The Holy See
back up
Search
riga

 DECLARAÇÃO DA SANTA SÉ
SOBRE A CONVENÇÃO REFERENTE À TUTELA
DOS DIREITOS E DA DIGNIDADE
DAS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIAS

DISCURSO DE SUA EX.CIA D. CELESTINO MIGLIORE

Nova York, 13 de Dezembro de 2006

 

Senhora Presidente

Por ocasião da adopção da Convenção sobre os direitos das pessoas portadoras de deficiência, a minha Delegação gostaria de manifestar o seu apreço ao Senhor Embaixador McKay, pela sua dedicada liderança durante estas prolongadas negociações.

Para a Santa Sé, salvaguardar os direitos, a dignidade e o valor das pessoas portadoras de deficiência permanece uma das principais solicitudes. A Santa Sé tem exortado insistentemente, para que os indivíduos portadores de deficiência sejam inteira e compassivamente inseridos na sociedade, convencida de que eles possuem direitos humanos completos e inalienáveis. Por conseguinte, desde o princípio mesmo a minha Delegação foi um parceiro construtivo e activo nas mencionadas negociações.

Muito embora haja diversos artigos úteis nesta Convenção, inclusive os que se referem à educação e ao importantíssimo papel do lar e da família, o coração palpitante deste documento encontra-se, sem dúvida, na sua confirmação do direito à vida. Já há demasiado tempo, e por parte de um número muito elevado de pessoas, a vida dos indivíduos portadores de deficiência tem sido subestimada ou considerada com escassa dignidade e valor. A minha Delegação trabalhou assiduamente em vista de fazer com que o texto se tornasse uma base a partir da qual inverter tais juízos e assegurar a plena fruição de todos os direitos humanos por parte das pessoas deficientes. É por este motivo que, agora, gostaria de manifestar abertamente a posição da Santa Sé a respeito de determinadas cláusulas contidas na Convenção.

A propósito do artigo 18, relativo à liberdade de movimento e à nacionalidade, e do artigo 23, sobre o respeito pelo lar e pela família, a Santa Sé interpreta-os de maneira a salvaguardar os direitos primários e inalienáveis dos pais.

Além disso, a minha Delegação interpreta todos os termos e frases relativos aos serviços de planejamento familiar, à regulação da fertilidade e ao matrimónio, contidos no artigo 23, assim como o vocábulo "género", da mesma forma como já os interpretou nas suas reservas e afirmações de interpretação no contexto das Conferências Internacionais realizadas no Cairo e em Pequim.

Finalmente o que é mais importante no que se refere ao artigo 25, a propósito da saúde e, de maneira específica, no que diz respeito à saúde sexual e reprodutiva, a Santa Sé compreende o acesso à saúde reprodutiva como um conceito holista, que não considera o aborto nem o acesso ao aborto uma dimensão de tais termos. Além disso, estamos de acordo com o amplo consenso que foi manifestado nesta assembleia e nos chamados trabalhos preparatórios, de que este artigo não cria novos direitos internacionais e somente deseja assegurar que as deficiências das pessoas não sejam utilizadas como pretextos para a negação da assistência à saúde.

Todavia, mesmo com esta compreensão, opusemo-nos à inclusão de tal frase neste artigo, porque em alguns países os serviços à saúde reprodutiva incluem o aborto, negando desta maneira o direito inerente à vida de cada ser humano, confirmado também pelo artigo 10 da citada Convenção. É indubitavelmente trágico o facto de que, quando o defeito fetal constitui uma condição prévia para a oferta ou o recurso ao aborto, esta mesma Convenção criada para salvaguardar as pessoas portadoras de deficiência contra todas as discriminações, no exercício dos direitos que lhes são próprios possa ser utilizada para a negação do direito mais fundamental à vida dos nascituros deficientes.

Por este motivo, e não obstante os muitos artigos úteis que esta Convenção contém, a Santa Sé não a pode assinar.

Para concluir, a minha Delegação julga que a potencialidade positiva da referida Convenção somente se realizará, quando as precauções legais nacionais e a implementação de todas as partes interessadas respeitarem completamente o artigo 10, sobre o direito à vida das pessoas portadoras de deficiência.

Solicito que esta declaração seja incluída no relatório do presente encontro.

Obrigado, Senhora Presidente!

___________________________________________________________________________

 

Arzobispo Migliore
Tema 67 del programa:
Promoción y protección de los derechos humanos
b) Cuestiones relativas a los derechos humanos, incluidos distintos criterios para mejorar el goce efectivo de los derechos humanos y las libertades fundamentales Informe final del Comité Especial encargado de preparar una convención internacional amplia e integral para proteger y promover los derechos y la dignidad de las personas con discapacidad
*


 

En ocasión de la aprobación de la Convención sobre los derechos de las personas con discapacidad, mi delegación quiere manifestar su agradecimiento a los Embajadores Gallego y MacKay por su dedicado liderazgo durante estas largas negociaciones. Proteger los derechos, la dignidad y el valor de las personas con discapacidad sigue siendo una profunda preocupación para la Santa Sede. La Santa Sede, convencida de que las personas con discapacidad tienen derechos humanos plenos e inalienables, siempre ha pedido que sean integradas de manera plena y caritativa en la sociedad. Por ese motivo, desde un comienzo, mi delegación ha sido un asociado constructivo y activo en estas negociaciones.

Si bien hay muchos artículos prácticos en la Convención, entre otros los que abordan la educación y el muy importante papel que desempeñan el hogar y la familia, ciertamente el elemento fundamental de este documento es su reafirmación del derecho a la vida. Durante demasiado tiempo, las vidas de demasiadas personas con discapacidad han sido desvalorizadas o consideradas de menor dignidad y mérito. Mi delegación trabajó asiduamente para que el texto ofrezca una base que permita revertir esa suposición y asegurar que las personas con discapacidad puedan disfrutar plenamente de todos los derechos humanos.

Por ese motivo quiere hacer que conste en actas la posición de la Santa Sede respecto de ciertas disposiciones de la Convención.

Con respecto al artículo 18, relativo a la libertad de movimiento y de nacionalidad, y al artículo 23, sobre el respeto al hogar y a la familia, la Santa Sede los interpreta de manera que se salvaguardan los derechos fundamentales e inalienables de los progenitores.

Además, mi delegación interpreta todos los términos y frases relativas a los servicios de planificación familiar, regulación de la fertilidad y matrimonio que figuran en el artículo 23, así como la palabra “género”, como lo hizo en las reservas y declaraciones sobre interpretación a las conferencias internacionales de El Cairo y de Beijing.

Por último, y lo que es aún más importante, respecto al artículo 25 sobre salud, y especialmente la referencia a la salud sexual y reproductiva, la Santa Sede entiende el acceso a la salud reproductiva como un concepto holístico que no considera el aborto o el acceso al aborto como una dimensión de esos términos. Además, convenimos en el consenso amplio que fue expresado durante las negociaciones y en el contexto de la labor preparatoria en cuanto a que este artículo no crea ningún nuevo derecho internacional y que su intención es simplemente asegurar que la discapacidad de una persona no sea usada como base para negarle un servicio de salud.

Sin embargo, aún en ese entendimiento, nos opusimos a la inclusión de esa frase en este artículo, porque en algunos países los servicios de salud reproductiva incluyen el aborto, negando así el derecho a la vida inherente a todo ser humano, como se afirma en el artículo 10 de la Convención. Resulta verdaderamente trágico que, al considerar el feto defectuoso un requisito para ofrecer o utilizar el aborto, la misma Convención creada para proteger a las personas con discapacidad de toda discriminación en el ejercicio de sus derechos, pueda ser usada para negar el derecho fundamental a la vida a las personas con discapacidad que todavía no han nacido.

Por esa razón, y a pesar de los numerosos artículos útiles que contiene esta Convención, la Santa Sede no puede firmarla.

Para concluir, mi delegación considera que el potencial positivo de esta Convención solo se alcanzará cuando las disposiciones jurídicas nacionales y la aplicación por todas las partes respeten plenamente el artículo 10 sobre el derecho a la vida de las personas con discapacidad.

Pido que esta declaración sea incluida en las actas de esta reunión.


*A/61/PV.76 p.24, 25.

top