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DISCURSO DE D. CELESTINO MIGLIORE,
 OBSERVADOR PERMANENTE DA SANTA SÉ,
 NA 62ª SESSÃO DA ASSEMBLEIA GERAL DA ONU,
 SOBRE AS ACTIVIDADES
DA "PEACEBUILDING COMMISSION" (PBC)

 

Nova Iorque, 10 de Outubro de 2007
 

Senhor Presidente

Para começar, a minha delegação deseja manifestar o apreço ao Embaixador Ismael Gaspar Martins, Representante permanente de Angola, pela sua apta administração durante o ano inaugural da Peacebuilding Commission (PBC). Ao mesmo tempo, gostaria de formular os melhores votos ao Embaixador Yukio Takasu, Representante permanente do Japão, no momento em que assume a administração desta Comissão.

A minha delegação julga que a melhor garantia contra o conflito é o gozo individual e colectivo da paz duradoura. Para a alcançar num determinado país após o conflito, é necessário reconhecer as necessidades especiais de tal país, para que seja assistido de maneira adequada na criação dos alicerces de uma paz sustentável. Por conseguinte, a Santa Sé acolhe calorosamente a criação da PBC, como resposta à necessidade de maiores coerência e coordenação dos esforços em vista da pacificação internacional em situações pós-bélicas.

O bom êxito da comissão será medido directamente no campo, se a mesma representa ou não uma diferença para as comunidades e os países interessados. Continuam a aumentar as expectativas a respeito daquilo que ela pode oferecer aos países que estão a sair do conflito armado. Isto é particularmente verdade no caso do Burundi e da Serra Leoa. Ali, a PBC está a penetrar em áreas de acção inexploradas, mas a ênfase da PBC sobre a administração e a responsabilidade nacionais mais fortes dá-nos motivos para esperar no bom êxito nos primeiros dois países-alvo, assim como nos demais Estados em situação pós-bélica, que serão considerados futuramente.

O debates e os documentos da PBC sugerem que um dos principais desafios a serem enfrentados consiste em demonstrar que ela não representa uma superestrutura supérflua nas mãos dos vários protagonistas e actores que já estão a trabalhar no campo. Pelo contrário, ela está destinada a acrescentar um valor ulterior aos esforços globais em vista de ajudar os Estados e as sociedades nos períodos pós-bélicos, a gerirem de maneira eficaz a difícil transição da guerra à paz e ao desenvolvimento sustentável. Esta tarefa torna-se ainda mais intrépida em função do facto de que as situações pós-bélicas levantam problemáticas multifacetadas e particularmente complexas, que exigem uma atenção imediata. Em vista de permitir que a PBC enfrente esta situação de forma oportuna, a comunidade internacional é igualmente desafiada a proporcionar-lhe o mandato e os recursos necessários.

Desejo elogiar o Grupo de trabalho sobre as lições aprendidas, pelos seus esforços em vista de acumular as melhores práticas e lições sobre as questões relativas à pacificação, ajudando deste modo a PBC a tomar decisões mais tempestivamente e, ao mesmo tempo, a evitar os erros cometidos no passado.

A Santa Sé ficou feliz com a aprovação das linhas-guia para a participação da sociedade civil na PBC. Esta participação seria decisiva no campo se, entre outros protagonistas, as organizações baseadas na fé se comprometessem plenamente no desenvolvimento humano e ocupassem a linha de vanguarda na promoção do diálogo e nas obras de pacificação e de reconciliação nos períodos pós-bélicos.

A minha delegação está consciente dos debates contínuos acerca do que a PBC deveria ser e da sua relação com as operações de pacificação, assim como dos seus procedimentos e métodos. Não obstante isto faça parte do processo de desenvolvimento da própria Peacebuilding Commission, tais debates não a deveriam distrair nem desviar da sua finalidade, que consiste em fazer a diferença na vida das populações e dos países, a fim de evitar que se torne simplesmente mais um foro de debate.

É com prazer que a minha delegação garante o seu interesse permanente pelo trabalho levado a cabo pela PBC, encorajando-a no cumprimento da sua tarefa desafiadora de ajudar a reconstruir a vida de indivíduos e de países inteiros, assolados pela guerra. Ela terá cumprido completamente esta tarefa, quando o desenvolvimento, a paz, a segurança e os direitos humanos estiverem finalmente ligados entre si e quando se revigorarem de maneira recíproca nos países que experimentaram as devastações do conflito armado.

Obrigado, Senhor Presidente!

 

 
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