PONTIFÍCIO CONSELHO PARA O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO MENSAGEM PARA A FESTA DO VESAKH /HANAMATSURI 2020 «Budistas e cristãos: construamos uma cultura de compaixão e fraternidade» Amados amigos budistas! 1. Em nome do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, transmitimos as nossas sinceras saudações e bons votos a vós e às comunidades budistas do mundo inteiro, por ocasião da celebração da festa do Vesakh/Hanamatsuri. O Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso já o fez nos últimos vinte e quatro anos, nesta feliz ocasião. Dado que este ano marca o vigésimo quinto aniversário desta mensagem tradicional, gostaríamos de renovar o nosso vínculo de amizade e colaboração com as várias tradições que representais. 2. Este ano, gostaríamos de refletir convosco sobre o tema “Budistas e cristãos: construamos uma cultura de compaixão e fraternidade”, conscientes do alto valor que as nossas tradições religiosas mútuas atribuem à compaixão e à fraternidade na nossa busca espiritual, no testemunho e no serviço a uma humanidade e a uma terra feridas. 3. O Documento sobre a fraternidade humana em prol da paz mundial e da convivência comum afirma que «os verdadeiros ensinamentos das religiões convidam a permanecer ancorados nos valores da paz; apoiar os valores do conhecimento mútuo, da fraternidade humana e da convivência comum». Quando se encontrou com o Patriarca Supremo dos Budistas na Tailândia, em novembro passado, Sua Santidade o Papa Francisco disse que «podemos acreditar num estilo de boa “vizinhança” e crescer nele, capazes de gerar e incrementar iniciativas concretas no caminho da fraternidade, especialmente com os mais pobres, e em referência à nossa casa comum, tão maltratada. Desta forma, contribuiremos para a formação de uma cultura de compaixão, fraternidade e encontro, tanto aqui como noutras partes do mundo» (Cf. Visita ao Patriarca Supremo dos Budistas, Bangkok, 21 de novembro de 2019). 4. A festa de Vesakh/Hanamatsuri exorta-nos a recordar que o príncipe Sidarta partiu em busca da sabedoria com asua cabeça rapada, renunciando à sua condição de príncipe. Trocou as suas roupas de seda de Benares por um simples hábito de um monge. O seu nobre gesto lembra-nos o de São Francisco de Assis, que cortou o cabelo e trocou as suas belas roupas pelo simples hábito de um mendigo, porque queria seguir Jesus, que «se aniquilou a si mesmo, assumindo a condição de servo» (Fl 2, 7) e «não tinha onde reclinar a cabeça» (Mt 8, 20). O exemplo deles e dos seus seguidores inspira-nos uma vida de desapego, pensando no que é mais importante. Consequentemente, podemos dedicar-nos com maior liberdade à promoção de uma cultura de compaixão e fraternidade, para aliviar o sofrimento da humanidade e do meio ambiente. 5. Tudo está interligado. A interdependência leva-nos ao tema da compaixão e da fraternidade. Em espírito de gratidão pela vossa amizade, pedimos-vos humildemente que acompanheis e apoieis os vossos amigos cristãos na promoção da bondade do amor e da fraternidade no mundo de hoje. Do mesmo modo que nós, budistas e cristãos, aprendemos uns com os outros a ser cada dia mais atentos e compassivos, assim podemos continuar a procurar formas de colaboração para que o nosso relacionamento se torne uma fonte de bênção para todos os seres sensíveis e para o planeta, que é a nossa casa comum. 6. Acreditamos que, para garantir a continuidade da nossa solidariedade universal, é necessário um processo educativo para o nosso “caminho” comum. Por isso, em 15 de outubro de 2020, terá lugar um evento global sobre o tema “Reinventar o pacto global sobre a educação”. «Este encontro reavivará o compromisso em prol e com as gerações jovens, renovando a paixão por uma educação mais aberta e inclusiva, capaz de escuta paciente, diálogo construtivo e mútua compreensão» (Papa Francisco, Mensagem para o lançamento do pacto global sobre a educação, 12 de setembro de 2019). Convidamos-vos a colaborar com todos para promover esta iniciativa, individualmente e nas vossas comunidades, a fim de cultivar um novo humanismo. Estamos também felizes por ver que, em várias partes do mundo, budistas e cristãos haurem de valores profundamente enraizados, colaborando para erradicar as causas dos males sociais. 7. Oremos por quantos foram atingidos pela pandemia do coronavírus e por aqueles que os assistem. Encorajemos os fiéis a viverem este momento difícil com esperança, compaixão e caridade. 8. Caros amigos budistas, com este espírito de amizade e colaboração renovamos-vos os bons votos de uma pacífica e alegre festa de Vesakh/Hanamatsur. Miguel Ángel Card. Ayuso Guixot, MCCJ Presidente Msgr. Kodithuwakku K. Indunil J. Secretário |