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 GENOVEVA TORRES
 (1870-1956)

 

Era natural de Almenara (Castellón), onde nasceu em 3 de Janeiro de 1870. Recebeu o Baptismo no dia seguinte. Orfã de pai quando tinha um ano de idade, aos oito perdia a sua mãe. Estas experiências marcariam a sua vida, mas nem por isso deixava de mostrar um carácter alegre, forjado desde muito cedo na virtude da fortaleza. Teve de se ocupar dos cuidados da casa, onde vivia com seu irmão, o que a ajudou a amadurecer a sua personalidade e responsabilidade de adulta prematura.

Não pôde frequentar muito tempo a escola, mas não se descuidou da catequese. Em 1877 recebeu a Confirmação, fez a sua primeira Comunhão sem o trajo habitual, mas não foi isso que a impediu de receber Jesus na simplicidade do seu coração, que lhe valeu um amor profundo à Eucaristia.

Leu livros de carácter espiritual deixados em casa por sua mãe:  num deles aprendeu que devia fazer sempre a vontade de Deus, máxima que permaneceu com ela ao longo da sua vida.
O trabalho, fome e poucos cuidados de saúde acarretaram-lhe um tumor numa perna que, por causa da gangrena, teve de ser amputada, quando ela tinha apenas treze anos. Foi operada em sua casa, com cuidados rudimentares, amputaram-lhe a perna pela coxa, o que lhe trouxe dificuldades para toda a vida. Todos esperavam a sua morte, mas refez-se na saúde e voltou ao trabalho doméstico, acompanhada pelas muletas, companheiras para o resto da vida. Foi internada no Orfanato "Casa de Misericórdia" de Valência, onde mostrou a sua devoção à Eucaristia, Coração de Jesus, Virgem Maria e Santos Apóstolos. Ajudada pelo Capelão, fez grandes progressos na sua vida espiritual, o que a levou a pedir a entrada nas Carmelitas da Caridade, que orientavam a casa. Não foi admitida pela sua deficiência;  e  começou  a  querer  descobrir qual  seria  a  vontade de Deus a seu respeito.

Sentiu a dificuldade em que estavam muitas mulheres:  a solidão. Pensou fundar um Instituto religioso que respondesse a essa necessidade. Começou com  duas  companheiras,  recebendo em casa diversas pessoas necessitadas. Viviam do seu trabalho de bordados e costura. Novas casas foram precisas, porque a necessidade era maior do que parecia. Ao mesmo tempo, promoveu vigílias de adoração eucarística nocturna.

No entanto, a sua vida parecia uma peregrinação no deserto, buscando sempre a vontade de Deus, que aceitava com firmeza. E em 2 de Fevereiro de 1911, fundava a primeira Casa, que seria o berço das Irmãs do Sagrado Coração de Jesus e dos Santos Anjos, com o carisma e a missão de "aliviar a solidão das pessoas que, por diversas circunstâncias, vivem sós e necessitadas de carinho, de consolo, de amor e de cuidados no seu corpo e no seu espírito". Genoveva foi nomeada Directora. Não queria somente "Casas", mas "Lares", para que as pessoas sentissem menos dificuldades e maior afecto pessoal.

A sociedade foi erecta como "Pia União" em 1912, com o primeiro regulamento em 1914. As Casas multiplicaram-se em várias cidades da Espanha e, em 1925, a Pia União foi reconhecida como Instituto religioso de direito diocesano; Madre Genoveva e dezoito religiosas emitiram os votos perante o Bispo diocesano de Saragoça, tendo Genoveva sido eleita Superiora-Geral. Pio XII aprovaria o Instituto como religioso de direito pontifício em 1953.

Sofreram com a perseguição religiosa da república e guerra civil, mas Madre Genoveva a todas incutia paz e esperança. Protegeram muitas pessoas nas suas casas, entre religiosos e seculares. Quando em 1954 deixou o seu cargo de Superiora, soube aceitar o seu ser de simples religiosa, sempre obediente à nova Madre-Geral. Todas as casas começavam pelo Sacrário, porque, dizia:  "estando Jesus em casa, nada temo". Em todas soube inculcar uma característica da sua espiritualidade:  a adoração-reparação da Eucaristia, que havia de se desenvolver em três notas:  espírito de humildade e simplicidade que busca somente a Deus em todas as coisas, espírito de obediência com a entrega do juízo próprio à vontade de Deus nas disposições dos superiores e espírito de caridade, que gera nas Irmãs o ardor apostólico pela glória de Deus e a salvação das almas. Repetia sem cessar nos seus escritos a palavra "amor":  "Que somente o amor me impulsione a trabalhar", ... "Deus merece ser servido com fidelidade e amor"; "o amor nunca diz:  basta".

Faleceu em Saragoça em 5 de Janeiro de 1956, aos oitenta e seis anos de idade. O povo depressa começou a chamá-la o "Anjo da solidão". Hoje, presentes na Espanha, na Itália, no México e Venezuela, as suas Irmãs trabalham na catequese, casas de Exercícios espirituais, evangelização nas paróquias e escolas.

João Paulo II beatificou-a em Roma, no  dia  29  de  Janeiro  de  1995  e Madrid será, agora, o palco da sua Canonização.

 

 



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