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INTERVENÇÃO DA SANTA SÉ NUMA
 COMISSÃO DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
 SOBRE  O TEMA: "MULHERES DE 2000: IGUALDADE DO GÉNERO, DESENVOLVIMENTO E PAZ PARA O SÉCULO XXI"

18 de Outubro de 2001

 

 


Senhor Presidente

Já passaram seis anos desde a IV Conferência Mundial sobre as Mulheres e um ano desde a Conferência de Pequim + 5. A Santa Sé gostaria de reiterar o seu apoio àquilo que é denominado como o "coração pulsante" da Plataforma de Acção de Pequim:  o reconhecimento da dignidade das mulheres, a acesso ao trabalho, à terra e ao capital, e a provisão dos serviços sociais básicos. Estes objectivos estão estritamente relacionados com o ensinamento social da Santa Sé.

Nas vésperas da Conferência de Pequim, o Papa João Paulo II exortou as instituições católicas a renovar e a fortalecer o seu compromisso em favor das mulheres do mundo, indo ao encontro das pessoas mais vulneráveis e necessitadas. Todos podem ver que as escolas, os hospitais e as agências humanitárias católicas do mundo inteiro responderam seriamente à exortação do Papa. A Santa Sé continua a ser um dos principais garantes dos serviços sociais básicos para as meninas e as mulheres, de forma especial nos países em vias de desenvolvimento.

Senhor Presidente

O mundo do século XXI é muito diferente do mundo de apenas seis anos atrás, quando a Família das Nações se reuniu para abordar questões de importância fundamental para as mulheres. As últimas Conferências da O.N.U. sobre o hiv/sida, o racismo e o tráfico ilícito das armas pequenas e das armas ligeiras realçam a corrente transformadora da política internacional. Contudo, entre estas diferentes questões, uma sobressai:  o fenómeno da  globalização  e  as  suas  vastas implicações,  tanto  positivas  como negativas.

A respeito desta problemática e dos seus efeitos sobre as mulheres, a minha Delegação gostaria de oferecer alguns comentários. O fenómeno da globalização é agora um facto do século XXI e continuará a caracterizar a interacção económica internacional nos anos vindouros. Para a Família das Nações, o desafio consiste na promoção de um contexto moral e cultural que permita à globalização servir a pessoa humana e no favorecimento de um desenvolvimento autenticamente humano.

A pergunta que devemos fazer a nós mesmos é:  como é que as mulheres podem alcançar a melhor posição para obter os benefícios da globalização e evitar, assim, os seus efeitos negativos? A minha Delegação acredita que há várias condições a respeitar para atingir isto.

O reconhecimento da dignidade da pessoa humana, especialmente das mulheres e das meninas, deve ser o ponto de partida para promover o desenvolvimento autenticamente humano. Sem dúvida, uma forma de globalização que ignorasse a dignidade inerente das mulheres e, de maneira particular, a especial contribuição que elas oferecem às suas famílias e à sociedade, reduzi-las-ia a um objecto de significado exclusivamente económico. Em segundo lugar, em ordem a facilitar a sua contribuição para a edificação de um mundo melhor, os direitos humanos e as liberdades fundamentais das mulheres e das meninas devem ser protegidos, de maneira a obter benefícios da globalização. O respeito pelo direito de contrair livremente o matrimónio e constituir uma família, ter um trabalho e receber um salário justo, e ser protegidas do abuso e da exploração constitui um requisito para a contribuição que as mulheres podem dar para o desenvolvimento económico.

Enfim, o investimento no campo dos serviços sociais básicos é o fundamento para o bem-estar e o desenvolvimento económico das mulheres. Para participarem na transformação da economia, as mulheres têm necessidade de ser física e mentalmente saudáveis e possuir capacidades úteis. Assim, é urgente que a educação e a saúde das meninas e das mulheres seja uma prioridade nos programas que visam a promoção do desenvolvimento.

Senhor Presidente

As condições que desejei delinear já se encontram inseridas no contexto da Plataforma de Acção e do Documento Final de Pequim + 5. A realização destes objectivos é urgente. Por sua vez, a Santa Sé dará continuidade ao seu serviço especial às mulheres e às meninas, de tal maneira que também elas possam participar e beneficiar da sociedade globalizada do século XXI.

Obrigado, Senhor Presidente!

 

 

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