MENSAGEM DO CARDEAL FRANCIS ARINZE POR OCASIÃO DA SOLENIDADE DO "DIWALI" QUE SERÁ CELEBRADA PELA COMUNIDADE HINDU MUNDIAL NO DIA 21 DE OUTUBRO DE 1998 Dilectos amigos hindus 1. Mais uma vez chegou o Diwali, a festa hindu que todos aguardam com a mesma ansiedade: jovens e idosos, pequenos e grandes, ricos e pobres. Como Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, desejo transmitir-vos nesta feliz ocasião os melhores votos da parte dos católicos do mundo inteiro. 2. O progresso nas relações de amizade entre hindus e cristãos, particularmente na Índia, encoraja-nos a dar prosseguimento ao nosso diálogo, a fim de continuarmos no respeito recíproco das tradições religiosas. As mútuas visitas e diálogos acerca de questões comuns e dos desafios que o nosso mundo está a enfrentar, no limiar do novo milénio, podem ajudar cristãos e hindus a obter uma melhor realização das suas compartilhadas responsabilidades. 3. No mundo de hoje não faltam crises dramáticas: conflitos armados entre diferentes países; guerras civis; actos de terrorismo; injustiças que aumentam cada vez mais o fosso entre ricos e pobres; fome; falta de abrigo; desemprego de forma especial entre os jovens; globalização desprovida de solidariedade; o pesado fardo da dívida externa; o problema das drogas; imoralidade e aborto. Este elenco poderia aumentar. Não obstante estas situações difíceis, a lâmpada da esperança deve permanecer sempre acesa, indicando o caminho para um futuro melhor. 4. Ambas as nossas tradições religiosas aludem ao tema da esperança nos seus livros sagrados. Nós, cristãos, acreditamos que «... conhecedores como somos, a tribulação produz a constância; e esta, a esperança. A esperança não nos deixa confundidos, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi concedido» (Carta aos Romanos, 5, 3-5). Na vossa tradição, o Rig Veda canta: «Deus eternamente verdadeiro, desfalecemo-nos no desespero. Fonte de todos os tesouros, concedei-nos a esperança das bênçãos vindouras. Sujeitai os espíritos malignos que perseguem os que despertam docilmente. Concedei-nos a esperança das bênçãos vindouras» (RV I, 1-2, 4). 5. A esperança liberta-nos do desencorajamento e torna-nos capazes de iniciar de novo, vislumbrando numerosos «sinais de esperança» em nosso redor: crescente solidariedade entre os nossos contemporâneos, de forma particular com os pobres e os necessitados; maior desejo de justiça e paz; serviço voluntário; o retorno da busca de transcendência; maior consciência da dignidade humana e dos direitos que dela derivam; atenção ao meio ambiente; etc. Desejo mencionar aqui um especial sinal de esperança que Sua Santidade o Papa João Paulo II pôs em evidência no contexto actual, nomeadamente o diálogo inter-religioso. 6. Nós, cristãos e hindus, cada um nos respectivos caminhos espirituais, podemos trabalhar juntos em vista de dar maior esperança à humanidade. Todavia, em primeiro lugar devemos aceitar as nossas diferenças e manifestar respeito recíproco e amor verdadeiro uns para com os outros. Isto tornar-nos-á mais críveis, como um preclaro sinal de esperança para a família humana. 7. É neste espírito que vos transmito uma vez mais, queridos amigos hindus do mundo inteiro, os meus melhores votos pela festividade do Diwali. Francis Card. ARINZE Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso |