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Pontifical Council for the Pastoral Care of Migrants and Itinerant People People on the Move N° 99, December 2005 I° Encontro Mundial das Comunidades Portuguesas: Conclusões* Comissão Episcopal de Migrações e Turismo Obra Católica Portuguesa de Migrações A permanência e a intensificação da mobilidade humana constitui um elemento marcante da sociedade contemporânea que exige uma reconceptualização da condição migrante. Reconhecendo este facto, a Igreja em Portugal tomou a iniciativa de, após três anos de visitas e encontros regionais, organizar o 1º Encontro Mundial das Comunidades Portuguesas. Uma reflexão que, apartir das estruturas de participação, solidariedade e integração, teve como objectivos: responsabilizar - de forma renovada e urgente - as estruturas da Igreja em Portugal; identificar as mudanças psico-sociais nas Comunidades; assumir a memória sofrida de 5 milhões de portugueses em diáspora pelo mundo; e, por fim, decidir sobre novas formas de acompanhamento e integração social e eclesial. Promovido pela Comissão Episcopal de Migrações e Turismo, com o apoio da Obra Católica Portuguesa de Migrações e do Secretariado Diocesano da Pastoral de Migrações do Porto, e subordinado ao tema Ousar a Memória Fortalecer a Cidadania, o Encontro contou com a presença de 150 participantes, delegados das Comunidades Católicas Portuguesas de 18 países. Presidiu aos trabalhos Sua Eminência, Cardeal Stephen Fumio Hamao, presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes. Dos trabalhos realizados no âmbito do Encontro desenharam-se três grandes áreas temáticas:
- Novos olhares sobre as Migrações Portuguesas.
- A Acção da Igreja nas Migrações.
- Perspectivas Futuras.
Novos Olhares sobre as Migrações Portuguesas
- Constatou-se que o fenómeno emigratório continua a ser uma significativa realidade social em Portugal, mesmo se ainda muito ignorado e demasiadamente desconhecido pelo país;
- Reafirma-se a diversidade de percursos, lugares, situações das diferentes comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, ao lado de traços comuns a diferentes gerações, como as razões de carácter económico e âmbito familiar;
- Regista-se uma maior mobilidade geográfica, interacção social, facilidade de deslocação das pessoas e de regressos reais e imaginários;
- Apresentaram-se novas formas hodiernas de viver a mobilidade (no espaço europeu asseguradas pelo direito comunitário de livre circulação e pessoas e bens) que carecem, por parte de entidades competentes, de um maior aprofundamento cientifico e pastoral;
- Entre os novos emigrantes verifica-se impreparação para a partida, muita desinformação, isolamento, e, de forma preocupante, novas formas de exploração e de desigualdade de tratamento.
Quanto à acção da Igreja nas Comunidades Migrantes constatou-se que:
- A Igreja tem tido um papel pioneiro e fundamental no acompanhamento dos migrantes e suas famílias no processo de integração nas sociedades de acolhimento;
- Os emigrantes, independentemente das suas vivências religiosas encontraram na Igreja uma voz profética na defesa dos seus direitos e valores, um ambiente estruturante da própria identidade e um espaço de reconhecimento da cidadania;
- Os emigrantes, com os seus sucessos e insucessos, despertaram nas Igrejas locais a consciência da sua catolicidade/universalidade e nas sociedades o apelo à fraternidade universal;
- As dificuldades enfrentadas pela Igreja, tanto em Portugal como nas dioceses das sociedades de acolhimento, obrigam a uma re-estruturação dos modelos pastorais que, se não for bem acompanhada e participada por todos, pode comprometer a construção da sociedade integrada ;
- A intervenção dos leigos e leigas na vida das comunidades deve ser facilitada e valorizada, pelo que urge continuar a apostar na sua formação e capacitação pastoral;
- Os actuais modelos de acompanhamento, alguns em profunda crise, têm que evoluir na consciência de que as comunidades de língua materna são parte integrante da Igreja local (não há Igrejas nacionais!) e devem manter e intensificar com esta o diálogo e colaboração.
Perspectivas Futuras
- Intensificar a formação de adultos e de lideranças competentes que possam assegurar o futuro da comunidade na falta de presbíteros;
- Promoção do diálogo ecuménico, inter-religioso e intercultural à luz da recente Instrução Pastoral A caridade de Cristo para com os migrantes;
- Valorizar as duplas e múltiplas pertenças a nível cultural, familiar e de cidadania (deveres e direitos), sobretudo, no que diz respeito à 2ª e 3ª gerações;
- Apoiar a família nas suas funções de educação, despertar dos valores, aprendizagem afectiva da língua e transmissão da cultura portuguesa;
- Responsabilizar pelo acolhimento e acompanhamento solidário dos novos migrantes as comunidades já consolidadas nomeadamente na vida religiosa, no apoio social e na evangelização;
- Procurar parcerias na sociedade civil (comunicação social, sindicatos, associações, movimentos eclesiais, consulados, conselho das comunidades e outros organismos) para, em consonância, desenvolver estratégias e boas práticas de defesa da vida e dignificação do trabalhador migrante;
- Sensibilizar a Igreja em Portugal dioceses e movimentos - para a necessidade de reavivar o contacto e proximidade com as Comunidades migrantes, e seus missionários, servindo de interlocutora permanente entre estas e a Igreja local;
- Promover responsavelmente o processo da integração - em todas as suas fases - sem descuidar o aprofundamento da identidade;
Enfim, os portugueses no mundo, conscientes de que o País tem que decididamente entender a Emigração e a Imigração como facetas duma mesma mobilidade, unem-se solidariamente aos imigrantes em Portugal na exigência de que Portugal ratifique a Convenção da ONU para a Protecção dos Direitos dos Trabalhadores Migrantes e Membros de Suas Famílias.
*Realizou-se em Porto, 31 de Março de 2005
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