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MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI
AO PRESIDENTE DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL ITALIANA
POR OCASIÃO DO CONGRESSO:
«DEUS HOJE: COM ELE OU SEM ELE, TUDO MUDA»

Ao Venerado Irmão Senhor Cardeal Angelo Bagnasco
Arcebispo Metropolitano de Génova
Presidente da Conferência Episcopal Italiana

Por ocasião do Congresso, subordinado ao tema: "Deus hoje: com Ele ou sem Ele, tudo muda", que se realiza em Roma de 10 a 12 de Dezembro, desejo manifestar-lhe venerado Irmão, à Conferência Episcopal Italiana e em particular à Comissão para o programa cultural, o meu profundo apreço por esta importante iniciativa, que aborda um dos grandes temas que desde sempre fascina e interroga o espírito humano. A questão de Deus é central também para a nossa época, em que muitas vezes se tende a reduzir o homem a uma única dimensão, a "horizontal", considerando a abertura ao Transcendente irrelevante para a sua vida. A relação com Deus, por sua vez, é essencial para o caminho da humanidade e, como tive oportunidade de afirmar diversas vezes, a Igreja e cada cristão têm precisamente a tarefa de tornar Deus presente neste mundo, de procurar abrir aos homens o acesso a Deus.

É nesta perspectiva que se insere o acontecimento internacional destes dias. A amplitude de abordagem da importante temática que caracteriza o encontro permitirá traçar um quadro rico e complexo da questão de Deus, mas sobretudo servirá de estímulo para uma reflexão mais profunda sobre o lugar que Deus ocupa na cultura e na vida do nosso tempo. Com efeito, por um lado deseja-se mostrar os vários caminhos que levam a afirmar a verdade acerca da existência de Deus, daquele Deus que a humanidade desde sempre de certa forma conheceu, não obstante os claros-escuros da sua história, e que se revelou com o esplendor do seu rosto na aliança com o povo de Israel e, para além de qualquer medida e expectativa, de modo pleno e definitivo, em Jesus Cristo. Este é o Filho de Deus, o Vivo que entra na vida e na história do homem para as iluminar com a sua graça, com a sua presença. Por outro lado, deseja-se lançar luz precisamente sobre a importância essencial que Deus tem para nós, para a nossa vida pessoal e social, para a compreensão de nós mesmos e do mundo, para a esperança que ilumina o nosso caminho, para a salvação que nos espera para além da morte.

São estas as finalidades visadas pelas numerosas intervenções, segundo as múltiplas perspectivas que serão objecto de estudo e de confronto: da reflexão filosófica e teológica ao testemunho das grandes religiões; do impulso rumo a Deus, que encontra expressão na música, nas letras, nas artes figurativas, no cinema e na televisão, aos desenvolvimentos das ciências, que procuram interpretar profundamente os mecanismos da natureza, fruto da obra inteligente de Deus Criador; da análise da experiência pessoal de Deus à consideração das dinâmicas sociais e políticas de um mundo já globalizado.

Numa situação cultural e espiritual como a que estamos a viver, onde aumenta a tendência a relegar Deus ao campo privado, a considerá-lo como irrelevante e supérfluo ou a rejeitá-lo explicitamente, formulo votos de coração a fim de que este acontecimento possa contribuir pelo menos para dissipar aquela penumbra que torna a abertura a Deus precária e temorosa para o homem do nosso tempo, embora Ele nunca cesse de bater à nossa porta. As experiências do passado, mesmo não distantedenós,ensinam que quando Deus desaparece do horizonte do homem, a humanidade perde a orientação e corre o risco de dar passos rumo à destruição de si mesma. A fé em Deus abre ao homem o horizonte de uma esperança certa, que não desilude, indica um sólido fundamento sobre o qual poder alicerçar-se sem medo da vida; exige um abandonar-se com confiança nas mãos do Amor que sustém o mundo.

Senhor Cardeal, a Vossa Eminência, a quantos contribuíram para preparar o Congresso, aos Relatores e a todos os participantes, dirijo a minha cordial saudação com os bons votos de um pleno bom êxito da iniciativa. Acompanho os trabalhos com a oração e com a Bênção Apostólica, propiciadora daquela luz do alto, que nos torne capazes de encontrar em Deus o nosso tesouro e a nossa esperança.

Vaticano, 7 de Dezembro de 2009.

PAPA BENTO XVI



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