MENSAGEM DO CARDEAL FRANCIS ARINZE
1. Como Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, é com grande prazer que vos transmito uma vez mais as minhas sinceras saudações por ocasião do Deepawali, a festividade que glorifica e celebra Deus através do símbolo da luz. 2. Esta festividade oferece aos cristãos a oportunidade de visitar os seus vizinhos e amigos Hindus para a troca de bons votos, ajudando desta forma a fortalecer os vínculos de amizade já existentes e a criar outros novos. Assim, esta mensagem anual torna-se como que uma ponte entre os Hindus e os Cristãos, que está a ser constantemente edificada e consolidada. Dou graças a Deus por isto e, da minha parte, rezo para que as relações entre os Cristãos e os Hindus possam continuar a revigorar-se. 3. Daqui a três anos, as pessoas do mundo inteiro celebrarão o advento de um novo milénio. Para os Cristãos, o Grande Jubileu do Ano 2000 comemorará o Nascimento de Jesus Cristo. Como o Papa João Paulo II disse, para nós «este tempo de expectativa constitui um período de reflexão, convidando-nos a fazer um balanço, por assim dizer, do caminho percorrido pela humanidade sob o olhar de Deus, Senhor da História». Fazendo eco deste apelo de Sua Santidade, quereria convidar os Hindus e os Cristãos a caminharem juntos numa verdadeira peregrinação de paz. A começar pela situação concreta em que nos encontramos, procuremos a paz ao longo das sendas do perviolento dão, haurindo do património genuíno das nossas tradições religiosas. 4. Os Vedas recordamnos constantemente as palavras dos antigos rishis, inspiradas pela lógica da não-violência, da compaixão e do amor. O Atharva Veda admoesta: «O irmão jamais odeie o irmão, e a irmã nunca possa ferir a irmã » (AV III, 30, 3). Noutro lugar, imploram: «... se ofendemos nossa mãe ou nosso pai... (Deus) nos absolva disto» (AV VI, 120, 1). O RgVeda ensina: «Estando os vossos propósitos e os vossos corações unidos, os vossos espíritos sejam um só, a fim de poderdes viver juntos na unidade e na concórdia! » (RV X, 191, 4). 5. Entre as situações do nosso mundo assinalado pela vingança, pelo ódio as pessoas a pedir e conceder o perdão, dado que tal acto é libertador por sua própria natureza. «O perdão, na sua forma mais autêntica e elevada, é um acto de amor gratuito. Mas, precisamente enquanto acto de amor, tem também as suas exigências intrínsecas: a primeira delas é o respeito da verdade... Onde se semeia mentira e falsidade, lá floresce suspeita e divisão... Outro pressuposto essencial do perdão e da reconciliação é a justiça... Não existe, portanto, qualquer contradição entre perdão e justiça » (João Paulo II, Mensagem para o Dia Mundial da Paz, 1 de Janeiro de 1997). Poderíamos nós, pertencentes às Comunidades hindu e cristã, deixar de nos encontrar mais frequentemente a fim de recordar aos nossos respectivos membros a importante contribuição que todos são chamados a oferecer à paz mundial, tornando-se pessoas de compaixão e perdão? 6. Enquanto vos torno extensivos os cordiais bons votos de paz e júbilo em nome dos católicos do mundo inteiro, renovo-vos a expressão da minha amizade.
Francis Card. ARINZE
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