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SECRETARIA DE ESTADO

DISCURSO DE SUA EX.CIA D. CELESTINO MIGLIORE
 NA ASSEMBLEIA GERAL DA ONU DEDICADA AO SHOAH
 NO 60° ANIVERSÁRIO DA LIBERTAÇÃO
DOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO NAZISTAS
DE AUSCHWITZ

 Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2005

 

Senhor Presidente

A minha Delegação acolhe calorosamente a iniciativa que tornou possível esta especial sessão da Assembleia Geral, para comemorar o 60º aniversário da libertação dos campos de concentração nazistas por parte das Forças Aliadas.

Ela oferece-nos uma ulterior oportunidade para recordar solenemente as vítimas de uma visão política desumana, fundamentada sobre uma ideologia levada ao extremo. Ela recorda-nos também as raízes desta própria Organização, das suas nobres finalidades e da vontade política que ainda são necessárias para evitar que um dia tais horrores voltem a repetir-se.

Hoje, contemplamos as consequências da intolerância, recordando-nos de todos aqueles que foram vítimas das manipulações políticas e sociais dos nazistas, elaboradas em escala tremenda e recorrendo à brutalidade deliberada e calculada. As pessoas que eram consideradas inadequadas para a sociedade entre outros, os judeus, os povos eslavos, as populações ciganas, os portadores de deficiência e os homossexuais eram destinados ao extermínio; e os indivíduos que ousavam opor-se ao regime através de palavras e gestos políticos, líderes religiosos e cidadãos particulares pagaram frequentemente com a própria vida a sua oposição. As condições eram tais que levavam os seres humanos a perder a sua dignidade essencial e ser despojados de toda a decência e sentimentos próprios do ser humano.

Os campos de morte constituem inclusivamente o testemunho de um plano sem precedentes, traçado em vista do extermínio deliberado e sistemático de um povo inteiro, o povo judeu. A Santa Sé recordou em numerosas circunstâncias, com um sentido de profunda lástima, os sofrimentos padecidos pelos judeus no crime hoje em dia conhecido como Shoah. Tendo ocorrido durante um dos capítulos mais sombrios do século XX, ele constitui um episódio à parte e permanece como uma mancha vergonhosa na história da humanidade e também na consciência de todos.

Durante a sua visita a Auschwitz, realizada em 1979, o Santo Padre João Paulo II afirmou que devemos permitir que o brado das pessoas ali martirizadas transforme a nossa terra num mundo melhor, tirando as justas conclusões da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Senhor Presidente

Num século caracterizado por catástrofes provocadas pelo homem, os campos de morte nazistas são uma lembrança sóbria da "desumanidade do homem em relação ao homem" e da sua capacidade de cometer o mal. Não obstante, deveríamos recordar que a humanidade é também capaz de grandes bens, de abnegação e de altruísmo. Quando se abatem calamidades naturais ou humanas, como pudemos testemunhar inclusivamente nas últimas semanas, as pessoas manifestam o melhor lado da sociedade humana, com solidariedade e fraternidade, e certas vezes também com sacrifícios pessoais.

No contexto da comemoração hodierna, devemos pensar particularmente nos indivíduos corajosos de todos os estratos da sociedade, muitos dos quais foram reconhecidos como "Justos entre as Nações". Todos os povos do mundo são capazes de realizar grandes bens, o que geralmente se alcança através da educação e da liderança moral. E a tudo isto nós deveríamos acrescentar uma dimensão espiritual que, sem dever dar uma falsa esperança nem explicações volúveis, nos ajude a conservar a humildade, a visão de conjunto e a resolução diante dos terríveis acontecimentos.

Por este motivo, a minha Delegação aprecia esta iniciativa de recordar a libertação dos campos de concentração nazistas, a fim de que a humanidade não se esqueça do terror de que o homem é capaz; dos males do extremismo político arrogante e das manipulações sociais; e da necessidade de reconstruir um mundo mais seguro e mais sadio onde cada homem, mulher e criança possa viver.

Que todos os homens e mulheres de boa vontade aproveitem esta solene ocasião para dizer: "Nunca mais!" a tais crimes, independentemente da sua inspiração política, para que assim todas as nações bem como esta mesma Organização respeitem verdadeiramente a vida, a liberdade e a dignidade de cada ser humano. Com uma vontade política séria, os recursos morais e espirituais da humanidade certamente conseguirão, de uma vez para sempre, transformar as nossas respectivas culturas, a fim de que todos os povos do mundo aprendam a valorizar a vida e a promover a paz.

Obrigado, Senhor Presidente!

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Arzobispo Migliore
Tema 7 del programa: Conmemoración del sexagésimo aniversario
de la liberación de los campos de concentración nazis
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24 de enero de 2005



Mi delegación acoge con sumo beneplácito la iniciativa de celebrar este período extraordinario de sesiones de la Asamblea General para conmemorar el sexagésimo aniversario de la liberación de los campos de concentración nazis por las fuerzas aliadas.

Además, nos recuerda las raíces de esta Organización, sus nobles objetivos y la voluntad política que aún es necesaria para impedir que esos horrores se repitan.

Hoy contemplamos las consecuencias de la intolerancia al recordar a todos aquellos que fueron blanco de las maquinaciones políticas y sociales de los nazis, ejecutadas a una escala tremenda y empleando una brutalidad deliberada y calculada. Aquellos considerados como marginados de la sociedad —los judíos, los pueblos eslavos, los romaníes, los discapacitados y los homosexuales, entre otros— fueron destinados al exterminio; aquellos que osaron oponerse al régimen de hecho o de palabra —políticos, dirigentes religiosos, particulares— con frecuencia pagaron la oposición con sus vidas. Se habían establecido las condiciones para que los seres humanos perdieran su dignidad esencial y para despojarlos de todo vestigio de decencia y sentimientos humanos.

En los campos de exterminio se ejecutó un plan sin precedentes de exterminio deliberado y sistemático de todo un pueblo, el pueblo judío. La Santa Sede ha recordado en numerosas oportunidades, con profundo dolor, los sufrimientos de los judíos durante la ejecución del crimen ahora conocido como Shoah. Como uno de los capítulos más oscuros del siglo XX, no tiene parangón y es una mancha vergonzosa en la historia de la humanidad y en la conciencia de todos.

Durante su visita a Auschwitz en 1979 el Papa Juan Pablo II afirmó que debemos dejar que el grito de los mártires modifique el mundo y lo mejore, al extraer las conclusiones correctas de la Declaración Universal de Derechos Humanos.

En un siglo caracterizado por catástrofes provocadas por el ser humano, los campos de exterminio nazis son un recordatorio que invita a la reflexión sobre “la inhumanidad del hombre para con el prójimo” y de su capacidad para el mal. No obstante, debemos recordar que la humanidad también puede hacer mucho bien, sacrificarse a si misma y ser altruista. Como hemos visto en las últimas semanas, cuando nos asolan los desastres naturales o los provocados por el ser humano, las personas revelan la mejor cara de la sociedad humana mediante la solidaridad y la hermandad, a veces con un costo personal. En el contexto de la conmemoración de hoy, sólo tenemos que pensar en esas personas valientes de distintas condiciones sociales, muchas de las cuales han sido reconocidas como “los justos de las naciones”. Todos los pueblos del mundo son capaces de hacer mucho bien: algo que con frecuencia se logra a través de la educación y el liderazgo moral. A todo ello deberíamos añadirle una dimensión espiritual que, si bien no debe dar falsas esperanzas ni explicaciones insustanciales, nos ayudará a mantener la humildad, la perspectiva y la determinación ante hechos terribles.

Ojalá que todos los hombres y mujeres de buena voluntad aprovechen esta ocasión solemne para decir “Nunca más” a esos crímenes, independientemente de su inspiración política, a fin de que todas las naciones, así como esta Organización, respeten realmente la vida, la libertad y la dignidad de todos los seres humanos. Sin duda, con una verdadera voluntad política, los recursos morales y espirituales de la humanidad podrán transformar de una vez por todas nuestras respectivas culturas, para que todos los pueblos del mundo puedan aprender a valorar la vida y promover la paz.


**A/S-28/PV.2 p.27-28.

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