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VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE A PARIS E LISIEUX
(30 DE MAIO - 2 DE JUNHO 1980)

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
AOS FIÉIS PRESENTES NA BASÍLICA
DO SAGRADO CORAÇÃO EM MONTMARTRE

Paris, 1 de Junho de 1980

 

"Fica connosco, Senhor, pois o dia já está no ocaso" (cfr. Lc 24, 29). Os discípulos de Emaús estavam já com o coração a arder, depois de terem escutado pelo caminho a explicação das maravilhas do plano de salvação revelado nas Escrituras. Mediante o partir do pão, o Senhor ressuscitado acaba de revelar-se-lhes na plenitude do seu amor.

Encontramo-nos em Montmartre, na Basílica do Sagrado Coração, consagrada à contemplação do amor de Cristo presente no Santíssimo Sacramento.

Estamos na noite de 1 de Junho, primeiro dia do mês particularmente consagrado à meditação, à contemplação do amor de Cristo manifestado através do seu Sagrado Coração.

Aqui, dia e noite, os cristãos reúnem-se e alternam-se para tornar a procurar "as insondáveis riquezas de Cristo" (cfr. Ef 3, 8-19).

2. Viemos aqui para encontrar o Coração traspassado por nós, de onde saem água e sangue. É o amor redentor que está na origem da salvação, da nossa salvação, que está na origem da Igreja.

Viemos aqui para contemplar o amor do Senhor Jesus: a sua bondade compassiva por todos durante a sua vida terrena; o seu amor de predilecção pelos pequeninos, os doentes, os aflitos. Contemplemos o seu coração que arde de amor pelo seu Pai, na plenitude do Espírito Santo. Contemplemos o seu amor infinito, o do Filho Eterno, que nos conduz ao próprio mistério de Deus.

3. Ainda hoje, o Cristo vivo ama-nos e apresenta-nos o seu Coração como a fonte da nossa redenção: "semper vivens ad interpellandum pro nobis" (Heb 7, 25). A todo o instante, somos envolvidos, o mundo inteiro é envolvido, no amor deste Coração "que amou tanto os homens e por eles é tão pouco amado".

"Vivo, diz São Paulo, na fé do Filho de Deus, que me amou e Se entregou a Si mesmo por mim" (Gál 2, 20). A meditação do amor do Senhor passa necessariamente através da meditação da sua Paixão: "Entregou-se por mim". Isto implica que cada um tome consciência não só do pecado do mundo em geral, mas deste pecado pelo qual cada um está realmente em causa, de forma negativa, nos sofrimentos do Senhor.

Esta meditação do amor manifestado na paixão deve também levar-nos a viver em conformidade com as exigências do baptismo, com esta purificação do nosso ser através da água que flui do Coração de Cristo; a viver conforme o apelo que Ele nos faz todos os dias pela sua graça. Possa Ele conceder-nos agora "vigiar e orar" para não sucumbirmos mais à tentação. Oxalá nos dê a graça de entrarmos espiritualmente no seu mistério; de possuirmos, como diz ainda São Paulo, os sentimentos que havia em Cristo Jesus... "feito obediente até à morte" (Flp 2, 5-8).

Por isso, somos chamados a responder plenamente ao seu amor, a consagrar-Lhe as nossas actividades, o nosso apostolado, toda a nossa vida.

4. Não somos chamados somente a meditar e contemplar este mistério do amor de Cristo; somos chamados a tomar parte nele. É o mistério da Santíssima Eucaristia, centro da nossa fé, centro do culto que prestamos ao amor misericordioso de Cristo manifestado no seu Sagrado Coração, mistério que é adorado noite e dia; aqui nesta Basílica, que se torna por isso um dos centros de onde o amor e a graça do Senhor irradiam, misteriosa mas realmente; sobre a vossa cidade, sobre o vosso País e sobre o mundo redimido.

Na Sagrada Eucaristia, celebramos a presença sempre nova e activa do único sacrifício da Cruz, na qual a Redenção é um acontecimento eternamente presente, indissoluvelmente unido à intercessão mesma do Salvador.

Na Sagrada Eucaristia, unimo-nos ao próprio Cristo, único sacerdote e única hóstia, que nos introduz no movimento da sua oferta e adoração. Ele que é a fonte de toda a Graça.

Na Sagrada Eucaristia — este é também o sentido da adoração perpétua:— entramos neste movimento do amor do qual deriva todo o progresso interior e toda a eficácia apostólica: "quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim" (Jo 12, 30).

Caros Irmãos e Irmãs, grande é a minha alegria de poder terminar este dia neste insigne lugar de oração eucarística, no meio de vós, reunidos mediante o amor para com o Coração divino. Rezai-Lhe. Vivei esta mensagem que do Evangelho de São João, em Paray-le-Monial nos chama a entrar no seu mistério. Oxalá possamos todos "tirar com alegria água das fontes da salvação" (Is 12, 3), as que emanai do amor do Senhor morto e ressuscitado por nós.

É a Ele que recomenda também nesta noite o vosso país e todas as vossas intenções apostólicas. Dou-vos de todo o coração a minha Bênção.

 



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