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PALAVRAS DO CARDEAL TARCISIO BERTONE
DURANTE A CERIMÓNIA NA CAPELINHA DAS APARIÇÕES
NA COVA DA IRIA

Fátima, 12 de Outubro de 2007

Com grande emoção, íntima alegria e filial devoção, chego junto da vossa veneranda imagem, ó Virgem Santíssima, aqui reconhecendo e confessando uma singular manifestação da vossa solicitude materna em favor de todos nós, pobres pecadores. Dai-nos a vossa bênção! Abençoai o vosso devoto filho, Bento XVI, para que continue a falar e a mover-se com aquele seu coração de criança que, batendo solidário com o coração do mundo, sente pulsar dentro de si o coração de Deus. Guardai, ó Mãe Imaculada, Portugal que desde os alvores da nacionalidade Vos pertence.

Recompensai o Senhor Dom António Marto, Bispo desta dilecta diocese de Leiria-Fátima, que abraço, e seus incansáveis colaboradores pelo bom acolhimento que oferece a Vós, Senhora, e aos vossos peregrinos, último dos quais este vosso filho que levanta o pensamento para a Santíssima Trindade, e convosco aclama:

V) Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo!
R) Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Assim Lúcia e seus primos deram início à reza do terço, naquele dia 13 de Outubro de 1917, convidando para a recitação do mesmo a multidão imensa que acorrera a este lugar onde, se dizia, Céu e terra se encontravam. De facto, apenas começaram a elevar-se da terra as "Ave-Marias", os pastorinhos vêem o habitual reflexo da luz e em seguida Nossa Senhora sobre a carrasqueira. Esta como todos sabem acabou desfeita em mil pedacinhos, que os peregrinos levaram disseminando-os por toda a parte, como recordação dos apelos de Nossa Senhora que não tardaram a conquistar almas e corações florescendo em filial consagração que se foi alargando em círculos cada vez mais amplos até envolver a humanidade inteira no dia 25 de Março de 1984... e Fátima tornou-se o Altar do mundo.

Noventa anos depois, o Santo Padre Bento XVI mandou-me voltar aqui, à nascente, para depositar no Coração Imaculado de Maria um preito de gratidão, louvor e adoração à Santíssima Trindade pelas torrentes de graça e misericórdia sobre o mundo. Obedeci, e aqui estou em nome do Sumo Pontífice! Mas o encargo não diminuiu o abismo entre a infinita majestade de Deus Uno e Trino e a ínfima pobreza do meu ser, que vezes sem conta se faz rebeldia. Por isso, saí de Roma e vinha repetindo comigo mesmo: "Miserere mei, Deus... Compadecei-Vos de mim, ó Deus" (Sl 50, 3), até que me encontrei no meio desta multidão imensa de peregrinos. A vossa fé e devoção me reanimaram. Acompanhai-me com as vossas preces; juntai as vossas vozes à minha:

V) Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo!
R) Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Uma data jubilar, quando se trata de religião, nunca é simples dado cronológico, mas momento de graça no qual fazemos memória agradecida do passado e nos voltamos, com renovado dinamismo, para o futuro. Um pouco mais, e abrir-se-ão para nós as portas da igreja que dedicaremos à Santíssima Trindade. O mistério da sua majestosa presença envolve e sustenta tudo quanto foi dado ver aos três pastorinhos, constitui o íman que atrai as multidões a Fátima irmanando num só coração e numa só voz milhares e milhares de desconhecidos e estranhos, e enche-os da sua graça fazendo-os voltar reconciliados e reconciliadores para o seio da única e grande família humana.

Com a dedicação do novo templo pela mão do Legado do Papa, o Santuário de Fátima paga o tributo devido à sua Fonte Una e Trina. Tributo de gratidão à Santíssima Trindade, permaneça como um memorial erguido na sua presença atraindo o espírito de família sobre os indivíduos, as nações e a humanidade inteira para que volte a habitar nela a glória da Trindade. Decidiram a morte de Deus, e o homem apagou-se; secaram nele as fontes da vida e não arrisca um futuro... e não o terá, enquanto não voltar a viver em Deus ou, pelo menos, como se Deus existisse. E começaram já a matar os próprios filhos, num horror sem fim. De Fátima, altar do mundo, levante-se este "grito humilde mas insistente a Deus: Despertai! Não Vos esqueçais da vossa criatura, o homem" (Bento XVI, Auschwitz-Birkenau, 28/V/2006), que, nas profundidades mais recônditas do seu ser, está moldado à vossa imagem e orientado para Vós, Trindade Santíssima Pai e Filho e Espírito Santo.

Não por nós... mas "pelos méritos infinitos do Santíssimo Coração [de Jesus] e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores" (Oração do Anjo, no Outono de 1916).

Amém.

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