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VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO À COLÔMBIA
(6-11 DE SETEMBRO DE 2017)

ENCONTRO COM OS SACERDOTES, CONSAGRADOS, CONSAGRADAS,
SEMINARISTAS E SUAS FAMÍLIAS

DISCURSO DO SANTO PADRE

Estádio Coberto La Macarena (Medellín)
Sábado, 9 de setembro de 2017

[Multimídia]


 

Caríssimos irmãos Bispos,
Queridos sacerdotes, consagrados, consagradas, seminaristas,
Prezadas famílias, queridos amigos colombianos!

A alegoria da videira verdadeira, que acabamos de ouvir no Evangelho de João, situa-nos no contexto da Última Ceia de Jesus. Naquele clima de intimidade, de uma certa tensão mas carregada de amor, o Senhor lavou os pés dos seus discípulos, quis perpetuar a sua memória no pão e no vinho, e também abriu profundamente o seu coração àqueles que mais amava.

Naquela primeira noite «eucarística», naquele primeiro ocaso, Jesus, depois do gesto de serviço, abre-lhes o seu coração; entrega-lhes o seu testamento. E, como naquele Cenáculo continuaram depois a reunir-se os Apóstolos, com algumas mulheres e Maria, a Mãe de Jesus (cf. At 1, 13-14), assim aqui hoje, neste lugar, nos reunimos nós para O escutar e para nos escutarmos. A Irmã Leidy de São José, Maria Isabel e o Padre Juan Felipe deram-nos o seu testemunho... e cada um de nós que aqui está poderia também contar a sua história vocacional. E, em comum, todos temos a experiência de Jesus que veio ao nosso encontro, nos precedeu e assim nos «cativou» o coração. Como diz o Documento de Aparecida, «conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-Lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-Lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria» (n. 29), a alegria de evangelizar.

Muitos de vós, jovens, descobristes este Jesus vivo nas vossas comunidades; comunidades com um ardor apostólico contagioso, que entusiasmam e fascinam. Onde há vida, fervor, paixão de levar Cristo aos outros, surgem vocações genuínas; é a vida fraterna e fervorosa da comunidade que desperta o desejo de se consagrar inteiramente a a Deus e à evangelização (cf. Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 107). Por natureza, os jovens vivem inquietos, à procura. Ou estou errado? Aqui quero deter-me um momento para vos referir uma recordação triste (é apenas um parêntese). É verdade que os jovens vivem, naturalmente, inquietos; mas esta sua inquietação muitas vezes é desencaminhada, destruída pelos sicários da droga. E Medellín traz-me à mente esta recordação: muitas vidas jovens destroçadas, descartadas, destruídas. Convido-vos a lembrar, a acompanhar este cortejo lutuoso, a pedir perdão para quem destruiu as aspirações de tantos jovens, pedir ao Senhor que converta os seus corações, para que acabe esta derrota da humanidade jovem. Por natureza, os jovens vivem inquietos, à procura, e, apesar de assistirmos a uma crise do compromisso e dos laços comunitários, são muitos os jovens que, à vista dos males do mundo, se mobilizam conjuntamente e se dedicam a diferentes formas de militância e voluntariado. São muitos. E alguns, sim, são católicos praticantes, muitos, porém, são católicos de «água de rosas» – como dizia a minha avó –; outros não sabem se acreditam ou não... Mas esta inquietação leva-os a fazerem algo pelos outros, esta inquietação enche o voluntariado em todo o mundo de rostos jovens. O que é preciso é encaminhar bem a inquietação. Quando o fazem por amor de Jesus, sentindo-se parte da comunidade, tornam-se «caminheiros da fé», felizes por levar Jesus Cristo a cada esquina, a cada praça, a cada canto da terra (cf. ibid., 107). E quantos O levam, mesmo sem saber que O estão a fazer! É esta riqueza de ir pelas estradas servindo, ser caminheiros duma fé que talvez nem eles próprios compreendem completamente; é testemunho, um testemunho que nos abre à ação do Espírito Santo que entra e trabalhará nos nossos corações.

Numa das minhas viagens que me levou à Jornada da Juventude na Polónia [Cracóvia 2016], num almoço que tive com os jovens - com 15 jovens e o Arcebispo – um perguntou-me: «Que posso dizer a um meu companheiro, jovem, que é ateu, que não crê? Que argumentos posso propor-lhe?» E veio-me espontaneamente esta resposta: «Olha! A última coisa que deves fazer é dizer-lhe qualquer coisa!» O jovem ficou surpreendido… Começa a fazer, começa a comportar-te de maneira tal que a inquietação, que ele tem dentro de si, o torne curioso e te interrogue; e, quando te pede o teu testemunho, então podes começar a dizer qualquer coisa. Como é importante este ser caminheiros, caminheiros da fé, caminheiros da vida!

A videira mencionada por Jesus no texto que foi proclamado é a videira que é todo o «povo da aliança». Profetas como Jeremias, Isaías e Ezequiel referem-se a ele comparando-o a uma videira; e o próprio Salmo 80 canta-o dizendo: «Arrancaste uma videira do Egito (...). Preparaste-lhe o terreno; ela foi deitando raízes e acabou por encher toda a terra» (vv. 9.10). Às vezes expressam a alegria de Deus pela sua videira; outras, a sua cólera, desilusão e enfado; jamais, jamais Deus Se desinteressa da sua videira, nunca deixa de sofrer com os seus extravios – se me extravio, Ele sofre no seu coração – nunca deixa de vir ao encontro deste povo que, quando se afasta d’Ele, fica ressequido, arde e se destrói.

Como é a terra, o alimento, o suporte onde cresce esta videira na Colômbia? Em que contextos são gerados os frutos das vocações de especial consagração? Certamente em ambientes cheios de contradições, de luzes e sombras, de situações relacionais complexas. Gostaríamos de contar com um mundo de famílias e vínculos mais serenos, mas somos parte desta mudança epocal, desta crise cultural; e é no meio dela, contando com ela, que Deus continua a chamar. E não comecem a dizer: «É certo que não há muitas vocações de especial consagração, porque, claro, com esta crise que estamos a viver...» Sabeis o que é isto? É um conto de fadas! Claro? Mesmo no meio desta crise, Deus continua a chamar. Seria quase ilusório pensar que todos vós ouvistes a chamada do Senhor no seio de famílias sustentadas por um amor forte e cheio de valores como a generosidade, o compromisso, a fidelidade e a paciência (cf. Francisco, Exort. ap. Amoris laetitia, 5). Alguns, sim! Mas não todos. Algumas famílias serão assim; quisera Deus que fossem muitas! Mas, ter os pés por terra significa reconhecer que os nossos percursos vocacionais, o despertar da vocação de Deus, estão mais perto daquilo que já aparece narrado na Palavra de Deus e que a Colômbia bem conhece: «um rasto de sofrimento e sangue (…). A violência fratricida de Caim contra Abel e os vários litígios entre os filhos e entre as esposas dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacob, passando pelas tragédias que cobrem de sangue a família de David, até às numerosas dificuldades familiares que regista a história de Tobias ou a confissão amarga de Job abandonado» (Ibid., 20). E, desde o início, foi assim: não penseis na situação ideal; esta é a situação real. Deus manifesta a sua proximidade e a sua eleição, onde quer, na terra que quer, na situação em que está naquele momento, com as contradições concretas, como Ele quer. Ele muda o curso dos acontecimentos, chamando homens e mulheres na fragilidade da história pessoal e comunitária. Não tenhamos medo desta terra complexa! Ontem à noite, uma menina portadora de deficiência, no grupo que me deu as boas-vindas, que me acolheu na Nunciatura, disse que, no núcleo do humano, existe a vulnerabilidade, e explicava porquê. E veio-me à mente perguntar-lhe: «Somos todos vulneráveis?» – «Sim, todos». «Mas existe alguém que não seja vulnerável?» E ela respondeu: «Deus». Mas Deus quis fazer-Se vulnerável, quis sair a caminhar connosco pela estrada, viver a nossa história como era; quis fazer-Se homem no meio duma contradição, no meio de algo incompreensível, com o consentimento duma jovem que não compreendia mas obedece e dum homem justo que seguiu o que lhe fora mandado; mas tudo isto no meio de tantas contradições. Não tenhais medo desta terra complexa! Deus sempre fez o milagre de gerar cachos bons, e também boas torradas para o café da manhã. Que não faltem vocações em nenhuma comunidade, em nenhuma família de Medellín! E, quando no café da manhã encontrardes uma destas belas surpresas, dizei: «Ah, que bom! E Deus será capaz de fazer algo de mim?» Interrogai-vos, antes de a comerdes! Interrogai-vos.

E esta videira – que é a de Jesus – tem a caraterística de ser a verdadeira. Ele já usara este adjetivo noutras ocasiões, segundo o Evangelho de João: a luz verdadeira, o verdadeiro pão do céu, o testemunho verdadeiro. Ora, a verdade não é algo que recebemos, como o pão ou a luz, mas algo que brota de dentro. Somos povo eleito para a verdade, e a nossa vocação deve acontecer na verdade. Se somos ramos desta videira, se a nossa vocação está enxertada em Jesus, não há lugar para o engano, a hipocrisia, as opções mesquinhas. Todos devemos estar atentos para que cada ramo sirva para o que se pretendia: para dar fruto. Eu… estou pronto a dar fruto? Desde o início, as pessoas a quem cabe a tarefa de acompanhar os percursos vocacionais deverão motivar para a reta intenção, isto é, um desejo autêntico de configurar-se com Jesus, o pastor, o amigo, o esposo. Quando os percursos não são alimentados pela seiva verdadeira que é o Espírito de Jesus, então experimentamos a secura e Deus descobre, com tristeza, aqueles sarmentos já mortos. As vocações de especial consagração morrem quando querem nutrir-se de honrarias, quando são impelidas pela busca de tranquilidade pessoal e promoção social, quando a motivação é «subir de categoria», apegar-se a interesses materiais chegando mesmo ao erro da avidez de lucro. Já disse noutras ocasiões mas quero repeti-lo aqui porque verdadeiro e certo (não o esqueçais!): o diabo entra pela carteira. Sempre. Isto não diz respeito apenas ao início, todos nós devemos estar atentos porque a corrução nos homens e mulheres que estão na Igreja começa assim, pouco a pouco, e depois – o próprio Jesus no-lo diz – lança raízes no coração e acaba por desalojar Deus da própria vida. «Não podeis servir a Deus e ao dinheiro» (Mt 6, 24; cf. v. 21). Jesus disse: «Não se pode servir a dois senhores». Dois senhores… é como se houvesse dois senhores no mundo. Não se pode servir a Deus e ao dinheiro. Jesus dá o título de «senhor» ao dinheiro. Que significa isto? Que, se te prende, não te deixa ir embora: será o teu senhor a começar do teu coração. Atenção! Não podemos aproveitar-nos da nossa condição religiosa e da bondade do nosso povo para sermos servidos e obter benefícios materiais.

Há situações, estilos e opções que manifestam os sinais da secura e da morte. E, quando isso acontece, retardam o fluxo da seiva que alimenta e dá vida. O veneno da mentira, da dissimulação, da manipulação e do abuso do povo de Deus, dos mais frágeis e especialmente dos idosos e das crianças não pode ter lugar na nossa comunidade. Quando um consagrado, uma consagrada, uma comunidade ou uma instituição (seja a paróquia ou outra qualquer) escolhe seguir este estilo, é um ramo seco; é suficiente sentar-se e aguardar que Deus venha cortá-lo.

Mas Deus não se limita a cortar; a alegoria continua dizendo que Deus poda a videira das imperfeições. É tão bela a poda! Faz doer, mas é bela. A promessa é que daremos fruto, e fruto em abundância, como o grão de trigo, se formos capazes de nos entregar, de dar livremente a vida. Na Colômbia, temos exemplos de que isto é possível. Pensemos em Santa Laura Montoya, uma religiosa admirável cujas relíquias se encontram aqui. Ela, a partir desta cidade, se prodigou numa grande obra missionária a favor dos indígenas de todo o país. Quanto nos ensina esta mulher consagrada de entrega silenciosa, abnegada sem outro interesse senão manifestar o rosto materno de Deus! Da mesma forma, podemos recordar o Beato Mariano de Jesús Euse Hoyos, um dos primeiros alunos do Seminário de Medellín, e outros sacerdotes e religiosas colombianos, cujos processos de canonização já foram introduzidos; bem como muitos outros, milhares de colombianos anónimos, que, na simplicidade da sua vida diária, souberam entregar-se pelo Evangelho e que guardais com certeza na vossa memória servindo como estímulo de entrega. Todos nos mostram que é possível seguir fielmente a chamada do Senhor, que é possível dar muito fruto, mesmo agora, neste tempo e neste lugar.

A boa notícia é que Ele está disposto a limpar-nos; a boa notícia é que não somos ainda uma «obra acabada», estamos ainda no «processo de fabricação» e como bons discípulos estamos a caminho. E como é que Jesus corta os fatores de morte que se aninham na nossa vida e distorcem a vocação? Convidando-nos a permanecer n’Ele; permanecer não significa apenas estar, mas indica manter uma relação vital, existencial, de absoluta necessidade; é viver e crescer em união fecunda com Jesus, fonte de vida eterna. Permanecer em Jesus não pode ser uma atitude meramente passiva ou um simples abandono sem consequências na vida diária. Tem sempre consequências, sempre. E deixai-me propor-vos – já está a ficar um pouco longo? [gritam: «Não!»] Naturalmente nunca me diríeis «sim» e por isso não me fio de vós! – deixai-me propor-vos três modos de tornar efetivo este permanecer, que vos podem ajudar a permanecer em Jesus.

1. Permanecemos em Jesus tocando a sua humanidade:

Com o olhar e os sentimentos de Jesus, que contempla a realidade não como juiz, mas como bom samaritano; que reconhece os valores do povo com quem caminha, bem como as suas feridas e pecados; que descobre o sofrimento silencioso e se comove perante as necessidades das pessoas, sobretudo quando estas se encontram oprimidas pela injustiça, a pobreza indigna, a indiferença ou pela ação perversa da corrução e da violência.

Com os gestos e palavras de Jesus, que expressam amor aos vizinhos e busca dos afastados; ternura e firmeza na denúncia do pecado e no anúncio do Evangelho; alegria e generosidade na entrega e no serviço, sobretudo aos mais pequeninos, rejeitando vigorosamente a tentação de dar tudo por perdido, de nos acomodarmos ou de nos tornarmos apenas administradores de desgraças. Quantas vezes ouvimos homens e mulheres consagrados, parecendo que, em vez de administrar alegria, crescimento, vida, administram infortúnios e passam o tempo a lamentar-se das desgraças deste mundo. É a esterilidade; a esterilidade de quem é incapaz de tocar a carne sofredora de Jesus.

2. Permanecemos contemplando a sua divindade:

Suscitando e cultivando a estima pelo estudo, que aumenta o conhecimento de Cristo, pois, como lembra Santo Agostinho, não se pode amar a quem não se conhece (cf. A Trindade, Livro X, cap. I, 3).

Privilegiando, para tal conhecimento, o encontro com a Sagrada Escritura, especialmente o Evangelho, onde Cristo nos fala, nos revela o seu amor incondicional ao Pai, nos contagia com a alegria que brota da obediência à sua vontade e do serviço aos irmãos. Quero fazer-vos uma pergunta, mas não me deveis responder; cada qual responde para si mesmo. Quantos minutos ou quantas horas leio o Evangelho ou a Escritura em cada dia? Respondei para vós mesmos. Quem não conhece as Escrituras, não conhece Jesus. Quem não ama as Escrituras, não ama Jesus (cf. São Jerónimo, Prólogo ao Comentário do profeta Isaías: PL 24, 17). Gastemos tempo numa leitura orante da Palavra, ouvindo nela o que Deus quer para nós e para o nosso povo.

Que todo o nosso estudo nos ajude a ser capazes de interpretar a realidade com os olhos de Deus; que não seja um estudo alheado do que vive o nosso povo, nem siga as ondas das modas e das ideologias. Que não viva de saudosismos, nem queira enjaular o mistério; não procure responder a perguntas que já ninguém se põe, deixando no vazio existencial aqueles que nos interpelam a partir das coordenadas do seu mundo e da sua cultura.

Permanecer e contemplar a sua divindade, fazendo da oração a parte fundamental da nossa vida e do nosso serviço apostólico. A oração liberta-nos das escórias do mundanismo, ensina-nos a viver com alegria, a escolher a fuga do superficial, num exercício de liberdade autêntica. Na oração, crescemos em liberdade, na oração aprendemos a ser livres. A oração arranca-nos da tendência a concentrar-nos sobre nós mesmos, fechados numa experiência religiosa vazia e leva a colocar-nos docilmente nas mãos de Deus para cumprir a sua vontade e corresponder ao seu plano de salvação. E, na oração, quero também aconselhar-vos uma coisa: pedi, contemplai, agradecei, intercedei, mas habituai-vos também a adorar. Não está muito na moda, adorar. Habituai-vos a adorar. Aprender a adorar em silêncio. Aprender a rezar assim.

Sejamos homens e mulheres reconciliados, para reconciliar. O facto de termos sido chamados não nos dá um certificado de boa conduta e impecabilidade; não estamos revestidos duma aura de santidade. Ai do religioso, do consagrado, do padre, da irmã que vivem com uma cara de santinho! Todos somos pecadores, todos. E precisamos do perdão e da misericórdia de Deus, para nos erguer cada dia; Ele arranca o que não está bem e o que fizemos de mal, deita-o fora da vinha e queima-o. Limpa-nos para podermos dar fruto. Assim é a fidelidade misericordiosa de Deus para com o seu povo, do qual fazemos parte. Ele nunca nos abandonará na beira da estrada, nunca. Deus faz tudo para evitar que o pecado nos vença e feche as portas da nossa vida a um futuro de esperança e de alegria. Deus faz tudo para o evitar. E, se não o consegue, fica ali ao pé de mim, até que me recorde de olhar para o alto por me ter dado conta que estou caído. Ele é assim.

3. Finalmente, devemos permanecer em Cristo para viver na alegria:

O terceiro: permanecer para viver na alegria. Se permanecermos n’Ele, a sua alegria habitará em nós. Não seremos discípulos tristes e apóstolos amargurados. Lede o final da [Exortação apostólica de Paulo VI] «Evangelium nuntiandi»: vo-lo aconselho. Pelo contrário, espelharemos e levaremos a alegria verdadeira, aquela alegria plena que ninguém poderá tirar-nos, espalharemos a esperança de vida nova que Cristo nos trouxe. A chamada de Deus não é um fardo pesado que nos rouba a alegria. É pesado? Às vezes sim; mas não nos rouba a alegria. Mesmo através deste peso, dá-nos a alegria. Deus não nos quer submersos na tristeza – um dos espíritos maus que se apoderam da alma, como já denunciavam os monges do deserto –; Deus não nos quer submersos no cansaço, que provêm das atividades mal vividas, sem uma espiritualidade que torne feliz a nossa vida e até mesmo as nossas fadigas. A nossa alegria contagiante deve ser o primeiro testemunho da proximidade e do amor de Deus. Somos verdadeiros dispensadores da graça de Deus, quando deixamos transparecer a alegria do encontro com Ele.

No Génesis, depois do dilúvio, Noé planta uma videira como sinal do novo começo; ao terminar o Êxodo, aqueles que Moisés enviou para inspecionar a Terra Prometida, voltaram com um cacho de uvas grande assim [indica a altura], sinal da terra onde mana leite e mel. Deus debruçou-Se sobre nós, as nossas comunidades e as nossas famílias: estão aqui presentes; acho muito bem que estejam os pais e as mães dos consagrados, dos sacerdotes e dos seminaristas. Deus pôs o seu olhar sobre a Colômbia: vós sois sinal deste amor de predileção. Cabe-nos agora oferecer todo o nosso amor e serviço unidos a Jesus Cristo, que é a nossa videira, e ser promessa dum novo início para a Colômbia, que deixa para trás um dilúvio – como o de Noé –, um dilúvio de conflitos e violências, que quer produzir muitos frutos de justiça e paz, de encontro e solidariedade. Que Deus vos abençoe! Deus abençoe a vida consagrada na Colômbia. E não vos esqueçais de rezar por mim, para que me abençoe também a mim. Obrigado!

 



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