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VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA JOÃO PAULO II A TORONTO,
À CIDADE DA GUATEMALA E À CIDADE DO MÉXICO
(23 DE JULHO-2 AGOSTO DE 2002)

XVII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

VIGÍLIA DE ORAÇÃO

DISCURSO DO SANTO PADRE

Parque "Downsview", Toronto
Sábado, 27 de Julho de 2002

 

Queridos Jovens

1. Quando, em 1985, quis dar início às Jornadas Mundiais da Juventude, pensei nas palavras do Apóstolo João, que ouvimos nesta noite: "O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplámos e as nossas mãos apalparam acerca do Verbo da vida... isso vos anunciamos" (1 Jo 1, 1.3). E imaginei as Jornadas Mundiais da Juventude como um momento forte em que os jovens do mundo pudessem aprender dele a ser os evangelizadores dos outros jovens.

Nesta noite, juntamente convosco, louvo a Deus e dou-lhe graças pelas dádivas derramadas sobre a Igreja através das Jornadas Mundiais da Juventude. Milhões de jovens participaram nas mesmas tornando-se, por conseguinte, testemunhas cristãs melhor e mais comprometidas. Estou-vos particularmente grato a vós, que respondestes ao meu convite para vir aqui a Toronto, em ordem a "proclamar a todo o mundo a vossa alegria por terdes encontrado Cristo Jesus, o vosso desejo de conhecê-lo cada vez melhor, o vosso compromisso de anunciar o Evangelho de salvação até ao últimos confins da terra!" (Mensagem para a XVII Jornada Mundial da Juventude, 25 de Julho de 2001, n. 5).

2. O novo milénio começou com dois cenários contrastantes:  um, a visão de multidões de peregrinos que foram a Roma durante o Grande Jubileu para passar pela Porta Santa, que é Cristo, nosso Salvador e Redentor do homem; e o outro, o terrível ataque terrorista em Nova Iorque, imagem esta que constitui uma espécie de representação de um mundo em que a hostilidade e o ódio parecem prevalecer.

A questão que se levanta é dramática: sobre que fundamentos devemos edificar a nova era histórica, que está a nascer das grandiosas transformações do século XX? É suficiente confiar na revolução tecnológica, hoje em acto, que parece respeitar unicamente os critérios da produtividade e da eficácia, sem fazer referência à dimensão espiritual do indivíduo ou a quaisquer valores éticos universalmente compartilhados? É justo contentar-se com respostas provisórias aos problemas de fundo, abandonando a vida aos impulsos do instinto, às sensações  efémeras  ou  aos  entusiasmos passageiros?

Esta interrogação volta a ressoar: sobre que fundamentos e que certezas deveremos edificar as nossas vidas e a existência  da  comunidade  a  que  pertencemos?

3. Queridos Amigos, espontaneamente nos vossos corações, no entusiasmo dos vossos anos juvenis, vós conheceis a resposta [a esta interrogação], e estais a manifestá-la através da vossa presença aqui nesta noite:  somente Cristo é a pedra angular sobre a qual é possível construir solidamente o edifício da própria existência. Somente Cristo conhecido, contemplado e amado é o amigo fiel que jamais nos desilude, que se torna o nosso companheiro de viagem, e cujas palavras aquecem o nosso coração (cf. Lc 24, 13-35).

O século XX procurou, com frequência, subsistir sem esta pedra angular, tentando construir a cidade do homem sem Lhe fazer referência. Na realidade, terminou por edificar uma cidade contra o homem! Os cristãos sabem que não é possível rejeitar ou ignorar Deus, sem diminuir o homem.

4. A expectativa que a humanidade alimenta, no meio de tantas injustiças e sofrimentos é a de uma nova civilização, caracterizada pela liberdade e pela paz. Contudo, para realizar este empreendimento, é necessária uma nova geração de construtores que, animados não pelo medo ou pela violência, mas pela urgência de um amor autêntico, saibam pôr uma pedra sobre a outra em ordem a edificar, na cidade dos homens, a cidade de Deus.

Estimados jovens, permiti-me confiar-vos a minha esperança: sois vós que deveis tornar-vos estes "construtores". Vós sois os homens e as mulheres do futuro; o porvir está nos vossos corações e nas vossas mãos. É a vós que Deus confia a tarefa, difícil mas exaltante, de colaborar com Ele em ordem a edificar a civilização do amor.

5. Na primeira Carta de João o Apóstolo mais jovem e, talvez, por isso mais amado pelo Senhor ouvimos que "Deus é a luz e que nele não existem trevas" (cf. 1 Jo 1, 5). Entretanto observa João ninguém jamais viu a Deus. É Jesus, o Filho único do Pai, que no-lo revelou (cf. Jo 1, 18). Todavia, se Jesus revelou Deus, Ele revelou a luz. Com efeito, juntamente com Cristo, veio ao mundo "a verdadeira luz que a todo o homem ilumina" (Jo 1, 9).

Caros jovens, deixai-vos atrair pela luz de Cristo e espalhai-a nos ambientes em que viveis! "A luz do olhar de Jesus como está escrito no Catecismo da Igreja Católica ilumina os olhos do nosso coração; ensina-nos a ver tudo à luz da sua verdade e da sua compaixão para com todos os homens" (n. 2715).

Na medida em que a vossa amizade com Cristo, o vosso conhecimento do seu mistério e a vossa entrega pessoal a Ele forem autênticos e profundos, vós sereis "filhos da luz" e tornar-vos-eis, por vossa vez, "luz do mundo". Por isso, reitero-vos a palavra do Evangelho:  "Brilhe a vossa luz diante dos homens de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai, que está nos céus" (Mt 5, 16).

Nesta noite, juntamente convosco, jovens dos diferentes Continentes, o Papa volta a confirmar a fé que sustenta a vida da Igreja:  Cristo é a luz das nações; Ele morreu e ressuscitou para dar de novo aos homens, que caminham na história, a esperança da eternidade. O seu Evangelho não humilha o que é humano:  todo o valor autêntico, qualquer que seja a cultura em que se manifeste, é acolhido e assumido por Cristo. Consciente disto, o cristão não pode deixar de sentir vibrar em si mesmo o orgulho e a responsabilidade de ser testemunha da luz do Evangelho.

Este é o motivo pelo qual, nesta noite, vos digo: fazei resplandecer a luz de Cristo nas vossas vidas! Não espereis por ser mais idosos, para vos empenhardes no caminho da santidade! A santidade é sempre jovem, como eterna é a juventude de Deus.

Fazei com que todos conheçam a beleza do encontro com Deus, que dá sentido à vossa existência. Não hesiteis na busca da justiça, da promoção da paz e do compromisso em ordem à fraternidade e à solidariedade.

Como é bonito o cântico que ressoa nestes dias: 

"Luz do mundo! Sal da terra!
Sede para o mundo o rosto do amor!
Sede para a terra o reflexo da luz!".

Este é o dom mais belo e mais precioso que poderíeis oferecer à Igreja e ao mundo. E vós bem sabeis que o Papa vos acompanha com a sua oração e a sua Bênção cheia de afecto.

7. Meus dilectos jovens amigos, agradeço-vos a vossa presença em Toronto, em Wadowice e onde quer que estejais espiritualmente unidos aos jovens do mundo, que vivem a sua XVII Jornada Mundial da Juventude. Quero garantir-vos que vos abraço a cada um sem cessar, com o coração e a oração, pedindo a Deus que possais ser o sal da terra e a luz do mundo, agora e quando fordes adultos. Deus vos abençoe!

No final do discurso, depois de ter concedido a Bênção apostólica a todos os fiéis e peregrinos ali presentes, o Santo Padre disse ainda: 

Sois todos convidados para amanhã de manhã. Bom repouso!

Boa noite, Deus vos abençoe sempre. Boa noite!

 



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