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INTERVENÇÃO DA SANTA SÉ
NA REUNIÃO DO CONSELHO DE MINISTROS
DA OSCE EM BUCARESTE

 


Senhora Presidente

É de boa vontade que me associo aos oradores que me precederam para exprimir a gratidão da Delegação da Santa Sé pelo trabalho realizado neste ano pela Presidência da Roménia.
Comprender-se-á que mencione, entre outras, as iniciativas levadas a bom termo pela presidência em matéria de liberdade de religião.

Com efeito, é de primordial importância, nestes tempos em que a religião é demasiadamente utilizada para fins políticos ou, pior ainda, para matar em nome de Deus, proclamar claramente que as convicções religiosas, livremente escolhidas e traduzidas na vida pessoal e colectiva, são uma riqueza e uma felicidade para cada um em particular e para toda a sociedade. Isto permite medir a importância e o poder simbólico do jejum proposto por João Paulo II em 14 de Dezembro, assim como o convite dirigido aos Representantes das religiões do mundo, para se encontrarem em Assis, no próximo dia 24 de Janeiro.

Mais do que nunca, depois de 11 de Setembro último, a comunidade internacional tem necessidade de reflectir sobre o modo de promover efizcazmente uma cultura da paz. A violência, os conflitos por resolver, o medo do outro, a reivindicação de uma identidade construída muitas vezes sobre a oposição ao outro, a recusa do diálogo fazem com que, hoje, as reivindicações das minorias étnicas, a sorte dos refugiados, o papel da lei e dos valores da democracia sejam ainda, para certos países, espaços abertos.

Impõe-se, pois, uma cooperação impecável para eliminar os factores sociais e económicos que geram a frustração das pessoas, ameaçam a segurança internacional e entravam o bom funcionamento das instituições internacionais. Não faltam os instrumentos jurídicos para actuar com sucesso; o que falta, muitas vezes, é a vontade política de os pôr em acção.

Neste contexto, a minha Delegação considera positivo o compromisso da OSCE em reforçar igualmente a dimensão económica e ecológica da Organização.

Senhora Presidente, quereria, uma vez mais, sublinhar quanto a Santa Sé aprecia o património dos documentos e das instituições da OSCE. Se pensarmos na reforma das estruturas e de funcionamento - o que foi um pouco da razão de ser do trabalho deste ano - é preciso, igualmente, sublinhar que estas reformas, necessárias sem dúvida, não devem enfraquecer a capacidade da Organização de levar a bom termo o seu próprio mandato. Certamente, é necessária uma gestão eficaz para o bom funcionamento da OSCE, mas, ao mesmo tempo, convém evitar uma burocratização que enfraqueceria a flexibilidade do modo dos encontros e acções da Organização.

Ninguém se admirará que a minha Delegação apoie as diversas iniciativas tomadas para dar novo vigor à dimensão humana da Organização, em particular as que dizem respeito às crianças e às mulheres.

Nas situações de conflito, são estas as categorias de pessoas que suportam em primeiro lugar as consequências mais dramáticas da violência armada. A nossa Organização deve, sem dúvida, protegê-las mais eficazmente e associá-las mais estreitamente à construção quotidiana da reconciliação e da paz.

Senhora Presidente, agradecendo às autoridades romenas a hospitalidade que nos oferecem para este encontro, asseguro doravante e desde já a Portugal, que assume a Presidência, a colaboração da Santa Sé nos próximos meses e desejo a todos os povos aqui representados um futuro de paz e de prosperidade.

 

 

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