The Holy See
back up
Search
riga

PONTIFÍCIO CONSELHO PARA O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

MENSAGEM DE D. MICHAEL FITZGERALD
POR OCASIÃO DO "VESAKH" 2004

 


Caros amigos budistas!

1. Dirijo-me de novo a vós este ano para vos exprimir os meus fervorosos bons votos por ocasião da festa de Vesakh. Rezo para que todos vós possais transcorrer uma festa alegre e pacífica. A Vesakh oferece a nós, cristãos, a oportunidade de visitarmos os nossos amigos e vizinhos budistas e de transmitirmos reciprocamente os votos de felicidade, o que contribui para reforçar os vínculos de amizade já existentes e criar outros. Desejo que estes vínculos cordiais possam continuar a crescer de geração em geração, e que possamos compartilhar com os demais as nossas alegrias e esperanças, os nossos sofrimentos e preocupações.

2. Com esta esperança, o meu pensamento dirige-se imediatamente para as nossas crianças, protagonistas do futuro. Como escreveu um poeta:  "a criança é o pai do homem"; as crianças são o arquétipo de cada ser vivo. Além disso, as crianças podem ser um exemplo de todos os que procuram ser sinceramente religiosos. Pela sua simplicidade e pureza de coração, pela sinceridade e espontaneidade, pela admiração e confiança, as crianças oferecem-nos um motivo particular de inspiração. As nossas Escrituras cristãs falam das crianças em vários trechos e encorajam-nos a desenvolver um espírito de criança. Creio que algo semelhante se encontre também nos textos do Budismo.

3. Contudo, as crianças, enquanto pequenas e vulneráveis, têm a necessidade de ser protegidas, amadas e educadas. Esta é a razão pela qual as crianças e a família devem caminhar sempre juntas. É a família o primeiro lugar no qual as crianças são nutridas com aquele amor e atenção que elas, por sua vez, manifestarão aos outros. Assim, a inteira raça humana torna-se uma única família sobre este planeta. É uma fonte de alegria o facto de existirem inúmeros pais que, de bom grado, assumem a responsabilidade da vida familiar. A nossa esperança é que possam existir muitas mães e muitos pais que  realizem  todos  os  esforços  para transmitir  aos  seus  filhos  aqueles  valores  humanos  e  religiosos  autênticos, que dão um significado verdadeiro à vida.

4. Infelizmente, hoje muitas crianças no nosso mundo, em medidas diferentes, não têm uma família estável, tão fundamental para a sociedade. Existem crianças que nunca conheceram uma família ou que foram abandonadas pelas suas famílias. Outras que foram obrigadas a suportar o trauma causado pelos desentendimentos entre os pais ou pela desagregação da família. Pior ainda, estão aquelas que foram duramente atingidas pela violência dos adultos através dos abusos sexuais, da prostituição, da pressão para mendigar, do envolvimento na venda e no uso de drogas, do recrutamento, etc. E o que dizer sobre a tragédia da SIDA? Todos os anos centenas de milhares de crianças são infectadas pelo vírus do HIV e em grande número morrem por causa da SIDA, que muitas contraem desde o momento do nascimento. Embora inocentes, elas conhecem só o sofrimento e, em seguida, a morte.

5. Nós, cristãos e budistas, não podemos fechar os olhos diante dessas situações trágicas. Como crentes, devemos manter o olhar fixo nas necessidades das crianças, tanto nas nossas famílias quanto na sociedade inteira. Devemos mobilizar todas as nossas forças e recursos para aliviar o sofrimento das crianças e, de modo especial, para alcançar aquelas que vivem nos países mais pobres. Os governos, as autoridades  civis  e  todas  as  pessoas  de  boa vontade,  podem  ser  estimuladas  pelo nosso  exemplo  a  empenhar-se  cada vez mais pelo bem-estar de todas as crianças.

6. Caros amigos budistas, é com grande admiração e respeito que penso em todos os que já estão empenhados em ajudar as crianças necessitadas. Encorajados por uma generosidade tão grande, decidamo-nos a ajudar as crianças, pois elas são o futuro da humanidade. Mais uma vez desejo a vós e às vossas famílias uma pacífica e alegre festa de Vesakh.

 

D. Michael FITZGERALD
Presidente do Pontifício Conselho
 para o Diálogo Inter-Religioso

 

 

top