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DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
AO SENHOR J. FERNAND TANGUAY
NOVO EMBAIXADOR DO CANADÁ
JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO
DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS

31 de Outubro de 1997

 

Senhor Embaixador

1. Ao receber as Cartas que acreditam Vossa Excelência junto da Sé Apostólica, como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do Canadá, é-me grato apresentar-lhe as boas-vindas à Cidade eterna. Agradeço vivamente as palavras que acaba de me dirigir, e que manifestam interesse e compreensão para com a vida e a acção da Igreja católica.

Sensibilizado pelas mensagens que transmitiu da parte de Sua Excelência o Senhor Primeiro-Ministro e de outras personalidade governamentais, ficar-lhe-ia reconhecido se lhes exprimisse toda a minha gratidão.

Vossa Excelência fez-se intérprete da adesão à Sé de Pedro dos católicos das Primeiras Nações da sua terra, que tive a felicidade de saudar por ocasião das minhas visitas ao Canadá, assim como dos vários encontros aqui realizados; peço- lhe que se digne exprimir-lhes a minha grata recordação e os meus agradecimentos cordiais por estes sinais de atenção para comigo. Muito me sensibilizaram os bons votos que Vossa Excelência me transmitiu da parte dos seus compatriotas de origem polaca e estou-lhes grato pela fidelidade à Igreja, assim como à terra e à cultura que nos são tão caras.

2. Vossa Excelência houve por bem evocar diversos aspectos da acção da Igreja e, de modo particular, da Santa Sé em favor da paz; e ressaltou que o espírito que a orienta está de acordo com o papel do seu país na vida internacional e com os seus princípios. É-me grato constatar também, mais uma vez, a sintonia entre as preocupações da Igreja católica e as do seu país, no que se refere à obra sempre inacabada da consolidação da paz no mundo e do desenvolvimento, que deveria assegurar de modo duradouro o bem-estar dos povos. O Canadá participa nos debates das instâncias internacionais e os seus compatriotas não hesitam em se empenhar com generosidade nas frentes da ajuda humanitária e da manutenção da paz, por vezes muito distantes dos seus países e à custa de reais sacrifícios. O seu devotamento pelas grandes causas da humanidade é muito apreciado e, esperamo-lo, estimulará muitos outros a perseguirem eficazmente os mesmos objectivos.

No importante e delicado âmbito do desarmamento, cuja necessidade deveria ser melhor compreendida pela humanidade, Vossa Excelência chamou oportunamente a atenção para o processo enfim empreendido para eliminar a arma terrível das minas anti-homem. Otava, capital do seu país, receberá em breve os signatários de um acordo destinado a evitar a morte ou a mutilação de inúmeros inocentes em muitas regiões do mundo. Formulo ardentes votos por que todos os países adiram a esse pacto e que não se tarde em livrar multidões de homens, mulheres e crianças destes engenhos destruidores, insidiosamente colocados nos seus passos.

Quando se consideram os conflitos que continuam a devastar os povos nos diferentes continentes, posso compreender a sua triste constatação de que em muitos lugares se transmite «de geração em geração uma herança de ódio e de vingança». Ninguém pode resignar-se ao prosseguimento destes confrontos. O esforço dos artífices de paz não deve restringir- se a limitar os efeitos dos conflitos, a cuidar dos feridos, a sanar as carências alimentares ou a acolher da melhor forma possível os refugiados, ainda que os esforços neste sentido devam ser mantidos e intensificados. No nome da mensagem evangélica, a Igreja não cessa de chamar os nossos contemporâneos a aceitarem-se e a respeitarem-se mutuamente, a considerarem com lucidez as origens históricas das oposições, a fim de melhor as superar, a desenvolverem a convivência a que é chamada a única família humana, em virtude da sua profunda identidade de destino. É neste espírito que a intensificação das relações entre pessoas e povos de boa vontade tem a sua maior razão de ser; estou certo de que os seus compatriotas e os seus dirigentes encontram aqui as preocupações da Igreja católica para o bem comum da humanidade.

3. Vossa Excelência, Senhor Embaixador, ressaltou que uma parte importante dos seus concidadãos é constituída por membros da Igreja católica, solidamente arraigada na sua terra desde as primeiras gerações de pioneiros do Evangelho que lá chegaram da Europa no século XVII. Por seu intermédio, quereria dirigir a todos os católicos do Canadá as saudações cordiais do Bispo de Roma. Conheço os frutos de santidade e de dinamismo missionário que foram produzidos pelos seus antecessores. Eles são-lhes afeiçoados como é testemunhado pelo fervor com que celebram os aniversários das fundações, que aos poucos estruturaram as suas dioceses e comunidades. Hoje, encorajo-os a prosseguir esta construção, menos evidente que no passado, mas fundada nos corações pela adesão à verdade do Evangelho e que se tornou firme e radiante pela comunhão fraterna.

A história da sua terra é tal que, no seu país, a própria Igreja conhece uma diversidade sensível: as origens culturais são múltiplas e as tradições de rito oriental permanecem vivas ali. Esta situação representa uma verdadeira riqueza e, sem dúvida, ajuda os católicos a tomar consciência da unidade na diversidade, que caracteriza os discípulos de Cristo.

4. Hoje, o meu pensamento dirige-se também para os seus compatriotas que pertencem a outras Igrejas ou comunidades eclesiais; saúdo-os como irmãos, no desejo de que os intercâmbios continuem entre eles e os católicos, a fim de procurarem a verdade, condição essencial para progredir rumo à plena comunhão tão desejada e para fundar a vida social sobre uma sólida base humana.

Com aqueles que pertencem a outras tradições religiosas, os católicos estão empenhados em aprofundar o diálogo, não só da convivência quotidiana nas mesmas cidades, mas também dum conhecimento mútuo mais elaborado; deste modo torna-se possível a todas as pessoas de convicções religiosas diferentes trabalhar juntas, em vista de tornar a vida social cada vez mais humana. No Canadá, estou certo de que os católicos desejam progredir em profundidade no caminho destas diferentes relações e diálogos, que não podem deixar de ser benéficos para todos.

5. A sua missão, Senhor Embaixador, tem início pouco tempo antes de se realizar em Roma a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a América. Preparado pela sua experiência da vida internacional e pelo seu conhecimento da vida eclesial, Vossa Excelência poderá acompanhar os intercâmbios desta reunião excepcional dos Pastores da Igreja católica na América do Norte, do Centro e do Sul. Certamente, Vossa Excelência contribuirá para fazer com que os seus compatriotas captem o carácter próprio da investigação de ordem pastoral, que será conduzida pelos membros desta Assembleia, juntamente com o Bispo de Roma e os seus colaboradores, e também em ligação com os representantes do episcopado dos outros continentes. Através das consultações aprofundadas deste tipo, a Igreja católica deseja tornar-se cada vez mais fiel à sua missão ao serviço dos seus irmãos e irmãs deste tempo, sobretudo neste caso, fortalecendo a solidariedade que une as diversas comunidades do seu continente.

6. No momento em que tem início a sua função, Excelência, desejo-lhe um feliz desempenho das suas tarefas, para que se consolidem sempre mais as relações da Santa Sé com o Canadá. Tenho a certeza de que obterá as satisfações que Vossa Excelência espera durante a permanência em Roma, junto da Sé de Pedro.

Da parte dos meus colaboradores, esteja certo de que haverá de encontrar um acolhimento atencioso e a assistência de que precisar.

Na sua pessoa, saúdo o Excelentíssimo Governador-Geral, as Autoridades e o inteiro povo do Canadá, apresentando a todos os meus melhores votos de felicidade e de prosperidade.

Deus lhe conceda todos os benefícios das suas Bênçãos, assim como aos seus familiares, aos membros da sua Embaixada, às Autoridades do seu país e aos seus compatriotas.

 

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