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PONTIFÍCIO CONSELHO PARA O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

MENSAGEM POR OCASIÃO DO FINAL
 DO MÊS DO RAMADÃO

 


Caros amigos muçulmanos

1. É um prazer para mim dirigir-vos, na celebração do 'Id al-Fitr, que encerra o mês de Ramadão, os meus votos muito amigos, em nome do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso e da Igreja católica em geral.

Estamos contentes por receber cada vez mais respostas à nossa mensagem e votos também pela celebração das nossas festas, sobretudo no Natal. Estamos igualmente felizes por constatar que, em vários lugares, os intercâmbios entre cristãos e muçulmanos se estão a intensificar a nível local.

2. Vós sabeis, caros amigos muçulmanos, como se levanta hoje no nosso mundo a questão da paz, com uma urgência muito particular. As situações de guerra constituem uma ferida aberta no coração da humanidade, sobretudo os conflitos que duram há muito tempo, no Médio Oriente, na África ou na Ásia. Em muitos países, os conflitos causam numerosas vítimas inocentes e levam as populações a perder a esperança de que se possa chegar a uma paz próxima na sua terra.

3. As causas dos conflitos têm origem, muitas vezes, no coração dos homens que se recusam a abrir-se a Deus. Tal coração é habitado pelo egoísmo, pelo desejo exagerado do poder, pelo domínio e pela riqueza, e tudo isto em detrimento do outro e sem qualquer atenção ao grito do faminto e do sedento de justiça e de solidariedade. Dado que conhecemos bem as causas profundas das guerras, devemos procurar explorar, acima de tudo, os caminhos da paz.

4. Como crentes no Deus Único, estamos conscientes do nosso dever de procurar instaurar a paz. Como cristãos e muçulmanos, acreditamos que a paz é, em primeiro lugar, um dom de Deus, e é por isso que as nossas respectivas comunidades rezam pela paz e são sempre chamadas a fazê-lo. Como sabeis, o Papa João Paulo II convidou, em 24 de Janeiro de 2002, os representantes de diversas religiões para ir a Assis, a cidade de São Francisco, a fim de rezar e se comprometer em favor da paz no mundo. Numerosos muçulmanos, provenientes de vários países, contribuíram para o êxito desta jornada. Foi pedido que não se deixasse extinguir a chama da esperança, simbolizada pela lâmpada. Por sua vez, o nosso Conselho está a procurar a melhor maneira de realizar este compromisso.

5. A fim de obter e manter a paz, as religiões podem desempenhar um papel importante que, mais do que nunca nos nossos dias, a sociedade civil e os governos lhes reconhecem. A este respeito, a educação é um campo onde as religiões podem oferecer um contributo particular. De facto, estamos convencidos de que os caminhos da paz passam pela educação. Graças a esta última, a pessoa é capaz de reconhecer a própria identidade e a do próximo. A nossa identidade será clara sem se opor à dos nossos irmãos, como se a humanidade pudesse ser constituída de partes antagónicas. A paz, de facto, é inseparável do olhar sobre o homem, na verdade e na justiça. A educação para a paz comporta igualmente o conhecimento e a aceitação das diversidades. Aprender a gerir as crises para não as deixar degenerar em conflitos também faz parte desta educação para a paz. Estamos contentes por ver crescer, em numerosos países, a colaboração entre cristãos e muçulmanos neste campo, sobretudo em tudo o que diz respeito a uma revisão objectiva dos textos escolares.

6. É num momento muito particular para vós, o tempo do Ramadão, em que o jejum, a oração e a solidariedade vos incutem a paz interior, que compartilho convosco estas reflexões sobre os caminhos da paz. Desejo-vos, pois, esta paz, nos vossos corações, nas vossas famílias e nas vossas pátrias, e invoco sobre vós a bênção do Deus da Paz.

 

 

D. Michael L. FITZGERALD
Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso

 

 

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