Index   Back Top Print

[ EN  - IT  - PT ]

DISCURSO DO PAPA FRANCISCO
AOS ARTISTAS E ORGANIZADORES DO CONCERTO DE NATAL

Gabinete da Sala Nervi
Quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

[Multimídia]

______________________________________

Gostaria de pedir ao Cardeal Versaldi para não transmitir estas palavras no concerto: o concerto é arte, não tem nada a ver com isto; que a arte se exprima por si mesma!

Estou feliz por poder saudar-vos antes do Concerto de Natal, que será amanhã à noite. Obrigado, muito obrigado!

O Natal convida-nos a fixar o olhar no acontecimento que trouxe a ternura de Deus ao mundo — uma palavra que sublinho, ternura, falta-nos tanto — e assim suscitou e continua a suscitar alegria e esperança. Ternura, alegria, esperança: sentimentos e atitudes que também vós artistas sabeis reavivar e propagar com os vossos talentos.  Obrigado!

A ternura nasce do amor, é como a linguagem do amor. Quando amas uma criança, acaricia-la, quando amas a tua namorada, acaricia-la, o teu namorado, acaricia-lo. Nasce do amor. O gesto de amor é o mais simples. No presépio, vemos o amor de uma mãe que abraça o filho recém-nascido, o amor de um pai que ampara e defende a sua família; vemos pastores que se comovem diante de um recém-nascido, anjos que celebram a vinda do Senhor... Tudo é permeado pela sensação de maravilha e de amor que leva à ternura. Quero repeti-lo: a linguagem de Deus é proximidade, compaixão e ternura. As três coisas juntas!

São Francisco de Assis, com o seu presépio vivo em Greccio, quis representar o que tinha acontecido na gruta de Belém, para que pudesse ser contemplado e adorado. O Pobrezinho estava cheio de uma ternura que o levava à emoção, pensando na pobreza em que o Filho de Deus nascera.

E precisamente o amor que transparece nesta cena gera alegria. O florescimento da vida é sempre motivo de alegria, que ajuda a superar os sofrimentos. O sorriso de uma criança comove até os corações mais duros. Vimo-lo: alguns homens duros, que não cumprimentam ninguém, quando chega o netinho, comovem-se. No Concerto de Natal ofereceis os vossos talentos artísticos para apoiar projetos educativos, destinados especialmente a crianças e jovens em dois países que estão em condições muito precárias: o Haiti e o Líbano. No Líbano levam-no avante os salesianos, corajosos, os salesianos que sempre inventam algo para ir em frente. E isto é promessa de vida. No Haiti leva-o em frente Scholas occurentes, o movimento pontifício do qual Mons. Zani cuida tão bem. A vossa música e o vosso canto ajudam a abrir o coração para não esquecer quem sofre e a fazer gestos concretos de partilha, que levam alegria a muitas famílias desejosas de dar aos seus filhos um futuro através da educação.

Ternura, alegria e esperança. Na gruta de Belém, acendeu-se a esperança para a humanidade. Infelizmente, a pandemia agravou a divergência educacional para milhões de crianças e adolescentes excluídos de todas as atividades de formação. E há outras “pandemias” que impedem a difusão da cultura do diálogo e da cultura da inclusão. Hoje, infelizmente, predomina a cultura do descarte. A luz do Natal faz-nos redescobrir o sentido da fraternidade e impele-nos à solidariedade para com os necessitados. E na arte vós criais imediatamente a fraternidade; diante da arte não há amigos nem inimigos, somos todos iguais, todos amigos, todos irmãos. É uma linguagem fecunda. Investir na educação significa fazer descobrir e apreciar os valores mais importantes e ajudar as crianças e os jovens a ter a coragem de olhar para o seu futuro com esperança. Na educação habita a semente da esperança: esperança de paz e de justiça, esperança de beleza, esperança de bondade, esperança de harmonia social.

Caros amigos, agradeço-vos. Obrigado, muito obrigado pela generosidade com que apoiais os projetos destinados às jovens gerações. Desejo que sejais sempre mensageiros de ternura, alegria e esperança. Feliz Natal de fraternidade e paz para vós e para os vossos entes queridos. Obrigado!



Copyright © Dicastero per la Comunicazione - Libreria Editrice Vaticana