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MENSAGEM DO CARDEAL ANGELO SODANO
 À COORDENAÇÃO INTERNACIONAL DA 
JUVENTUDE OPERÁRIA CRISTÃ

2 de outubro de 2000


Senhora Presidente,

1. É-me grato transmitir a cordial saudação  de  Sua  Santidade  João Paulo II a todos os "jocistas" reunidos no El Escorial (Madrid), para participarem no V Conselho Internacional da C.I.J.O.C., como representantes desta organização nos diversos países e continentes.

Vós seguis a grande tradição "jocista", que aprofunda as suas raízes naquela intuição apostólica do Padre Joseph Cardjin, que se propôs ajudar os jovens trabalhadores a serem testemunhas da esperança cristã no próprio âmbito de trabalho. Nos primeiros decénios do século XX, este zeloso sacerdote belga soube perceber com clarividência a situação da juventude operária, submetida não só a condições muito difíceis nas fábricas, mas também exposta a poderosas influências que a faziam sentir-se afastada da vida da Igreja. Moveu-o sobretudo a sua consciência missionária pelo destino daqueles jovens trabalhadores, para os quais fundou a JOC. A difusão deste movimento especializado da Acção Católica foi tal que imediatamente, desde quase as suas origens franco-belgas, se transformou numa corrente viva que teve como protagonistas jovens trabalhadores de numerosos países, forjadora de militantes cristãos no mundo do trabalho e enriquecedora da missão da Igreja no âmbito urbano-industrial. Neste caminho, nunca faltaram à JOC o apoio e o encorajamento da Santa Sé. O Padre José Cardjin foi designado perito no Concílio Vaticano II pelo Papa João XXIII, recentemente beatificado, e mais tarde, em 1964, nomeado Cardeal pelo Papa Paulo VI.

2. Hoje esta tradição jocista continua viva, graças também à Coordenação Internacional da Juventude Operária Cristã. Depois da longa crise dos anos 70, a C.I.J.O.C. ofereceu aos jovens trabalhadores de todo o mundo um movimento fiel às orientações do seu fundador e à Igreja. A esse respeito, o Santo Padre deseja manifestar também o seu reconhecimento aos Assistentes eclesiásticos que prestam a sua valiosa ajuda para que se realize o objectivo essencial da C.I.J.O.C.:  que os jovens trabalhadores sejam apóstolos e evangelizadores dos demais jovens. Além disso, deve constatar-se com satisfação que, desde 1986, data em que a Santa Sé reconheceu essa Coordenação Internacional, aumentou a confiança na C.I.J.O.C. que, mediante o seu trabalho de formação, ajuda os jovens trabalhadores a descobrir e desenvolver a sua responsabilidade de cidadãos e de cristãos no seu ambiente de trabalho e na vida eclesial.

3. O desafio que a C.I.J.O.C. assume actualmente é muito grande. Há vastos sectores de jovens que, nos mais diversos ambientes do mundo do trabalho submetido hoje a acelerados e complexos processos de transformação, necessitam de uma renovada presença do anúncio cristão. São jovens que em geral têm escassa formação escolar e profissional, o que agrava as dramáticas situações de exclusão e desemprego; ou então que enfrentam trabalhos de grande precariedade e, às vezes, se vêem inclusive submetidos a formas de exploração. São jovens que muitas vezes não encontram acolhimento e ajuda nas Organizações sindicais tradicionais. Jovens emaranhados em periferias urbanas degradadas, tentados pela violência e pelas redes de delinquência. Jovens muitas vezes vítimas de ambientes bastante descristianizados, mas que, apesar de tudo, buscam dar um sentido à vida e sentem anelos de verdade e felicidade, de justiça e dignificação das pessoas. Por isso necessitam tanto de um testemunho de proximidade e de um acompanhamento que lhes saiba propor um ideal atraente e os ajude a enfrentar com seriedade o seu próprio dever na sociedade.

Por isso o Papa os exorta vivamente a incentivar esta companhia solidária de "jocistas", para uma maior formação dos jovens trabalhadores a todos os níveis, que lhes permita encontrar Cristo como a primeira e inexaurível resposta a todos os seus anelos. Deste modo, cada jovem será capaz de se comportar como um verdadeiro militante no seu lugar de trabalho, como leigo chamado a entregar a própria vida pela causa do Evangelho.

4. O Santo Padre espera que este Conselho Internacional, celebrado no ano do Grande Jubileu, seja uma ocasião propícia para renovar, na C.I.J.O.C., os compromissos e orientações fundamentais. Assim pois, de todos os movimentos afiliados e dos seus militantes espera-se que ponham a sua confiança em Deus, para obterem a graça da conversão e se abrirem assim a uma vida nova, animada pela caridade, origem da autêntica solidariedade. Cristo seja para cada um dos "jocistas" a Porta Santa, que guie serenamente os seus passos. O encontro com Jesus Cristo ajudará a viver e participar plenamente na comunhão da sua Igreja, por meio da Palavra de vida e da acção salvífica dos Sacramentos. Essa fiel adesão eclesial da C.I.J.O.C. será sempre um fundamento seguro e, ao mesmo tempo, um impulso constante para dar testemunho de Cristo aos jovens trabalhadores de todo o mundo. São tantos os ambientes que necessitam dessa renovação e da difusão da experiência jocista, que encontra na C.I.J.O.C. o seu fulcro adequado!

5. Nesta circunstância, o Santo Padre pede ao Senhor que este V Conselho Internacional ajude todos os seus membros a trabalhar incansavelmente em favor da juventude operária, o que redundará em bem para toda a sociedade. Com esta viva esperança, concede com afecto a todos os presentes a Bênção Apostólica.

Aproveito esta ocasião para lhe manifestar os sentimentos da minha consideração e estima em Cristo.

Cardeal ANGELO SODANO
Secretário de Estado

 

 

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