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PONTIFÍCIO CONSELHO PARA O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO
E COMITÉ PERMANENTE DE AL-AZHAR
PARA O DIÁLOGO ENTRE AS RELIGIÕES MONOTEÍSTAS

DECLARAÇÃO FINAL DO COMITÉ CONJUNTO
PARA O DIÁLOGO ENTRE CATÓLICOS E MUÇULMANOS

O Comité Conjunto para o Diálogo, criado em 1998, realizou o seu encontro anual em Roma nos dias 24 e 25 de Fevereiro; a reunião foi presidida por Sua Eminência o Cardeal Jean-Louis Tauran, Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, juntamente com o Professor Xeque Ali Abd al-Baqi Shahata, Secretário-Geral da Academia para a Pesquisa Islâmica de al-Azhar,Cairo (Egipto).

A delegação católica era composta por:

  • Arcebispo Pier Luigi Celata, Secretário do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso;

  • Mons. Khaled Akasheh, Chefe do Departamento para o Islão, do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso;

  • Dr. Bernard Sabella, Professor Emérito Associado de Sociologia na Universidade de Belém (Terra Santa).

A delegação de al-Azhar era composta por:

  • Professor Xeque Ala' al-Din Muhammad Isma'il al-Ghabashi, Imame da Grande Mesquita de Roma;

  • Professor Xeque Hamdi Muhammad Dasouqi al-Atrash, Imame da Mesquita de Ostia (Itália).

Os participantes ouviram a exposição do tema A promoção de uma pedagogia e cultura de paz com particular referência ao papel das religiões, sob o ponto de vista dos católicos, pelo Dr. Bernard Sabella e, sob o ponto de vista islâmico, pelo Xeque Ali Shahata.

Os debates realizaram-se num espírito de respeito recíproco, abertura e amizade e foram inspirados pela convicção da importância das boas relações entre cristãos e muçulmanos e a sua contribuição específica para a paz no mundo.

Os participantes concordaram sobre os seguintes pontos:

1. Paz e segurança são muito necessárias no nosso mundo de hoje, marcado por muitos conflitos e por um sentimento de insegurança.

2. Ambos, cristãos e muçulmanos, consideram a paz um dom de Deus e, simultaneamente, o fruto do esforço humano. A paz autêntica e duradoura não pode ser alcançada sem justiça e igualdade entre pessoas e comunidades.

3. Os chefes religiosos, principalmente muçulmanos e cristãos, têm o dever de promover a cultura da paz, cada um na respectiva comunidade, especialmente através do ensinamento e da pregação.
4. Aculturada paz deveria permear todos os aspectos da vida: formação religiosa, educação, relações interpessoais e arte, nas suas diversas formas. Para alcançar este objectivo, os livros escolares deveriam ser revistos de modo a não conter material que possa ofender os sentimentos religiosos de outros crentes, às vezes através da apresentação errónea de dogmas, princípios morais ou história de outras religiões.

5. A mídia tem a responsabilidade e um papel principal na promoção de relações positivas e respeitosas entre fiéis de várias religiões.

6. Reconhecendo o forte vínculo entre paz e direitos humanos, foi dada especial atenção à defesa da dignidade da pessoa humana e dos seus direitos, especialmente no que diz respeito à liberdade de consciência e de religião.

7. Os jovens, o futuro de todas as religiões e da própria humanidade precisam de cuidados especiais a fim de serem protegidos do fanatismo e da violência, para se tornarem construtores da paz para um mundo melhor.

8. Atentos ao sofrimento suportado pelos povos do Médio Oriente, devidos aos conflitos não resolvidos, os participantes, no respeito pela competência dos líderes políticos, pedem para utilizar os recursos da lei internacional, através do diálogo, para resolver os problemas em questão, recorrendo à verdade e à justiça.

Gratos a Deus Todo-Poderoso pelos frutos abundantes deste encontro, os participantes concordaram em realizar o próximo encontro do Comité no Cairo, nos dias 23 e 24 de Fevereiro de 2010.

Xeque Ali Abd al-Baqi Shahata
Chefe da delegação de al-Azhar
Cardeal Jean-Louis Tauran
Chefe da delegação católica

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