EVANGELII GAUDIUM - page 204

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gas do Senhor. Mas Jesus quer que toquemos a
miséria humana, que toquemos a carne sofredora
dos outros. Espera que renunciemos a procurar
aqueles abrigos pessoais ou comunitários que
permitem manter-nos à distância do nó do dra-
ma humano, a fim de aceitarmos verdadeiramen-
te entrar em contacto com a vida concreta dos
outros e conhecermos a força da ternura. Quan-
do o fazemos, a vida complica-se sempre mara-
vilhosamente e vivemos a intensa experiência de
ser povo, a experiência de pertencer a um povo.
271. É verdade que, na nossa relação com o
mundo, somos convidados a dar razão da nossa
esperança, mas não como inimigos que apontam
o dedo e condenam. A advertência é muito clara:
fazei-o «com mansidão e respeito» (
1 Pd
3, 16) e
«tanto quanto for possível e de vós dependa, vivei
em paz com todos os homens» (
Rm
12, 18). E so-
mos incentivados também a vencer «o mal com o
bem» (
Rm
12, 21), sem nos cansarmos de «fazer
o bem» (
Gal
6, 9) e sem pretendermos aparecer
como superiores, antes «considerai os outros su-
periores a vós próprios» (
Fl
2, 3). Na realidade,
os Apóstolos do Senhor «tinham a simpatia de
todo o povo» (
Act
2, 47; cf. 4, 21.33; 5, 13). Está
claro que Jesus não nos quer como príncipes que
olham desdenhosamente, mas como homens e
mulheres do povo. Esta não é a opinião de um
Papa, nem uma opção pastoral entre várias pos-
síveis; são indicações da Palavra de Deus tão cla-
ras, directas e contundentes, que não precisam de
interpretações que as despojariam da sua força
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