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INTERVENÇÃO DO OBSERVADOR
 PERMANENTE DA SANTA SÉ NA
58
a SESSÃO DA COMISSÃO DA ONU
PARA OS DIREITOS DO HOMEM

Genebra, 5 de Abril de 2002

 


Senhor Presidente

Em numerosas ocasiões durante este dias, o Papa João Paulo II dirigiu apelos para que se ponha termo à situação de violência nessa terra que foi a do nascimento de Jesus Cristo e que é sagrada tanto para os cristãos como para os judeus e os muçulmanos.

No Domingo de Páscoa, ao falar sobre o facto de que a Terra Santa voltou a mergulhar em dias tão santos! no terror e no desespero, o Papa João Paulo II exclamou: "Parece que foi declarada guerra à paz! Mas a guerra nada resolve, e só acarreta maior sofrimento e morte" (Mensagem "Urbi et Orbi", em: ed. port. de L'Osservatore Romano de 6 de Abril de 2002, pág. 7, n. 4).

É legítimo que a comissão da Organização das Nações Unidas sobre os direitos do homem, no contexto do seu mandato e da sua competência, tenha a oportunidade de falar sobre a situação dos direitos humanos nessa região. A comunidade das nações, aqui representada, tem o direito de exigir um respeito escrupuloso dos direitos do homem e da lei humanitária em qualquer situação de conflito.

Ao mesmo tempo, porém, a Santa Sé realça a necessidade de dar especial prioridade ao retorno à mesa das negociações, para encontrar rapidamente uma solução política duradoura. Trata-se de uma responsabilidade que cabe a cada um de nós. É algo que não pode ser adiado. O Papa recordou que, diante do que está a acontecer no Médio Oriente, "ninguém pode permanecer silencioso e inerte; nenhum responsável político ou religioso!" (Ibidem).

Todos nós sabemos que o único futuro para os povos do Médio Oriente consiste no facto de encontrarem o modo de viver lado a lado no respeito mútuo. Todos nós sabemos que um dia esperemos que não seja demasiado tarde as partes interessadas vão sentar-se em conjunto à mesa das negociações para fazer com que isto se torne possível. Por que devemos esperar, enquanto outras pessoas perdem a vida? Por que razão devemos permitir que a esperança no futuro seja desiludida hoje, mediante actos de terror e de represália, que só podem aumentar o sentido da frustração e do ódio?

É por este motivo que a Santa Sé condena o terrorismo de maneira inequívoca, independentemente da sua proveniência.

Esta é a razão pela qual a Santa Sé desaprova as condições de injustiça e de humilhação, impostas sobre o povo palestiniano, assim como as represálias e as retaliações.

Eis o motivo pelo qual a Santa Sé faz apelo à proporcionalidade no uso dos meios legítimos de defesa.

Esta é a razão pela qual a Santa Sé exorta ao respeito da resolução da Organização das Nações Unidas por parte de todos.

Durante estes dias, através dos seus canais diplomáticos, a Santa Sé entrou em contacto com as várias partes envolvidas no conflito, exortando à paz e ao retorno à mesa das negociações. Ela lembrou também a todas as partes o dever especial de respeitar e salvaguardar os Lugares Sagrados, que são de grande significado para as três religiões monoteístas e constituem uma parte da herança de toda a humanidade. A situação em Belém exige uma solicitude particular.

Senhor Presidente

Esta é uma reunião especial, realizada durante a 58ª sessão da Comissão da Organização das Nações Unidas para os direitos do homem, e não deveria constituir um momento para criar novas tensões ou um sentido de recriminação. Os direitos humanos dizem respeito à dignidade do homem. E nós estamos preocupados com os direitos que cada pessoa humana tem de viver em dignidade, com a sua família e a sua comunidade, no respeito pela segurança dos outros. Na mencionada Mensagem, o Papa João Paulo II observou: "Acompanhem as denúncias actos concretos de solidariedade que ajudem todos a encontrar o mútuo respeito e a negociação leal" (Ibidem).

 

 

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