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CARTA DO SECRETÁRIO DE ESTADO
AO DELEGADO APOSTÓLICO DE JERUSALÉM
POR OCASIÃO DO 50° ANIVERSÁRIO DA ERECÇÃO
DA DELEGAÇÃO APOSTÓLICA EM JERUSALÉM
E NA PALESTINA

18 de Fevereiro de 1998

 

Excelência Reverendíssima

Por ocasião do 50º Aniversário da Delegação Apostólica em Jerusalém e na Palestina, escrevo a Vossa Excelência Reverendíssima, por mandato de Sua Santidade o Papa João Paulo II, desejoso de que o acontecimento seja celebrado de maneira adequada.

Antes de mais, é necessário recordar que faz parte do Ministério do Supremo Pastor da Igreja conhecer detalhada e completamente as condições das Igrejas particulares e tornar-se partícipe, também através dos seus Representantes, da vida dos seus filhos e conhecer, de modo rápido e seguro, as suas necessidades e aspirações. Estas expressões, tiradas do «Motu proprio» do Papa Paulo VI, «Sollicitudo Omnium Ecclesiarum » (24 de Junho de 1969), evocam em concreto o que foi escrito pelo Papa Pio XII na Carta Apostólica com a qual, a 11 de Fevereiro de 1948, constituiu a Delegação Apostólica em Jerusalém para a Palestina, a Transjordânia e a Ilha de Chipre, guiado pelo critério geral de «promover de maneira adequada a eterna salvação das almas, mesmo nos lugares distantes deste centro de unidade católica».

Durante 50 anos, os Delegados Apostólicos que se sucederam em Jerusalém foram atentas testemunhas e fiéis realizadores desta constante «solicitude» dos Pontífices, permanecendo próximos da Igreja local que lhes estava confiada, em tempos e circunstâncias em que, sobretudo na Terra Santa, ela e as suas instituições eram provadas duramente. Com efeito, são bem conhecidos os dolorosos acontecimentos, que viram um bom número de católicos, juntamente com os seus concidadãos, vítimas de guerras, de movimentos de população e, com frequência, em condições de extrema precariedade, sem casa, sem terra e refugiados.

Sucessivas mudanças na região e, sobretudo, as perspectivas de paz que surgiram da Conferência de Madrid de 1991, aconselharam e tornaram possível uma revisão dos territórios confiados à Delegação, com a constituição de Nunciaturas Apostólicas no Reino da Jordânia e no Estado de Israel. Isto foi realizado graças ao empenho de Vossa Excelência, numa apreciada e singular sintonia com a obra de todos os seus Predecessores e em colaboração com os Pastores da Igreja local.

A manutenção e a confirmação da Delegação Apostólica em Jerusalém e na Palestina indicam, em primeiro lugar, a continuidade da atenção e do amor com que a Sé Apostólica olha para os católicos que aí residem e com os quais o Papa deseja estar entre eles em todos os momentos, sobretudo neste delicado período no qual palestinos e israelenses encontram particulares dificuldades na busca de um aceitável futuro de paz e de convivência na justiça e segurança.

Mas também é muito significativo que um Representante do Bispo de Roma se encontre estavelmente na Cidade Santa de Jerusalém, património espiritual de grande parte da humanidade e sinal de paz e de harmonia (cf. Redemptionis anno). Reivindicada como capital por dois Povos e pátria do coração para os Fiéis de três Religiões, ela ainda é, infelizmente, motivo de contínua rivalidade, e até de violência e de reivindicações exclusivistas. A Delegação Apostólica em Jerusalém, desde a sua constituição, foi desejada também como um convite contínuo do Pontífice à inteira família humana, para que à Cidade Santa seja concedido responder à vocação que lhe é própria: ser para os seus habitantes lugar de justiça e de liberdade e, para o mundo inteiro, ambiente de adoração, de encontro e de diálogo. Por enquanto, trata-se apenas de um desejo, mas não há dúvida de que a Santa Sé continua incansável neste seu empenho de chamada. Por conseguinte, a Delegação Apostólica deseja ser testemunho vivo e activo do Ministério pontifício para com as populações de Jerusalém e dos Territórios palestinos, apoiando a sua fé, favorecendo o diálogo e a paz, defendendo a sua dignidade e contribuindo para a realização das suas legítimas aspirações.

Neste aniversário da Delegação Apostólica desejo fazer chegar a Vossa Excelência e a quantos prestam o seu serviço na Missão Pontifícia um renovado e sentido agradecimento, acompanhado de uma particular Bênção de Sua Santidade, que abrange todos os que participarem na celebração.

 

Angelo Card. SODANO
Secretário de Estado

 

 

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