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SECRETARIA DE ESTADO

INTERVENÇÃO DA DELEGAÇÃO DA SANTA SÉ
NO DEBATE DA ONU SOBRE O TEMA: "O PROGRAMA MUNDIAL
DE ACÇÃO PARA A JUVENTUDE ATÉ O ANO 2000 E ALÉM"

DISCURSO DO SENHOR FRANCISCO DIONÍSIO

Nova York, 6 de Outubro de 2005

 

Senhor Presidente

A minha Delegação tem o prazer de participar neste importante debate sobre o programa mundial de acção para a juventude. Outrora, dizia-se irreverentemente: "A mocidade de nada serve para os jovens"; no entanto, a Santa Sé tem a alegria de tomar conhecimento de que a Organização das Nações Unidas continua a dar uma grande ênfase à importância da juventude.

Recentemente, no contexto de uma reunião de centenas de milhares de jovens reunidos em Colónia (Alemanha), o Papa Bento XVI fez-se eco dos sentimentos dos jovens do mundo inteiro, dizendo: "Estamos preocupados pela condição do mundo e perguntamos: "Onde encontro os critérios para a minha vida, os critérios para colaborar de modo responsável na edificação do presente e do futuro do nosso mundo?"" (Discurso aos Jovens em Colônia, Agosto de 2005).

Os jovens aspiram a ser grandes. No entanto, para alcançar a grandeza, eles devem pensar no seu próximo, especialmente nos que se são marginalizados. E também não podem alcançá-la sozinhos, uma vez que têm necessidade de um guia e de recursos da parte dos governos, do interesse das organizações não governamentais e da boa vontade e do trabalho duro de todas as pessoas.

À luz desta preocupação, a minha Delegação tem acompanhado com atenção os desenvolvimentos, desde o lançamento, há dez anos, do programa mundial de acção para a juventude. As suas dez áreas prioritárias de acção abordaram problemáticas e temas significativos, que dizem respeito à vida dos jovens e ao nosso mundo em geral.

O Relatório anual do Secretário-Geral sobre a Juventude volta a discorrer, no corrente ano de 2005, acerca de alguns elementos imprescindíveis que ainda hoje continuam a atingir a vida dos jovens. Ao enfrentar uma destas solicitudes, a minha Delegação reitera a sua posição sobre a recurso à expressão "saúde sexual e reprodutiva", como se recorda em tal Relatório. A minha Delegação compreende-a como uma promoção integral da saúde das mulheres, dos homens, dos jovens e das crianças. Ela não considera o aborto ou o acesso ao aborto como uma dimensão de tais termos.

A Santa Sé continua a comprometer-se plenamente na promoção do papel da juventude na economia global, na pobreza, na educação e no trabalho. Actualmente, no mundo existem mais de 196.000 escolas católicas primárias e secundárias, que atendem mais de 51 milhões de crianças e jovens. Além disso, há cerca de 1.000 universidades, colégios e outros institutos católicos, que educam mais de quato milhões de jovens adultos. Os jovens estão a ser ajudados a receber a educação que merecem, enquanto são ao mesmo tempo encorajados a transmiti-la também aos outros. A educação é um dom que continua a dar-se.

No que diz respeito à juventude em relação à sociedade, ao meio ambiente, ao lazer e à participação, através de milhares de grupos juvenis espalhados pelo mundo inteiro, a Igreja Católica compartilha e promove a importância do cuidado de cada pessoa, do meio ambiente e do próximo.

A propósito da juventude em perigo, da saúde, das drogas, da delinquência e da discriminação contra as meninas e as jovens, no mundo inteiro existem quase 12.000 hospitais e centros católicos de assistência à saúde e de medicina preventiva. Através do seu trabalho nesse contexto, o pessoal profissional autóctone bem formado contribui para promover o princípio segundo o qual toda a vida humana é sagrada, e que cada pessoa tem o seu valor. Os jovens são claramente cuidados como membros preciosos e vulneráveis da sociedade.

Senhor Presidente, a capacidade de alcançar as finalidades específicas das dez prioridades redunda no compromisso. O debate em mesa redonda a favor dos jovens definiu-o como a "assunção de compromissos relevantes". Estamos conscientes de que vivemos num mundo complexo e complicado, e muitos jovens sabem que este compromisso exige três coisas: o reconhecimento das necessidades, especialmente dos membros mais pobres do nosso mundo; a projecção de uma resposta; e a sua realização.

A Santa Sé encoraja a Organização das Nações Unidas a dar continuidade à identificação das necessidades dos jovens do mundo, de modo especial daqueles que são os mais pobres e mais vulneráveis. Além disso, ela reitera o seu compromisso no trabalho conjunto com a comunidade internacional, para elaborar respostas realistas, apropriadas, imediatas e a longo prazo. De facto, a construção de um mundo melhor constitui um processo que dura a vida inteira. E trata-se, com frequência, de um caminho muito longo.

Todavia, os jovens reconhecem que o seu caminho ainda está no início. E precisamente em virtude da sua mocidade, eles encontram-se no princípio da preparação do caminho em vista do bom êxito vindouro. Ao trabalharmos em conjunto a favor de um mundo que seja seguro e feliz para os jovens, cada pessoa, de todas as faixas etárias, é importante.

Obrigado, Senhor Presidente!

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