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VISITA PASTORAL À REGIÃO DA LOMBARDIA
 20-22 DE MAIO DE 1983

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
À POPULAÇÃO DE SEREGNO

Basílica Colegial de São José
21 de Maio de 1983

 

Caríssimos Irmãos e Irmãs de Seregno!

1. Agradeço-vos vivamente o caloroso e amável acolhimento nesta hospitaleira cidade de Seregno, à qual estou ligado por um antigo hábito de afectuosa amizade. Agradeço, em particular, ao zeloso Prepósito, Monsenhor Luigi Gandini, o qual, com os seus irmãos sacerdotes, se prodigou para tornar possível esta significativa paragem, nesta minha peregrinação a Milão para o Congresso Eucarístico Nacional. Dirijo também um deferente pensamento ao Senhor Presidente da Câmara e ao Conselho Municipal.

Como sabeis, não é a primeira vez que ponho os pés nesta bonita e laboriosa cidadezinha da Briança, rica de florescente vitalidade e de gloriosas tradições de civilização e de fé cristã. O vínculo que a ela me liga remonta ao longínquo 1963, quando, convidado pelo então Prepósito, Monsenhor Bernardo Citterio, vim celebrar a Santa Missa na esplêndida Colegiada de São José, que depois, em 1981, tive a alegria de elevar à categoria de Basílica Menor.

É pois, um retorno o que hoje faço; realiza-se também em cumprimento de uma promessa que fiz no dia a seguir à minha eleição para a Cátedra de Pedro: "Quando for a Milão, passarei por Seregno". E eis que, hoje, a promessa se torna realidade, e eu estou aqui no meio de vós para vos exprimir, mais uma vez, a minha benevolência e a minha particular afeição.

2. Este encontro traz à minha memória tudo o que pude observar e admirar nas minhas precedentes visitas a esta Comunidade cristã verdadeiramente activa e empreendedora: o espírito missionário, o sentido da solidariedade eclesial, a abertura aos problemas que afligem os outros irmãos menos afortunados. Conheço os auxílios por vós oferecidos às Missões e às Comunidades que vivem em condições sociais difíceis, e não esqueço a oferta de 3 harmoniosos sinos por vós destinados à Igreja de São Floriano, na minha dilecta Arquidiocese de Cracóvia.

Mas esta vossa presença, esta vibrante manifestação de fé são para mim hoje um sinal ulterior da vitalidade espiritual e social desta terra e fazem-me ter esperança para o futuro.

Estou certo que sabereis ter sempre alto o prestígio, que vos advém destes nobres ideais, com uma vida exemplar, modelada na de Cristo, Redentor do homem.

O Ano Jubilar da Redenção seja também para vós uma ocasião propícia para dar uma orientação cada vez mais decididamente cristã à vossa vida, e para ter sempre na sua justa perspectiva aqueles valores absolutos que podem, sozinhos, dar um significado profundo e um objectivo meritório à vossa vida: o amor de Deus sem algum compromisso e o amor generoso para com o próximo. O Ano Santo exige de todos este impulso novo, este coração novo e este espírito, novo, mas isto só é possível se vos deixardes prender inteiramente por Cristo (cf. Fl. 3, 12) e reconciliar no seu sangue (cf. Rom. 5, 11).

Sei que já vos inseristes nesta corrente de renascimento espiritual: faço votos por que o encontro com o Papa seja estímulo e encorajamento a prosseguir o caminho com perseverante empenho e consciência cada vez maior das exigências do Evangelho, e ao mesmo tempo seja nascente fecunda de frutos para cada um de vós, como também para a inteira comunidade eclesial, para as instituições e associações a que pertenceis.

3. Entrevendo no meio de vós núcleos familiares inteiros, desejo acrescentar um particular pensamento para as famílias, e de modo especial para os pais de hoje e de amanhã, recordando que o germinar e o desenvolvimento da fé no coração dos filhos são devidos em grande parte ao ambiente familiar, que foi definido pelo Concilio "pequena Igreja" ou "Igreja doméstica". É necessário que na vida familiar os momentos destinados à promoção dos valores cristãos, ao aprofundamento das principais instâncias do Evangelho e dos Sacramentos da fé sejam oportunamente multiplicados e postos ao alcance de todos os membros.

Vós pais, dando a vida aos vossos filhos, assumistes com este vosso gesto de amor a responsabilidade de lhes explicar o significado, o valor e a esperança que naquele dom estão incluídos: isto é, de lhes explicar o dom admirável da vida que se renova de geração em geração e que tem um futuro, que se realiza na fé, no reconhecimento e na correspondência ao amor de Deus, que é princípio da vida. Deste amor divino, vós, pais, sois testemunhas e ministros. De facto não escolheis a vida dos filhos, como um próprio bem egoísta, mas em virtude de um amor e de um mandamento maior do que vós, pelo qual gerar é um acto de fé e de esperança.

Só a esta luz sobrenatural se poderá edificar uma família, que seja sinal transparente do mistério de Deus que a suscita e a ampara; e revelação daquela vida eterna que está acima do homem, e para além da caducidade dos tempos e das gerações, mas que tem necessidade do tempo e das gerações para se manifestar ao mundo.

4. Caríssimos filhos de Seregno! Disse-vos estas coisas porque sei que podeis e sabeis pô-las em prática: conheço a vossa generosidade e a vossa fé!

Ajude-vos neste empenho a intercessão de São José, vosso padroeiro celeste, e da Santíssima Virgem, sua Esposa, por vós venerada na Igreja de Santa Valéria; da minha parte reafirmo-vos a promessa de uma constante lembrança na oração e a todos abençoo no nome do Senhor.

 



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