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PONTIFÍCIO CONSELHO PARA O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

MENSAGEM PARA O MÊS DO RAMADÃO
E ‘Id al-Fitr 1437 H. / 2017 A.D.

 

«Cristãos e muçulmanos: juntos no cuidado da casa comum»

 

Queridos irmãos e irmãs muçulmanos!

Queremos assegurar-vos a nossa solidariedade orante neste tempo de jejum no mês do Ramadão e para a celebração conclusiva do ‘Id al-Fitr, estendendo-vos de coração os nossos melhores votos de serenidade, alegria e abundantes dons espirituais.

A mensagem deste ano é particularmente atual e significativa: há cinquenta anos, em 1967, apenas três anos após a criação do Pontifício Conselho para o diálogo inter-religioso (PCDI) pelo Papa Paulo VI, a 19 de maio de 1964, foi enviada pela primeira vez uma mensagem para esta ocasião.

Nos anos seguintes, duas mensagens foram particularmente importantes: a de 1991, sob o pontificado do Papa João Paulo II, intitulada «O caminho dos crentes é o caminho da paz», e a de 2013, no primeiro ano do pontificado do Papa Francisco, intitulada «A promoção do respeito mútuo, através da educação», ambas assinadas pelos próprios Pontífices.

Entre as muitas atividades do PCDI para promover o diálogo com os muçulmanos, a mais importante e duradoura é a mensagem anual para o Ramadão e ‘Id al-Fitr, dirigida aos muçulmanos de todo o mundo. Para compartilhar esta mensagem o mais amplamente possível, o PCDI é assistido pelas comunidades católicas locais, bem como por representantes papais presentes em quase todos os países do mundo.

A experiência de ambas as nossas comunidades afirma o valor desta mensagem para promover relações cordiais entre vizinhos e amigos cristãos e muçulmanos, oferecendo reflexões sobre os desafios atuais e urgentes.

Este ano, o PCDI inspirou-se na carta encíclica do Papa Francisco Laudato si’ — Sobre o cuidado da casa comum, dirigida não só aos católicos e cristãos, mas à humanidade inteira.

O Papa Francisco chamou a atenção para os danos causados ao meio ambiente, a nós mesmos e aos nossos semelhantes, pelos nossos estilos de vida e pelas nossas decisões. Há, por exemplo, algumas perspetivas filosóficas, fatores religiosos e culturais que ameaçam a relação da humanidade com a natureza. Acolher este desafio envolve todos nós, independentemente de professarmos ou não uma crença religiosa.

O próprio título da encíclica é expressivo: o mundo é uma «casa comum», uma casa para todos os membros da família humana. Portanto, nenhuma pessoa, nação ou povo pode impor de forma exclusiva a sua compreensão do planeta. É por isso que o Papa Francisco nos convida a «renovar o diálogo sobre a forma como estamos a construir o futuro do nosso planeta... porque o desafio ambiental que vivemos, e as suas raízes humanas, nos dizem respeito e afetam a todos nós» (n. 14 ).

O Papa Francisco afirma que «a crise ecológica é um apelo a uma conversão interior profunda» (n. 217). O que é necessário é a educação, uma abertura espiritual e uma «conversão ecológica global» para enfrentar adequadamente este desafio. Como crentes, o nosso relacionamento com Deus deve ser cada vez mais evidente, através da maneira como nos relacionamos com o mundo que nos rodeia. A nossa vocação para ser os guardiões da obra de Deus não é nem opcional nem marginal em relação ao nosso compromisso religioso como cristãos e muçulmanos: é uma parte essencial dela.

Que os pensamentos religiosos e as bênçãos que derivam do jejum, da oração e das boas obras possam sustentar-vos, com a ajuda de Deus, no caminho da paz e da bondade, a cuidar de todos os membros da família humana e de toda a criação!

É com estes sentimentos que vos desejamos, mais uma vez, serenidade, alegria e prosperidade.

Vaticano, 19 de maio de 2017

Jean-Louis Cardinale Tauran
Presidente

+ Miguel Ángel Ayuso Guixot, M.C.C.I.
Secretário