CRISTÃOS E HINDUS:
JUNTOS PARA PROMOVER A LIBERDADE RELIGIOSA

Cidade do Vaticano

Prezados amigos hindus

O Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso está feliz por vos transmitir os seus cordiais bons votos pela festa de Deepavali, que este ano celebrais no dia 26 de Outubro. Possa Deus, fonte de toda a luz, iluminar os vossos corações, os vossos lares e as vossas comunidades, para uma vida de paz e de prosperidade.

Nesta circunstância, dando continuidade à nossa tradição de compartilhar algumas reflexões, propomos-vos este ano o tema da liberdade religiosa. Esta temática está no centro do cenário em vários lugares, chamando a nossa atenção para aqueles membros da nossa família humana que se encontram expostos à repreensão, ao preconceito, a uma propaganda de ódio, à discriminação e à perseguição com base na sua pertença religiosa. A liberdade religiosa constitui a resposta àqueles conflitos que, em várias regiões do mundo, têm uma motivação religiosa. No meio da violência desencadeada por tais conflitos, muitos aspiram ardentemente a uma coexistência pacífica e a um desenvolvimento humano integral.

A liberdade religiosa está incluída entre os direitos humanos fundamentais, que se arraigam na dignidade da pessoa humana. Quando ela é ameaçada ou negada, todos os outros direitos humanos estão em perigo. A liberdade religiosa comporta necessariamente a exclusão de toda a coerção da parte de indivíduos, grupos, comunidade ou instituições. Embora o exercício deste direito compreenda a liberdade de cada pessoa, de professar, praticar e difundir a própria religião ou fé, tanto em público como em privado, individual ou comunitariamente, ele implica também uma séria obrigação da parte das autoridades civis, dos indivíduos e dos grupos, de respeitar a liberdade do próximo. Além disso, ele compreende a liberdade de mudar de religião.

Quando é respeitada e promovida, a liberdade religiosa permite aos fiéis colaborar com maior entusiasmo, com os próprios concidadãos, na edificação de uma ordem justa e humana. No entanto, onde e quando ela é negada, suprimida ou violada, «a afirmação de uma paz autêntica e duradoura para toda a família humana» é sufocada e torna-se vã (Papa Bento XVI, Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2011). Existem muitos campos em que é possível oferecer uma contribuição específica para o bem comum, como a defesa da vida e da dignidade da família, a educação sólida da juventude, a honestidade no comportamento de todos os dias, a preservação dos recursos naturais, só para citar alguns deles. Por conseguinte, procuremos unir os nossos esforços em vista de promover a liberdade religiosa, como uma nossa responsabilidade comum, exortando os líderes das nações a jamais descuidarem a dimensão religiosa da pessoa humana.

Precisamente no dia seguinte ao da vossa celebração de Deepavali deste ano, numerosos chefes religiosos de todas as partes do mundo encontram-se com o Papa Bento XVI, numa peregrinação a Assis, com a finalidade de renovar o compromisso assumido há vinte e cinco anos, sob a liderança do beato João Paulo II, para construir canais religiosos de paz e de harmonia. Nós estaremos espiritualmente unidos e eles, persuadidos de que os fiéis constituirão sempre uma bênção para o mundo inteiro.

Formulamos-vos, do íntimo do coração, votos de uma feliz celebração de Deepavali.

Jean-Louis Cardeal Tauran
Presidente

Arcebispo Pier Luigi Celata
Secretário