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CELEBRAÇÃO MATUTINA TRANSMITIDA AO VIVO
DA CAPELA DA CASA SANTA MARTA

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

"A vaidade nos afasta da Cruz de Cristo"

Quarta-feira, 11 de março de 2020

[Multimídia]


 

Introdução à Santa Missa

Continuemos a rezar pelos doentes desta epidemia. E, hoje, de maneira especial, gostaria de rezar pelos encarcerados, pelos nossos irmãos e irmãs, presos em cárceres. Eles sofrem, e devemos estar próximos deles com a oração para que o Senhor os ajude e console neste momento difícil.

Homilia

A primeira leitura, uma passagem do Profeta Jeremias, é realmente uma profecia sobre a Paixão do Senhor. O que dizem os inimigos? “Vinde para o atacarmos com a língua, e não vamos prestar atenção a todas as suas palavras”. Vamos colocar obstáculos. Não diz: “Vamos vencê-lo, vamos acabar com ele”, não. Dificultar a sua vida, atormentá-lo. É o sofrimento do profeta, mas ali há uma profecia sobre Jesus. O próprio Jesus, no Evangelho, nos fala disto: “Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos sumos sacerdotes e aos mestres da Lei. Eles irão condená-lo à morte e entregá-lo aos pagãos para zombar dele, para o flagelar e crucificar”. Não é somente uma sentença de morte: mais. Há a humilhação, a obstinação. E quando há obstinação na perseguição de um cristão, de uma pessoa, ali está o diabo. O diabo tem dois estilos: a sedução, com as promessas do mundo, como quis fazer com Jesus no deserto, seduzi-lo, e com a sedução fazê-lo mudar o plano da redenção; e, se isto não funcionar, a obstinação. Não há meio-termo, o diabo. A sua soberba é tão grande que procura destruir, e destruir desfrutando da destruição com a obstinação. Pensemos nas perseguições de tantos santos, de tantos cristãos que não só os matam, mas também os fazem sofrer e buscam, de todas as formas, humilhá-los, até ao fim. Não confundir uma simples perseguição social, política, religiosa, com a obstinação do diabo. O diabo obstina-se, para destruir. Pensemos no Apocalipse: quer devorar aquele filho da mulher, que está para nascer.

Os dois ladrões que estavam crucificados com Jesus foram condenados, crucificados, e deixaram-nos morrer em paz. Ninguém os insultava: não interessava. O insulto era somente a Jesus, contra Jesus. Jesus diz aos apóstolos que será condenado à morte, mas será ridicularizado, flagelado, crucificado... zombam dele.

E o caminho para sair da obstinação do diabo, dessa destruição, é o espírito mundano, aquele que a mãe pede para os filhos, os filhos de Zebedeu. Jesus fala de humilhação, que é o próprio destino, e pedem-lhe aparência, poder. A vaidade, o espírito mundano é mesmo, o caminho que o diabo oferece para se distanciar da Cruz de Cristo. A própria realização, o carreirismo, o sucesso mundano: são todos caminhos não cristãos, são todos caminhos para encobertar a Cruz de Jesus.

Que o Senhor nos conceda a graça de saber discernir quando há o espírito que nos quer destruir com a obstinação, e quando o próprio espírito nos quer consolar com as aparências do mundo, com a vaidade. Mas não esqueçamos: quando há obstinação, há ódio, vingança do diabo derrotado. É assim até hoje, na Igreja. Pensemos em tantos cristãos, como são cruelmente perseguidos. Nestes dias, os jornais falaram de Asia Bibi: nove anos na prisão, sofrendo. É a obstinação do diabo.

Que o Senhor nos conceda a graça de discernir o caminho do Senhor, que é a Cruz, do caminho do mundo, que é a vaidade, aparecer, disfarçar”.

 



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