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VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE AO BRASIL
(30 DE JUNHO - 12 DE JULHO DE 1980)

DISCURSO DO SANTO PADRE
AOS REPRESENTANTES DA
COMUNIDADE ISRAELITA DO BRASIL

São Paulo, 3 de Julho de 1980

 

Muito me alegro por poder saudar, nos senhores, os representantes da comunidade israelita do Brasil, tão viva e operante em São Paulo, no Rio de Janeiro e noutras cidades. E agradeço-lhes de coração sua grande amabilidade em querer encontrar-se comigo, por ocasião desta viagem apostólica à grande nação brasileira. Para mim é uma feliz oportunidade para manifestar e estreitar ainda mais os laços que unem a Igreja católica e o Judaísmo, reafirmando assim a importância das relações que se desenvolvem entre nós, também aqui no Brasil.

Como os senhores sabem, a Declaração Nostra Aetate, do Concílio Vaticano II, em seu quarto parágrafo, afirma que é perscrutando o seu próprio mistério que a Igreja “recorda o vínculo que a une espiritualmente à descendência de Abraão”. Desta forma, a relação entre a Igreja e o Judaísmo não é exterior às duas religiões: é algo que se funda na herança religiosa distintiva de ambas, na própria origem de Jesus e dos Apóstolos, e no ambiente em que a Igreja primitiva cresceu e se desenvolveu. Se, apesar de tudo isso, nossas respectivas identidades religiosas nos dividam, por vezes dolorosamente, através dos séculos, isso não deverá ser obstáculo para que, respeitando essa mesma identidade, queiramos agora valorizar nossa herança comum e assim cooperar, à luz desta mesma herança, na solução dos problemas que afligem a sociedade contemporânea, necessitada da fé em Deus, da obediência à sua santa lei, da esperança ativa na vinda de seu Reino.

Fico muito contente por saber que este relacionamento e cooperação já se dão aqui no Brasil especialmente através da fraternidade Judaico-Cristã. Judeus e católicos se esforçam assim por aprofundar a comum herança bíblica, sem contudo disfarçar as diferenças que nos separam e de tal forma um renovado conhecimento mútuo poderá conduzir à uma mais adequada apresentação de cada religião no ensinamento da outra. Sobre esta base sólida poder-se-á logo construir, como já se vem fazendo, a tarefa da cooperação em benefício do homem concreto, da promoção de seus direitos, não poucas vezes conculcados, da sua justa participação na prossecução do bem comum, sem exclusivismos nem discriminações. São estes, aliás, alguns dos pontos apresentados à atenção da comunidade católica pelas “Orientações e Sugestões para a aplicação da Declaração conciliar Nostra Aetate” publicadas pela Comissão para as relações religiosas com o Judaísmo, em 1975, como também pelos parágrafos correspondentes do documento final da Conferência de Puebla (Cfr. Puebla, 1110. 1123).

Isto tornará vivo e eficaz, para o bem de todos, o valioso patrimônio espiritual que une os Judeus e os Cristãos.

Assim o desejo de todo o coração. E seja este o fruto deste encontro fraterno, com os representantes da Comunidade israelita do Brasil.

 



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