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SECRETARIA DE ESTADO

HOMILIA DO SUBSTITUTO DA SECRETARIA DE ESTADO
D. LEONARDO SANDRI NAS LAUDES EM HONRA
 DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA 

Quinta-feira, 24 de Agosto de 2004

 


Também nós nos detemos, na manhã do dia de hoje, diante do venerando e antigo ícone da Mãe de Deus de Kazan'. Venerada pelo povo russo durante séculos, esta imagem permaneceu por muitos anos no apartamento pontifício e agora está prestes a regressar por assim dizer à sua pátria, como uma dádiva do Santo Padre a Sua Santidade Aleixo II, Patriarca de Moscovo e de todas as Rússias. Trata-se de um gesto que como ontem explicou o próprio Papa João Paulo II manifesta o afecto do Sucessor de Pedro pelo Patriarca e pelo Sínodo da Igreja ortodoxa, bem como pelo povo russo, enquanto exprime, ao mesmo tempo, "o desejo e o propósito do Papa de Roma, de progredir em conjunto ao longo do caminho do conhecimento recíproco e da reconciliação", a fim de que se realize quanto antes a plena unidade dos discípulos de Cristo.

Maria exerce desde sempre um fascínio surpreendente, enquanto atrai para junto de si peregrinos e fiéis de todas as partes do mundo. A Ela o povo cristão, tanto no Oriente como no Ocidente, recorre em todas as circunstâncias e especialmente nos momentos mais difíceis; a Ela o fiel dirige o olhar confiante em todos os momentos da sua vida. E isto porque sente Maria como mãe e protectora.

Maria Virgem Mãe de Deus! Este é o título com que Nossa Senhora é honrada desde a antiguidade. Ele evoca todo o mistério da salvação:  com efeito, intimamente associada à missão do seu Filho divino, Jesus, Maria tornou-se Mãe da Igreja, Mãe de todo o género humano:  é nela que se realiza a superabundância dos dons da salvação, como antecipação daquilo que acontecerá para todos aqueles que abrem o seu coração a Cristo. Eis por que motivo ao Magnificat da pequena serva do Altíssimo, "O Todo-Poderoso realizou grandes obras em meu favor", faz eco a admiração universal de quantos, de geração em geração, continuam a proclamá-la "Bem-Aventurada".

Há alguns dias, a liturgia fez-nos contemplá-la como Assunta ao céu, onde está sentada como rainha de glória e de misericórdia; hoje, enquanto a veneramos neste santo Ícone, unamo-nos com o pensamento também aos numerosos devotos que, por ocasião de algumas das suas festividades, acorrem aos santuários marianos espalhados pelo mundo, para haurir força e vigor sobretudo nas fases atormentadas da vida. Como Estrela luminosa, Maria continua a brilhar no firmamento da história, e o seu fulgor é tanto mais vivo quanto mais o tempo parece acumular na terra sombras obscuras de violência e de morte.

"Ecce Mater tua. Eis aí a tua Mãe". Maria, nossa Mãe! Podemos dizer que toda a teologia mariana está encerrada nestas palavras, as únicas que Jesus pronunciou em relação a Maria:  nelas está expresso o amor da sua despedida. Morrendo, Jesus confiou-nos à sua Mãe para sempre e, a partir daquele dia, Maria caminha com a Igreja e acompanha-nos ao longo das veredas do tempo, rumo à eternidade. Se, às vezes, a aspereza da Cruz pode amedrontar-nos, a presença de Nossa Senhora conforta-nos e conduz-nos para Cristo, crucificado e ressuscitado por nós. Numa das suas páginas mais expressivas, nas dificuldades da existência, São Bernardo convida-nos a olhar para a Estrela e a invocar Maria:  "Respice stellam, voca Mariam". Maria é a Estrela da esperança e a Âncora da nossa salvação.

"Alegro-me completamente no Senhor". Olhando para Maria, façamos nossas estas palavras do profeta Isaías, que acabámos de ouvir. Dela, a cheia de graça, recebemos o dom da alegria de Cristo, que é o segredo da paz dos corações, da paz das famílias e das comunidades, da paz do mundo. Nós temos sempre necessidade de alegria, de serenidade e de paz. Que nos obtenha estas dádivas a Santa Mãe de Deus de Kazan', para quem nos voltamos com a secular invocação dos fiéis, que ressoou numerosas vezes nesta Basílica do Vaticano:  "Sub tuum praesidium confugimus!".

 

 

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