p. 949), pois, na Igreja particular, está presente e opera a Igreja universal (cfr. Decreto Chistus Dominus, 11).

Em Brasília, onde tudo fala com a eloquente linguagem do mais moderno urbanismo, a catedral está sendo construída, em área própria, fora da Praça dos Três Poderes. Êste significativo pormenor quer indicar, intuitivamente, que o poder espiritual se distingue do poder temporal e que ambos atuam em esferas diversas. Nada mais justo. Com efeito, como diz o Concílio Vaticano II, « comunidade política e Igreja são independentes e autônomas, no domínio próprio de cada uma » (Constituição Pastoral Gaudium et Spes, 76).

No entanto, como bem podeis notar, a catedral está em perfeita harmonia, na beleza arquitetônica de seu conjunto, na graça imponderável de sua estrutura e na originalidade extraordinária de sua concepção, com a beleza, com a graça e com a originalidade das outras construções destinadas ao exercício dos supremos poderes públicos e às principais manifestações de vida social da cidade.

Ora, esta harmonia exterior, imprescindível para a beleza urbanística da nova capital, é símbolo de una outra harmonia, de uma harmonia interior, igualmente imprescindível para o perfeito funcionamento da vida religiosa e civil que nela se desenrola. Mas, seu segrêdo onde poderá ser encontrado senão no amor, nesse dinamismo poderoso que une entre si os membros todos da família humana e os impele a conspirarem para o bem comum (cfr.. Encíclica Populorum progressio, 75)?

É, pois, no amor fraterno, que só no amor de Deus pode encontrar modêlo e fôrça, que deveis procurar sempre o estímulo para um desenvolvimento harmônico e fecundo.

Como penhor das copiosas graças que imploramos de Deus sôbre a capital do Brasil e seus habitantes, concedemos de todo o coração ao seu Arcebispo metropolitano, ao seu clero, religiosos e povo fiel, bem como a tôdas as autoridades religiosas, civis e militares presentes, Nossa especial Bênção Apostólica.

 

 

                                



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