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DISCURSO DO CARDEAL ANGELO SODANO
  DURANTE A XVI CONGREGAÇÃO GERAL

 

UM EMPENHO APOSTÓLICO CONJUNTO: O SÍNODO DA UNIDADE

 
Beatíssimo Padre e estimados Irmãos!

No Cenáculo, os Apóstolos eram só doze, mas, apesar de terem temperamentos diferentes, serem provenientes de ambientes diferentes e terem estilos próprios de exercer o único apostolado, estavam unidos na oração e na preocupação comum pela difusão do Reino de Deus.

Nesta Sala Sinodal, nós, hoje, somos mais de 200 e, em toda a Igreja, o Colégio Episcopal é composto por mais de 4.500 Prelados, entre Bispos residenciais, titulares e eméritos.
Depois,  todos  vivemos  experiências diferentes  e,  por  conseguinte,  é lógico  que  tenhamos  diferentes  sensibilidades.

Nesta situação, é fundamental que o Colégio dos Bispos mantenha uma unidade vital e activa, através de vínculos afectivos e efectivos de profunda colaboração com o Bispo de Roma e com todos os Irmãos.

Por conseguinte, é oportuno voltar a reflectir sobre o facto de que, com a Ordenação episcopal, todos fomos incluídos no único Coetus Episcopalis, que sucede ao Colégio dos Apóstolos. Depois, o facto de que cada um seja destinado  para  um  cargo  ou  para outro é, sem dúvida, de importância secundária.

Há pouco tempo, foi justamente feita a observação que antes da Igreja particular existe a Igreja universal, isto tanto ontologica como temporalmente.

Por analogia, podemos portanto dizer que cada um de nós, através da Ordenação episcopal, foi antes de tudo inserido no Colégio dos Bispos e, por conseguinte, tem o dever de se sentir membro deste corpo, onde quer que seja chamado a trabalhar. De igual modo, somos Bispos até à morte, seja qual for o serviço eclesial que nos é pedido.

Este Sínodo é sem dúvida uma bonita imagem do grande "mosaico episcopal", cuja unidade é admiravelmente composta por tantos tecidos diferentes.

De facto, encontram-se aqui os Representantes de 11 Igrejas católicas orientais (6 Patriarcas, 2 Arcebispos-Mores e 3 Metropolitanos). Estão presentes aqui os delegados das 112 Conferências Episcopais que hoje existem no mundo, além dos Bispos eleitos directamente pelo Santo Padre. Também estão aqui reunidos 25 Prelados que, nas  respectivas  Congregações  da  Cúria Romana, colaboram com o Sumo Pontífice na sua solicitude pela Igreja universal.

Pessoalmente, pertenço a este último grupo de Bispos e sinto-me feliz por verificar o grande espírito colegial que reina nesta sala.

Desejaria dizer a todos os Irmãos no Episcopado que os 25 Bispos, que são os responsáveis das respectivas Congregações da Cúria Romana estão constantemente empenhados no fomento deste espírito de fraterna colaboração com todos os Bispos do mundo inteiro, seguindo as directrizes que o Santo Padre nos indicou na Constituição Apostólica sobre a Cúria Romana, de 28 de Junho de 1988 com o título muito significativo:  Pastor bonus.

Depois, as diferentes proveniências dos Chefes de Dicastério facilita a compreensão  das  realidades  pastorais  que  existem  nos  vários  Países da  terra.  De  facto,  entre  nós,  6  são da  Itália  e  6  da  área  de  língua  espanhola; 3 são da área anglófona e 3 da germânica. Há também um chefe de Dicastério para cada uma das seguintes áreas:  francesa, portuguesa, polaca, árabe, africana, japonesa e vietnamita.

Depois, o Papa chamou um Patriarca para orientar a Congregação para as Igrejas Orientais. Todos juntos esforçamo-nos por dar o nosso contributo, para servir da melhor forma o Sumo Pontífice e, por conseguinte, a Igreja universal quer no Oriente quer no Ocidente.

Aos irmãos que trabalham nas Dioceses, seja-me consentido pedir que não exijam coisas impossíveis de nós, que trabalhamos na Cúria. Todos temos limitações. As contraposições não servem para nada:  "Alter alterius onera portate!" diz-nos o Apóstolo.

Por fim, desejaria garantir-vos que este é também o espírito com que trabalham  geralmente  os  Bispos enviados pelo Papa como Seus Núncios e Delegados Apostólicos às várias Nações. Actualmente eles são mais de 100, e alguns trabalham em situações muito difíceis.

E para terminar, desejaria prestar homenagem ao saudoso Núncio Apostólico na Papua-Nova Guiné e nas Ilhas Salomão, o Arcebispo Hans Schwemmer, da Diocese de Regensburgo, na Alemanha, falecido em serviço nos últimos dias, como a todos os que, com grande sacrifício, estão a trabalhar nos lugares mais pobres e distantes.

Estou certo de que, também por parte dos Prelados locais será facilitado o árduo trabalho dos representantes Pontifícios, inspirado pela única finalidade que a todos nos une:  o ideal da difusão do Reino de Deus.
No início do terceiro milénio cristão, o Colégio Episcopal apresenta-se assim, diante do mundo, como se mostrava o Colégio dos Apóstolos no Cenáculo, e dará um vivo testemunho de ser verdadeiramente "cor unum et anima una".

Em conclusão, que este seja o Sínodo da unidade.

 

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