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CONGREGAÇÃO PARA A EVANGELIZAÇÃO DOS POVOS

HOMILIA DO CARDEAL CRESCENZIO SEPE
POR OCASIÃO DO 75º ANIVERSÁRIO
DA SOCIEDADE MISSIONÁRIA DA BOA NOVA

Fátima, 19 de Junho de 2005

 

Querido Senhor
Bispo de Leiria-Fátima,
Excelentíssimo Núncio Apostólico,
Irmãos no Episcopado,
Queridos Missionários da Boa Nova,
Irmãos e Irmãs

Obrigado pela fraterna acolhida que hoje ofereceis a este peregrino, nesta terra beijada pela presença de Maria.

Permiti-me, primeiramente, que vos saúde com afecto em nome do Santo Padre e vos transmita a sua bênção. A Bento XVI, à sua pessoa e ao seu magistério, vai a nossa sincera devoção e a nossa adesão filial.

É motivo de profunda alegria estar hoje convosco, nas celebrações conclusivas de seus 75 anos de fundação, e poder encontrar também os missionários que foram enviados ad gentes para serem testemunhas e anunciadores de Jesus. O nosso encontro reforça a comunhão e nos sustenta na missão de anunciar a Boa Nova, missão que nasce da fé em Jesus Cristo da mesma vida de Deus em nós e que Ele nos confiou por meio da sua Igreja.

É muito significativo, queridos irmãos, que o nosso encontro se realize aqui, em Fátima, onde os pastorinhos Francisco, Jacinta e Lúcia ouviram por três vezes a palavra do Anjo, "Penitência, penitência, penitência!", um grito que evoca com força as mesmas palavras do Nosso Senhor no início do Evangelho "Arrependei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1, 15).

Com a sua solicitude materna, a santíssima Virgem veio aqui para pedir aos homens que se convertessem, que "não ofendessem mais a Deus, nosso Senhor, que já foi muito ofendido". Aqui, Nossa Senhora falou com voz e coração de Mãe, recordando ao homem que sua meta última é o céu, onde o Pai, que espera a todos, quer que nada se perca, e "que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade" (1 Tm 2, 4).

Amados irmãos e irmãs, do ardente desejo do Episcopado português, que todos os homens escutaram e acolheram a Boa Nova da Salvação, nasceu esta Sociedade de Missionários ad vitam, um carisma específico na Igreja, que João Paulo II na Encíclica Redemptoris missio, definiu como o "paradigma do compromisso missionário da Igreja" (n. 66). Uma vocação especial, particular, que ao mesmo tempo constitui o "modelo" de toda a obra evangelizadora da Igreja. Sim, queridos missionários da Boa Nova, vós sois, nos países onde vos encontrais, e certamente também em Portugal, "exemplo, modelo, paradigma", da atividade missionária da Igreja.

Rendamos homenagem ao valente labor evangelizador desempenhado por tantos missionários da Boa Nova, nestes seus primeiros setenta e cinco anos de vida, pois a história testemunha a sua generosidade e a sua capacidade missionária sem igual. Demos graças, ainda, pelo intenso labor de animação da dimensão missionária da vocação sacerdotal e da vida consagrada que realizam em Portugal e, também, pelos frutos concretos de cooperação missionária obtidos, tanto nos meios espirituais, materiais e, sobretudo, pessoal.

Reconheçamos, no entanto, que diante do "ilimitado" horizonte da missão universal, ainda há muito a fazer!, que "a missão do Redentor confiada à Igreja, ainda está longe de cumprir-se" (Redemptoris missio, 1).

Sim, amadíssimos irmãos, estou convencido de que a Igreja em Portugal pode oferecer muito mais do que, com grande generosidade, realizou até agora pela missão ad gentes. Hoje, mais do que nunca, o mundo necessita de homens e mulheres que sintam em seus corações, como um fogo, o urgente convite do Apóstolo, "ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!" (1 Cor 9, 16).

Não posso, portanto, não aproveitar esta ocasião para vos estimular a reafirmar com vigor a primazia do anúncio de Jesus Cristo (cf. Redemptoris missio, 44) aos que não crêem e aos povos que, todavia, não conhecem a sua Pessoa. Esta é, de facto, a sua tarefa pastoral prioritária e para ela deverão dirigir todos os seus recursos. Agindo deste modo, darão a resposta definitiva, plena, ao desejo que todo o homem leva inscrito no seu coração de conhecer o sentido profundo da sua existência, da verdade sobre o mistério do mal, do pecado e da morte e, sobretudo, da revelação de Deus, do Amor e da salvação que Ele nos oferece em seu Filho Jesus Cristo (cf. Redemptoris missio, 8).

Queridos irmãos, hoje como ontem, estais chamados a evangelizar na avanguarda da missão, nas regiões mais difíceis do mundo, anunciando gratuitamente o Evangelho e os dons de Deus. Ânimo Portugal!, no início do terceiro milénio, não podeis nem deveis ficar para trás na obra evangelizadora universal, nem esquecer a vossa gloriosa tradição de País missionário.

Reavivai a graça da vossa vocação e intensificai, fiéis ao carisma originário, o vosso caminho rumo à missão ad gentes. Que na vossa tarefa continue a ser inspiração e sustento a Mãe de Jesus: a Virgem Missionária de Fátima. N'Ela contemplamos a Virgem evangelizada e evangelizadora, constantemente unida a seu Filho na sua missão redentora, "modelo daquele amor materno, com o qual devem ser animados todos os que, na missão apostólica da Igreja, cooperam para a regeneração dos homens" (Lumen gentium, 65).

Obrigado. Obrigado a vós, missionários incansáveis da Boa Nova, que à missão consagrastes toda a vossa vida; vós constituís o nosso gozo, a nossa esperança, o exemplo radical, total, sem limites.
Que Deus vos abençoe! Ad multos annos! Muito obrigado!

 

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