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VISITA PASTORAL DO SANTO PADRE A LIVORNO
19 DE MARÇO DE 1982

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
 NO ENCONTRO COM OS DIRECTORES
DO ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL SOLVAY

Sexta-feira, 19 de Março de 1982

 

Este meu discurso não era previsto, mas não posso deixar passar esta ocasião para recordar alguns factos importantes na minha vida, e sobretudo aproveito esta oportunidade para agradecer — como dizíeis há pouco, Senhor Presidente — à grande família Solvay por me ter acolhido em tempos difíceis e decisivos. Naquela época eu era aluno da Universidade de Cracóvia, quando começou a guerra — a 1 de Setembro de 1939 — e a nossa situação, de todos os meus compatriotas, mudou-se repentinamente, de maneira especial para os intelectuais e os estudantes: fechada a Universidade, os meus professores foram deportados para os campos de concentração, e nós estudantes, que não prestávamos o serviço militar naquela ocasião, dispersámos e fomos obrigados, pode dizer-se, a ir em busca de trabalho. Penso que aquela circunstância tão dolorosa foi ao mesmo tempo uma ocasião providencial, pois nos contactos mantidos pude descobrir a importância, o valor e a experiência do trabalho manual, do trabalho físico; mas, sobretudo, devo deter-me neste momento para falar sobre a família Solvay.

Não posso deixar de me recordar da grande figura do Director da Solvay em Cracóvia — que não conheci pessoalmente mas de quem ouvi falar muitas vezes —, quando nos acolheu a nós estudantes para nos proteger. Pode dizer-se que a família Solvay me protegeu durante a guerra e permitiu a minha permanência na terra natal, num tempo em que grande número dos meus compatriotas era levado para os campos dê concentração, e no entanto eu podia trabalhar numa fábrica perto da cidade e da casa em que morava. A isto sou profundamente reconhecido. Na verdade este reconhecimento atinge de modo mais imediato os meus superiores da Solvay na Polónia, mas também a grande família Solvay.

Durante a guerra e a ocupação nazista, a fábrica estava sob controlo e também sob a direcção forçada dos alemães. Mas devo também neste momento dizer uma palavra positiva sobre o director alemão que, sem dúvida imposto pelos nazistas, no entanto era muito humano, excepcionalmente, humano.

Recordo assim uma das minhas experiências, mas sobretudo repito o meu obrigado por esta experiência que foi dolorosa, mas ao mesmo tempo positiva e construtiva. Dei nova dimensão à minha vida, e ela continua presente até agora.

Muito obrigado!

 



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