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CONGREGAÇÃO PARA OS BISPOS
PONTIFÍCIA COMISSÃO PARA A AMÉRICA LATINA

MENSAGEM DA PRESIDÊNCIA DA C.A.L.
POR OCASIÃO DO DIA DA HISPANO-AMÉRICA,
 CELEBRADO NO DIA 2 DE MARÇO DE 1997

 

1. A Igreja iniciou com alegria a etapa final de peregrinação rumo ao «limiar da esperança», que a introduzirá no terceiro milénio da sua história.

Ela é guiada por João Paulo II que, como Profeta dos tempos novos que se avizinham, levanta a cruz de Cristo Salvador, cujos raios de luz se projectam já sobre o século XXI.

2. Dois mil anos de evangelização.

No Monte das Oliveiras, no dia da Ascensão, antes de subir ao Pai, Jesus pronunciou a Profecia da Evangelização: «Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda a criatura» (Mc. 16, 15).

«Nestas palavras — afirmou o Papa — está contida a proclamação solene da Evangelização» (Discurso inaugural da Conferência de Santo Domingo, 12/10/1992, n. 2).

Os Discípulos do Divino Redentor acolheram esta ordem e, a partir de então, ao longo da história e em todos os meridianos do orbe, a Igreja não fez outra coisa senão executar o mandato do seu Senhor: evangelizar. «Evangelizare Iesum Christum»: «Anunciar Jesus Cristo» (cf. Gál. 1, 16), como se expressa São Paulo com frase lapidária e emblemática.

«A Igreja — como diz Paulo VI — nasce da acção evangelizadora de Jesus e dos Doze» (Evangelii nuntiandi, 15). «Evangelizar constitui a ventura e vocação própria da Igreja, a sua identidade mais profunda. Ela existe para evangelizar» (ibid., n. 14).

3. Há quinhentos anos, intrépidos missionários procedentes da Espanha plantaram a Cruz do Salvador nas terras descobertas por Cristóvão Colombo (1492): a América.

Um continente, no qual, «entre luzes e sombras, há mais luzes do que sombras, se pensamos nos frutos duradouros de fé e de vida cristã» (João Paulo II, Carta Apostólica «Os Caminhos do Evangelho», 29/6/1990, n. 8), a Igreja realizou — como insinua o Papa — uma obra evangelizadora de proporções tão amplas e de eficácia tão evidente que, no começo do terceiro milénio, na América Latina — segundo se pode calcular agora — estará metade dos católicos de todo o mundo, com mais de 1.100 Bispos. Isto indica o protagonismo que a Igreja latino-americana está chamada a ter no futuro e representa, ao mesmo tempo, uma responsabilidade muito singular, com enormes exigências.

4. O maior Evangelizador que os povos ibero-americanos tiveram nos nossos tempos, foi João Paulo II, o qual, com as suas viagens apostólicas, percorreu todos os caminhos do continente, pregando a Mensagem de Jesus a incalculáveis multidões de homens e mulheres.

Por ocasião do V Centenário do início da Evangelização do Novo Mundo, João Paulo II pronunciou aquela a que podemos chamar a Profecia Latino-americana da Nova Evangelização.

A realizar esta profecia estão convocados todos os Evangelizadores: Bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos, religiosas e leigos que actuam naquele Continente.

Mas está convocada também a Espanha que, enviando para lá missionários e missionárias, assim como ajudando através da oração e de recursos materiais, há-de cooperar na Nova Evangelização da Hispano-América, com o mesmo ardor e a mesma generosidade que a Espanha tem na sua obra missionária e que não pode esquecer, sempre com clara consciência dos seus deveres e compromissos para com as Igrejas irmãs do continente, onde se fala e se reza em castelhano.

5. «Jesus Cristo Salvador do mundo, ontem, hoje e sempre» (cf. Heb. 13, 8). Este lema, que o Papa indicou para o primeiro ano do triénio de preparação para o Grande Jubileu do Ano 2000 (cf. Carta Apostólica «Tertio millennio adveniente », 40), faz de 1997 um ano especialmente evangelizador, com uma série de eventos que — no que se refere à América — terá os seus momentos culminantes na anunciada Visita do Papa ao Rio de Janeiro e na Assembleia sinodal. Esta tem como tema: «Encontro com Jesus Cristo vivo, caminho para a conversão, a comunhão e a solidariedade na América».

Como se vê pelo lema do Jubileu, pelo tema do Sínodo e também pelo Plano de Acção Pastoral da Conferência Episcopal Espanhola 1997-2000, que tem como primeiro objectivo «promover um maior conhecimento, amor e seguimento de Jesus Cristo, Senhor da Igreja, da história e da humanidade» (n. 117), estamos fortemente convidados a centrar a nossa atenção em Jesus Cristo Salvador e Evangelizador.

Note-se que, na Carta Apostólica «Tertio millennio adveniente», o Santo Padre fala expressamente de Jesus Cristo «Evangelizador», «com particular referência ao capítulo quarto do Evangelho de Lucas, onde o tema de Cristo enviado a evangelizar se entrelaça com o do Jubileu» (n. 40).

Este aspecto da figura do Salvador do Mundo — ao qual se refere também o documento «Lineamenta» relativo à preparação da Assembleia sinodal — é muito importante para a vida eclesial e pastoral na América Latina, pois «contemplando Jesus Cristo Evangelizador, aprenderemos a ser autênticos evangelizadores » (João Paulo II, Discurso à IV Reunião Plenária da Pontifícia Comissão para a América Latina, 23/6/1995, n. 7), e assim aprenderemos também a suscitar esses evangelizadores segundo o Coração de Cristo, dos quais tanta necessidade tem a Hispano-América.

Nossa Senhora da Evangelização, Maria Santíssima, nos ajude e ilumine na fascinante tarefa da Nova Evangelização.

Vaticano, 6 de Janeiro de 1997, Solenidade da Epifania do Senhor.

 

Cardeal Bernardin GANTIN
Presidente

D. Cipriano CALDERÓN
Vice-Presidente

 

 

 

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