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Mensagem do Cardeal Secretário de Estado
 aos participantes na Reunião anual da Comissão
 sobre a Prevenção dos Crimes e a Justiça Criminal (CCPCJ)

[8 DE MAIO DE 2018]

 

Ilustres Senhores e Senhoras!

A reunião anual da Comissão sobre Prevenção ao Crime e Justiça Criminal (CCPCJ), dedicada ao tema do “cybercrime”, é objeto de grande atenção por parte do Papa Francisco. Os progressos tecnológicos trazem muitos resultados positivos, mas não podemos subestimar o lado obscuro do novo mundo digital no qual vivemos. Um dos seus aspetos mais graves é a difusão de novas formas de atividades criminais, ou de antigas formas perpetradas com novos potentíssimos instrumentos. Contrastá-las de maneira eficaz é a vossa tarefa necessária e urgente.

Todos devemos preocupar-nos a fim de que o desenvolvimento mundial promova a dignidade de cada ser humano que nasce, para que possa crescer de maneira saudável e harmoniosa no corpo e no espírito, numa sociedade que o acolhe e o protege.

As Nações Unidas comprometem-se a orientar este esforço comum com a Agenda do desenvolvimento sustentável. Entre os seus objetivos merece especial menção o n. 16, em prol da paz, da justiça e das instituições que as devem garantir. Ela realça justamente a urgência de pôr fim a qualquer forma de violência contra as crianças.

O Papa Francisco está convicto de que um digno desenvolvimento sustentável pode realizar-se unicamente se as crianças, que são o futuro da família humana, forem colocadas no centro da atenção, favorecidas e protegidas nos anos decisivos do seu crescimento. Portanto, no final do Congresso global sobre a dignidade do menor no mundo digital, de 6 de outubro passado, o Santo Padre deu o seu firme apoio à “Declaração de Roma”, que faz apelo ao esforço de governos, líderes religiosos, estudiosos, indústrias tecnológicas, forças de segurança, organizações médicas, educadores, organizações da sociedade civil, a fim de que possam contribuir para enfrentar juntos um problema que vai além das possibilidades de cada um dos agentes.

A proliferação de imagens de violência e de pornografia cada vez mais extremas altera profundamente a psicologia e até o funcionamento neurológico das crianças; cyberbulling, sexting e sextortion corrompem as relações interpessoais e sociais; as formas de aliciamento sexual através da rede, a visão em direto de estupros e violências, assim como a organização online de prostituição e de tráfico de pessoas e a instigação à violência e ao terrorismo são exemplos evidentes de crimes horríveis que de modo algum podem ser tolerados.

A Santa Sé e a Igreja católica estão cientes da sua contribuição para a formação da consciência moral e da consciência pública. Portanto elas, através da própria atividade, querem colaborar com as autoridades políticas e religiosas e com todos os agentes da sociedade civil, sobretudo com os criadores e gestores de tecnologias, a fim de que as crianças possam crescer com serenidade num ambiente seguro. Por este motivo, num mundo em constante evolução, o papel das Nações Unidas e, de maneira específica, do UNODC, é particularmente crucial. Por conseguinte, o Papa Francisco deseja bom êxito aos trabalhos desta Comissão e envia a todos os participantes a sua saudação de bênção».