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PONTIFÍCIO CONSELHO PARA O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO MENSAGEM DO CARDEAL FRANCIS ARINZE
1. Chegou novamente para vós o tempo de acender as pequenas lâmpadas, de pendurar as lanternas coloridas nas vossas casas, de oferecer orações a Deus, de visitar os amigos e os vizinhos e de celebrar à volta da mesa familiar a alegria que traz a festa do Diwali. Nesta feliz ocasião, gostaria de estender as minhas mais cordiais saudações a todos os hindus. Possa a alegria exterior, que se manifestará em todo o mundo hindu, ser uma expressão de verdadeiro sentido religioso, o fruto de crenças e convicções religiosas autênticas.
3. Nos nossos dias, a tecnologia realizou grandes progressos. A vida tornou-se, talvez, mais segura, simples e longa. Mas que respostas podemos dar às seguintes interrogações: a tecnologia contribuiu, porventura, para melhorar a qualidade da vida humana? A tecnologia ajudou-nos, acaso, a valorizar a vida humana? Com o progresso da tecnologia, a vida parece ser, paradoxalmente, mais ameaçada do que antes. O Papa João Paulo II observa que "às antigas e dolorosas chagas da miséria, da fome, das epidemias, da violência e das guerras, vêm-se juntar outras com modalidades inéditas e dimensões inquietantes" (Evangelium vitae, 3). Depois, o Papa continua: "Com as perspectivas abertas pelo progresso científico e tecnológico, nascem outras formas de atentados à dignidade do ser humano" (Ibid., n. 4). A ciência genética moderna tornou-se um instrumento nas mãos do homem. Ele pode usá-la ou abusar da mesma. Às vezes tentado a tornar-se um manipulador de vida ou até mesmo um agente de morte, o homem tem necessidade de voltar a descobrir o seu papel fundamental na criação, ou seja, que foi criado por Deus e que Ele é único Criador de tudo o que existe. 4. No passado mês de Janeiro, os representantes de várias religiões reuniram-se em Assis para rezar pela paz no mundo inteiro. No seu testemunho, a participante hindu descreveu esse encontro como um sinal da unidade da família, sob a paternidade de Deus (Vasudhaiva Kutumbakam). Embora os participantes pertencessem a diferentes tradições religiosas, formularam um compromisso conjunto em favor da promoção de cada existência singularmente e da vida na sua integridade. Gostaríamos de focalizar melhor a nossa atenção no segundo compromisso, que declara: "Comprometemo-nos em educar as pessoas a respeitar-se e em amar-se reciprocamente, para favorecer a realização de uma convivência pacífica e solidária entre os indivíduos e os povos...". Através das nossas respectivas comunidades e instituições, poderíamos projectar uma abordagem da educação das pessoas, com vista a promover o respeito pela vida. Aqui, gostaria de recordar de modo particular os jovens, cujos corações são escandalizados e sofrem em virtude dos acontecimentos trágicos que eles viram com os seus próprios olhos. De forma especial, a educação dos jovens para o respeito da vida deve ser uma das nossas prioridades mais urgentes, de tal maneira que as convicções éticas mais fortes e a cultura da vida possam prevalecer entre si. Só na medida em que aquelas considerações éticas e religiosas prevalecerem na sociedade inteira, poderemos esperar que o princípio do respeito da vida será conservado nos comportamentos e nas leis da sociedade. 5. Dilectos amigos hindus, gostaria de concluir, compartilhando convosco a forte impressão que me fez o símbolo das lâmpadas acesas durante o Dia de Oração pela Paz, realizado em Assis no passado mês de Janeiro. Os representantes das diversas religiões conservavam as lâmpadas acesas nas suas mãos e, a seguir ao seu compromisso conjunto, colocaram-nas sobre um candelabro comum, desejando simbolizar a convergência das esperanças e dos esforços de paz. Finalmente, o Papa abençoou-os, dizendo: "Caminhemos para o futuro, conservando alta a lâmpada da paz. O mundo tem necessidade de luz!". Feliz festa do Diwali!
Francis Card. ARINZE
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