The Holy See
back up
Search
riga
LECTIO MAGISTRALIS DO CARDEAL TARCISIO BERTONE
NO 70º ANIVERSÁRIO DA NOVA SEDE
DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE LATERANENSE

Quarta-feira, 28 de Novembro de 2007

Numa circunstância como esta, a minha mente torna-se repleta de recordações pessoais. Com efeito, não posso esquecer os longos anos de ensino de Direito público eclesiástico na faculdade de Direito Canónico, de 1978 a 1991. Neste momento passam diante dos meus olhos os rostos de muitos jovens estudantes que, ao longo dos anos, assumiram diversas responsabilidades na vida eclesial e social. Posso afirmar com convicção que a frequência quase quotidiana constituiu para todos nós uma verdadeira escola de vida. A pesquisa, o ensino, o estudo das ciências filosóficas, teológicas e jurídicas ajudaram gerações de jovens que, com a formação recebida, desempenharam o seu ministério nas mais diversificadas regiões da terra, tornando visível a unidade e a catolicidade da Igreja. O facto de me encontrar aqui depois de diversos anos, encontrando-me novamente com alguns colegas de outrora e com vários ex-alunos, permite-me agradecer ao Senhor esta experiência de graça que Ele me fez viver. Ela permanece impressa na minha vida sacerdotal e académica como um momento bonito, jubiloso e gratificante.

Além disso, entre estas paredes encontraram morada ao longo dos séculos ex-alunos e professores que marcaram a história da Igreja. Os nomes do Servo de Deus Pio XII, do Beato Papa João XXIII e de São José Maria Escrivá de Balaguer constituem somente o ponto saliente de uma numerosa plêiade de cardeais, bispos, sacerdotes e leigos que, com a sua vida, deram testemunho da beleza e da profundidade da fé, demonstrando como o exercício genuíno da "caridade intelectual" para usar a expressão do Beato Antonio Rosmini pode realmente ser um caminho para a santidade e um método eficaz para vivificar o Evangelho junto dos nossos contemporâneos. As gerações de estudantes mudam em virtude da evolução da história e da cultura; de qualquer modo, o papel formativo da Universidade Lateranense encontra a sua continuidade no facto de estar arraigado numa tradição viva que assegura consistência especulativa e, sobretudo, capacidade de identificar antecipadamente os novos desafios que se apresentam no tecido da história. De resto, foi isto que Bento XVI afirmou, precisamente desta mesma sala magna no dia 21 de Outubro do ano passado, por ocasião da sua visita inaugural: "Na Universidade formam-se as novas gerações, que esperam uma proposta séria, empenhativa e capaz de responder em novos contextos à perene pergunta acerca do sentido da própria existência. Esta expectativa não deve ser desiludida. O contexto contemporâneo parece dar a primazia a uma inteligência artificial que se torna cada vez mais escrava da técnica experimental e se esquece, desta forma, que qualquer ciência deve sempre salvaguardar o homem e promover a sua propensão para o bem autêntico. Sobreestimar o "fazer" obscurecendo o "ser" não ajuda a restabelecer o equilíbrio fundamental de que cada um tem necessidade para dar à própria existência um fundamento sólido e uma finalidade válida". Por conseguinte, a consciência da formação é sentida com particular urgência nestes anos que assinalam a mudança inevitável das condições culturais, da qual derivam comportamentos que muitas vezes estão em contraste com quanto caracterizou a vida de gerações inteiras nas décadas precedentes.

A memória do passado deve servir de apoio e de estímulo não apenas para viver o presente, mas sobretudo para assegurar aos nossos jovens um futuro repleto de sentido e de responsabilidade. De resto, sem a conservação do passado com as suas tradições, jamais poderá existir um futuro. Como filho de São João Bosco, sinto pessoalmente a exigência da formação para os jovens. Dom Bosco costumava dizer que a formação deve fundamentar-se sobre três alicerces: a razão, a religião e o amor. "A razão e a religião escrevia ele no seu célebre Trattatello sul sistema preventivo são os instrumentos aos quais deve recorrer constantemente o educador, ensiná-los e praticá-los ele mesmo, se quiser ser obedecido e atingir a sua finalidade". Com o sistema de prevenção explica ainda Dom Bosco o educar "faz do aluno um amigo (...) de tal modo que possa falar com a linguagem do coração, tanto na hora da educação como depois dela (...) Além disso, aonde quer que estes alunos vão, serão a consolação da família, cidadãos úteis e bonscristãos".Numaexpressãotão simples assim está contida muita sabedoria e clarividência; ele soube conservar unidos a fé, a razão e o amor, como instrumento concreto da mudança e como base de toda a verdadeira pedagogia.

Pensando nos estudantes que frequentam a Universidade do Papa, praticamente vem à mente a obrigação de fixar de modo mais directo a nossa atenção no ensinamento que ao longo destes anos Bento XVI dedicou de modo particular a vós, jovens. Na sua primeira saudação na XX Jornada Mundial da Juventude, em Colónia, no dia 18 de Agosto de 2005, o Papa exortou-vos a "pôr-vos a caminho". É um ícone importante, porque permite compreender o sentido da vida. Pela sua própria natureza, o homem está a caminho: "homo viator", como o definia o filósofo Gabriel Marcel. O Papa afirma que se trata de um caminho que deve seguir a estrela indicadora da meta a ser alcançada; mais cedo ou mais tarde, este cometa deverá deter-se sobre a gruta de Belém. Ali, descobre-se finalmente a presença de Deus na nossa história e na nossa vida pessoal.

Efectivamente, mistério da encarnação do Filho de Deus é o verdadeiro âmago da nossa fé. Quanta diferença pode notar-se entre aquele que caminha e quem, ao contrário, é um errante. Este último não sabe aonde ir, enquanto que o caminho deve ter sempre uma meta. Infelizmente, conhecemos muitos jovens que hoje são errantes; desperdiçam os anos mais bonitos da sua existência, em busca de ilusões efémeras que jamais poderão dar consistência à formação de uma personalidade madura. Bento XVI, ao contrário, encoraja-os a tornarem-se protagonistas da sua própria vida, mediante gestos de autêntica liberdade. Como deixar de recordar, neste contexto, as palavras pronunciadas pelo Papa no dia 18 de Agosto de 2005, no discurso de boas-vindas no cais do Poller Rheiwiesen: "Abri de par em par o vosso coração a Deus, deixai-vos surpreender por Cristo! Concedei-lhe o "direito de vos falar" (...) Abri as portas da vossa liberdade ao seu amor misericordioso!". É realmente bonito pensar que Jesus Cristo tem o direito inalienável de falar com cada um de vós, de ir ao vosso encontro e de exigir de cada um de vós a livre resposta de fé. Sob determinados aspectos, todos nós somos contemporâneos de Jesus de Nazaré; ele continua a passar pelas nossas veredas, a visitar as nossas cidades e a pedir para entrar nas nossas casas. Tudo depende da nossa disponibilidade a sentir a sua presença e a ouvir a sua voz. Se a confusão e o frenesi predominam sobre nós, torna-se difícil poder sentir a sua proximidade, e o maior risco é o de nos esvaziarmos e de perdermos o conteúdo que dá consistência à nossa vida.

Neste contexto, não podemos esquecer aquilo que Bento XVI disse na esplanada de Marienfeld, em Colónia, recordando-nos o nosso profundo compromisso na fé para fazer ruir aquele sentido de frustração que muitas vezes envolve a vida como um espiral, levando-o à margem do precipício. Este compromisso exige a alegria da descoberta do rosto de Cristo. Assim se expressava o Papa, na homilia pronunciada em Marienfeld, no dia 21 de Agosto de 2005: "Não raramente, a religião torna-se quase um produto de consumo. Escolhe-se aquilo de que se gosta, e alguns sabem até tirar dela um proveito. Mas a religião procurada a seu "bel-prazer" no fim não nos ajuda. É cómoda, mas no momento da crise abandona-nos a nós próprios. Ajudai, queridos amigos, os homens a descobrir a verdadeira estrela que nos indica o caminho: Jesus Cristo! Procuremos nós próprios conhecê-lo sempre melhor para poder de maneira convincente guiar também os outros para Ele". Na "sua" Universidade, estas palavras não podem deixar de adquirir um significado inteiramente particular. Conhecer Cristo "de maneira convincente" exige o empenhamento do estudo e, ao mesmo tempo, a paixão pelos seus conteúdos. Vós sois os primeiros a ter a responsabilidade de conhecer a pessoa de Jesus Cristo para poder tornar-vos, junto dos vossos coetâneos, testemunhas convincentes de que encontrastes o sentido da vida. Poderia parecer desviante a exigência de encontrar Cristo mediante o estudo, e não tanto com a experiência e a oração. No entanto, nenhum de nós pode esquecer que a fé tem uma sua lógica e esta impõe as suas regras. Assim como é decisivo o testemunho coerente e necessária a oração, também é determinante o conhecimento. Se não se conhece a pessoa de Jesus Cristo, torna-se difícil poder amá-lo; se o seu ensinamento não permanece vivo, como se pode pensar em viver como seus discípulos? O período da universidade, enquanto nos ajuda a entrar nos meandros das diversas ciências, torna-nos contemporaneamente capazes de um aprofundamento consciente daquilo em que cremos.

Isto permite-nos viver no mundo como pessoas livres. No entanto, para exercer a liberdade é necessário manifestar o enlevo e a admiração de quem descobre horizontes sempre novos para perscrutar, porque permanece fascinado pelo mistério. Sem meios-termos, Bento XVI convida-vos a seguir aquele caminho, formulando aquelas interrogações que vos permitem realizar gestos de verdadeira liberdade, mesmo à custa de sacrifícios e de renúncias. "Onde encontro dizia o Papa no discurso pronunciado a 18 de Agosto de 2005 os critérios para a minha vida, os critérios para colaborar de modo responsável na edificação do presente e do futuro do nosso mundo? Em quem posso confiar de quem posso confiar? Onde está Aquele que me pode oferecer a resposta satisfatória para as expectativas do coração?". Estas perguntas, que não são de modo algum óbvias ou rectóricas, fazem compreender que o caminho dura a vida inteira. Todavia, ele deve ser orientado rumo Àquele que possui verdadeiramente a resposta coerente e pode levar-nos para além das contradições contidas em cada um de nós. De qualquer modo, o Papa acrescenta mais uma peça ao mosaico que está a compor a respeito da proposta à juventude. Na sua homilia para o Ágora dos Jovens em Loreto, no dia 2 do passado mês de Setembro, ele pronunciava uma palavra fora de moda, e todavia mais contemporânea e provocatória do que nunca: a humildade. Para ser verdadeiramente livre, é necessário saber encarnar a humildade. Assim dizia o Papa: "Não sigais o caminho do orgulho, mas sim o itinerário da humildade. Ide contra a corrente: não escuteis as vozes interessadas e sedutoras que hoje, de muitas partes, difundem modelos de vida caracterizados pela arrogância e pela violência, pela prepotência e pelo sucesso custe o que custar, pelo aparecer e pelo ter, em detrimento do ser (...) Sede vigilantes! Sede críticos! Não sigais a onda produzida por esta poderosa acção de persuasão. Prezados amigos, não tenhais medo de preferir os caminhos "alternativos", indicados pelo amor autêntico; um estilo de vida sóbrio e solidário; relacionamentos afectivos sinceros e puros; um compromisso honesto no estudo e no trabalho; e o profundo interesse pelo bem comum. Não tenhais medo de ser diferentes e criticados por aquilo que pode parecer uma derrota ou estar fora de moda (...) o caminho da humildade não é portanto a vereda da renúncia, mas sim da coragem. Não é o êxito de uma derrota, mas o resultado de uma vitória do amor sobre o egoísmo". Temos que reconhecer. São palavras verdadeiramente fortes, repletas de um conteúdo que hoje, dificilmente, é reconhecido como válido; e todavia, todos sentem que se trata de palavras que penetram na intimidade, que despertam e das quais se compreende a verdade, porque são pronunciadas por uma testemunha que as vive pessoalmente.

Sobretudo jovens universitários como vós deveriam ouvir o convite a ser vigilantes e críticos. A "vigilância" permite-vos permanecer sempre atentos ao desenrolar dos acontecimentos; a "crítica", por sua vez, obriga-vos à reflexão e ao raciocínio. Para retomar uma imagem querida ao Papa João Paulo II, vós sois chamados a viver como "sentinelas da manhã"; por conseguinte, prontos a considerar todos os movimentos e ágeis para saber verificar a sua orientação. A "vigilância" da sentinela não se deixa seduzir pela voz das sereias, mas sabe prosseguir com força de vontade. Como bem sabemos, a "crítica" é o fruto de uma razão que pensa e que levanta interrogações para alcançar a verdade. Ninguém se deixe seduzir por teorias frágeis que desejam impor a desconfiança em relação ao alcance da verdade e através de um relativismo subtil mas prepotente, induzem a pensar que a verdade não existe. A verdade, pelo contrário, não só existe, mas nós temos necessidade dela. Sem dúvida, em primeiro lugar não se fala de uma verdade abstracta, mas daquela verdade que sensibiliza a própria existência e que é sentida como determinante para poder viver de maneira coerente e digna. Não é porventura a universidade o lugar privilegiado para crescer no conhecimento e para traçar os caminhos que levam progressivamente a compreender a beleza da verdade? Nas diversas faculdades e nas várias disciplinas que estudais, tereis sempre a possibilidade de crescer na vigilância e na consciência crítica. Estimulai os vossos professores com perguntas que eles mesmos vos suscitam e não tenhais medo de empenhar o vosso tempo no estudo e na pesquisa. Para vós, este é o tempo da sementeira. Sem dúvida, exige grandes esforços de vós, porque os frutos não são imediatos. Tendes que crescer com a certeza de que tudo quanto adquiris entre estas paredes vos será útil no próximo futuro, quando vos inserirdes no ministério sacerdotal ou na vida profissional. Portanto, a exortação do Papa Bento XVI à humildade encontra a sua força expressiva precisamente neste contexto. De resto, é típico da pessoa madura reconhecer que existem momentos em que se deve permanecer em silêncio para aprender, e outros momentos em que é necessário tornar-se mestre mediante o próprio testemunho. A humildade, que as décadas passadas quiseram deixar à margem, como se se tratasse de algo irracional, é ao contrário a condição favorável para expressar a verdadeira liberdade. Ela permite compreender o sentido real das realidades, uma vez que as coloca no seu justo espaço; uma pessoa humilde nunca poderia tornar algo absoluto, porque experimenta o limite e a contradição. Pelo contrário, tudo o que a humildade transmite é o justo sentido das coisas, e é por isso que se alimenta de sabedoria e leva à plenitude da verdade.

É neste sentido que todos nós mas sobretudo vós, jovens somos chamados, a fazer nosso o reiterado convite do Papa a conservar o olhar fixo na verdade. A descoberta científica, cuja presença sentimos em grande medida, e a tecnologia que investe com não pouca prepotência os diversos campos da vida pessoal e social, não podem pretender dizer a última palavra a respeito da felicidade do homem. Existe algo que vai mais além e que permite atingir espaços importantes para alcançar o sentido da vida. As várias hipóteses científicas podem fascinar e certamente podem criar progresso se permanecerem vinculadas aos princípios éticos; no entanto, cada um de nós descobre que isto não é suficiente. Na vida, para poder ser feliz, é necessário alcançar a verdade que nós sentimos como a mais importante, e trata-se da verdade do amor.

Na sua primeira Carta Encíclica, Bento XVI reservou amplo espaço a este tema. A distinção importante que estabeleceu entre o eros e o ágape demonstra com toda a sua argumentação que o verdadeiro amor exige uma mudança de perspectiva e de mentalidade. Efectivamente, é necessário que superemos a fase do egoísmo para nos tornarmos capazes de doar-nos a nós mesmos para sempre, sem nada pedir em contrapartida. A importância deste ensinamento torna-se tanto mais evidente, quanto mais sobressaem diversas formas que contradizem a sua realidade. Ressoam vigorosamente as palavras da Carta Encíclica, quando ele não teme discorrer sobre o obscurecimento de uma cultura que não se encontra mais em sintonia com a visão genuína do amor: "O modo de exaltar o corpo, a que assistimos hoje, é enganador. O eros degradado a puro "sexo" torna-se mercadoria, torna-se simplesmente uma "coisa" que se pode comprar e vender; antes, o próprio homem torna-se mercadoria (...) A aparente exaltação do corpo pode converter-se depressa em ódio à corporeidade" (Deus caritas est, 5). Se o homem vive nesta dimensão, mais cedo ou mais tarde chega a desilusão, e a amargura e o ódio tomam o lugar do respeito e do amor. Pelo contrário, uma cultura que tenciona crescer na esfera da relacionalidade correcta entre as pessoas tem necessidade de encontrar de novo um sentido mais profundo do amor, imprimindo estilos de vida que permitam o seu verdadeiro reconhecimento. É precisamente assim que afirma Bento XVI na Deus caritas est: "O amor não é apenas um sentimento. Os sentimentos vão e vêm. O sentimento pode ser uma maravilhosa centelha inicial, mas não é a totalidade do amor (...) É próprio da maturidade do amor abranger todas as potencialidades do homem e incluir, por assim dizer, o homem na sua totalidade. O encontro com as manifestações visíveis do amor de Deus pode suscitar em nós o sentimento da alegria, que nasce da experiência de ser amados. Tal encontro, porém, chama em causa também a nossa vontade e o nosso intelecto. O reconhecimento do Deus vivo é um caminho para o amor, e o sim da nossa vontade à dele une intelecto, vontade e sentimento no acto globalizante do amor. Mas isto é um processo que permanece continuamente a caminho: o amor nunca está "concluído" e completado; transforma-se ao longo da vida, amadurece e, por isso mesmo, permanece fiel a si próprio" (n. 17). Como podemos observar, volta-se assim ao tema do "caminho" com o qual começamos e que manifesta a importância do crescimento constante para o qual estamos orientados e que dura a vida inteira.

Há um último aspecto que julgo importante nas catequeses que o Sumo Pontífice dirigiu aos jovens em diversas circunstâncias. E diz respeito à contribuição que sois chamados a oferecer para a construção da sociedade. O Papa disse-o de maneira explícita durante a homilia pronunciada na Esplanada de Montorso, no dia 2 do passado mês de Setembro: "Caros jovens, seguir Cristo comporta além disso o esforço constante em vista de dar a própria contribuição para a edificação de uma sociedade mais justa a solidária, onde todos possam gozar dos bens da terra. Bem sei que muitos de vós já se dedicam com generosidade ao testemunho da própria fé nos vários âmbitos sociais, actuando no sector do voluntariado, trabalhando para a promoção do bem comum, da paz e da justiça em todas as comunidades".

No particular contexto em que nos encontramos agora, estas palavras possuem um valor programático. Outrora dizia-se, justamente: "Non scholae sed vitae discimus". Aquilo que aprendeis aqui serve para a vida. Muitos de vós abraçarão o ministério sacerdotal e a tarefa de construir a sociedade consistirá, de maneira particular, em transmitir o sentido de Deus ao homem de hoje e em permitir o encontro real com Ele. No seu livro Jesus de Nazaré, Bento XVI deu o impulso para comunicar com uma linguagem nova e cientificamente alicerçada os traços fundamentais da história de Jesus Cristo, demonstrando assim que a própria história adquire um significado diferente no momento em que acolhe e recebe em si a pessoa do Filho de Deus. De qualquer maneira, o Papa oferece-vos o exemplo do modo como é importante alcançar quem quer que seja, sem qualquer exclusão. A Igreja vive desta missão universal, e quantos são chamados a servi-la no sacerdócio e na vida consagrada devem preparar-se para se encontrar com todos, tornando-se para cada um o instrumento eficaz da graça. Muitos outros estudantes estarão comprometidos na vida profissional como leigos que devem corresponder à sua própria vocação laical. Vós sabeis que o mundo, em todas as suas articulações, tem necessidade do vosso testemunho e da vossa obra específica, que somente vós podeis oferecer. Estou persuadido de que estudar aqui, na Universidade do Papa, vos permitirá contribuir não pouco com a vossa competência e profissionalidade para a evangelização do mundo. Como escrevia o antigo autor da Carta a Diogneto: "O Senhor colocou os cristãos no mundo, e não lhes é lícito abandoná-lo". Por conseguinte, é necessário um "sim" decidido da vossa parte para enfrentar com entusiasmo e coragem o futuro e os desafios que ele reservar.

Caríssimos jovens, não decepcioneis o Papa! Posso assegurar-vos que ele confia muito em vós e espera de vós uma renovada presença no mundo, principalmente no meio dos vossos coetâneos que têm necessidade de sentir de forma pessoal a alegria e a beleza de acreditar em Jesus Cristo, o Filho de Deus que se fez homem para a nossa salvação.

top