MENSAGEM DO PONTIFÍCIO CONSELHO
"Cristãos e hindus: decididos a percorrer
Prezados amigos hindus 1. Na iminência do Diwali, a vossa festividade religiosa, estou persuadido de que todos vós, no seio das vossas famílias, bairros e comunidades, haveis de dedicar algum tempo para compartilhar a vossa alegria com os outros. Da parte do Pontifício conselho para o diálogo inter-religioso, estou feliz por ter a oportunidade, pela primeira vez desde que fui nomeado presidente, de vos transmitir os meus ardentes bons votos. Atento aos vossos sentimentos religiosos e respeitoso das vossas antigas tradições religiosas, faço votos sinceros a fim de que a vossa procura do Divino, simbolizada pela celebração do Diwali, vos ajude a superar as trevas com a luz, a falsidade com o verdade e o mal com o bem. 2. O mundo ao nosso redor aspira ardentemente à paz. As religiões anunciam a paz porque haurem a sua origem de Deus que, para a fé cristã, é a nossa paz. Podemos nós porventura, enquanto fiéis de diversas tradições religiosas, deixar de trabalhar em conjunto para receber o dom divino da paz e e de o difundir à nossa volta, para que assim o mundo venha a tornar-se para todos os povos um lugar melhor onde viver? As nossas respectivas comunidades devem dedicar uma atenção urgente à educação dos fiéis, que podem facilmente ser induzidos ao erro por parte de uma propaganda falsa e enganadora. 3. O credo religioso e a liberdade caminham sempre juntos. Na religião, não pode haver constrangimentos: ninguém deve ser forçado a crer, assim como quem crê não pode ser impedido de o fazer. Permiti-me reiterar novamente o ensinamento do Concílio Vaticano II, que é muito claro a este propósito: "Um dos principais capítulos da doutrina católica... [consiste no facto de que] o homem deve responder a Deus acreditando voluntariamente, e que ninguém deve ser forçado a abraçar a fé contra a sua vontade" (Declaração sobre a liberdade religiosa Dignitatis humanae, 10). A Igreja católica, como Bento XVI recordou ainda recentemente aos embaixadores da Índia e de outros países credenciados na Santa Sé, foi fiel a este ensinamento: "...a paz funda-se no respeito pela liberdade religiosa, que constitui um aspecto fundamental e primordial da liberdade de consciência dos indivíduos e da liberdade dos povos" (18 de Maio de 2006). Para as comunidades religiosas comprometidas na construção da paz mundial, um desafio importante é constituído pela formação dos fiéis, em primeiro lugar, para que descubram toda a amplidão e a profundidade da própria religião e, em segundo lugar, pelo seu encorajamento a conhecer os fiéis de outros credos. Não podemos esquecer que a ignorância é o primeiro e, talvez, o principal inimigo na vida de quem crê, enquanto a contribuição de cada um dos fiéis bem formados, juntamente com o subsídio dos outros, constitui um precioso recurso para uma paz duradoura. 4. Como acontece com todos os relacionamentos humanos, também as relações entre pessoas de diferentes religiões devem ser alimentadas com encontros regulares, escuta paciente, colaboração activa e, sobretudo, com uma atitude de amizade recíproca. Por conseguinte, temos que trabalhar para construir laços de amizade, como de resto o devem fazer os adeptos de todas as religiões. "A amizade nutre-se de contactos, de partilha de sentimentos nas situações alegres e tristes, de solidariedade e de intercâmbio de ajuda" (João Paulo II, Mensagem aos participantes no congresso internacional sobre "Mateus Ricci: para um diálogo entre a China e o Ocidente", 24 de outubro de 2001, n. 6). Em situações de incompreensão, é necessário que as pessoas se reúnam e se comuniquem entre si para esclarecer, num espírito fraterno e amistoso, os respectivos credos, as aspirações e convicções. É somente através do nosso diálogo, evitando todas as formas de preconceito e de ideias estereotipadas a respeito dos outros e, além disso, dando testemunho fiel dos nossos preceitos e ensinamentos religiosos, que realmente podemos ir para além destes conflitos. Hoje, o diálogo entre os seguidores de diversas religiões é o caminho necessário, e é verdadeiramente a única vereda que nós, fiéis dos vários credos, podemos percorrer. Colaborando em conjunto, podemos realizar muito para construir uma sociedade harmoniosa e um mundo pacífico. 5. Amados amigos hindus, a mão que vos estendo calorosamente para me congratular convosco, por ocasião da vossa festividade, é inclusive um gesto de boa vontade da parte da Igreja católica, para ir ao vosso encontro e para colaborar convosco, com as vossas famílias, com os líderes das vossas respectivas comunidades e com todos os seguidores do Sanatana dharma, em vista de promover a harmonia na sociedade e a paz no mundo. Uma vez mais, formulo a cada um de vós os bons votos de um feliz Diwali! Jean-Louis Cardinale Tauran Pier Luigi Celata |
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