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DISCURSO À DELEGAÇÃO DO
PATRIARCADO ECUMÉNICO DE CONSTANTINOPLA
 POR OCASIÃO DA FESTA DOS SANTOS PEDRO E PAULO

 29 de Julho de 2001

 
Queridos Irmãos em Cristo

1. "Bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor  Jesus  Cristo,  que  na  Sua Grande misericórdia nos regenerou pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos para uma esperança viva, para uma herança incorruptível, que não pode contaminar-se e imarcessível" (1 Pd 1, 3-4).

Quis receber-vos hoje com as palavras que Pedro dirigiu aos cristãos do Ponto, da Galácia, da Capadócia, da Ásia e de Bitínia, queridos irmãos, membros da delegação do Patriarcado ecuménico, Sua Santidade Bartolomeu I, e do Santo Sínodo do Patriarcado de Constantinopla, por ocasião da visita que fizestes à Igreja de Roma e com a qual me alegro profundamente. "Graça e paz da parte de Deus Pai e da de Nosso Senhor Jesus Cristo" (Gl 1, 3). Sede bem-vindos ao meio de nós nestes dias em que celebramos a festa dos Santos Pedro e Paulo.

Este intercâmbio de delegações entre a Igreja de Roma e o Patriarcado ecuménico para as festas patronais durante as quais é honrada a memória dos Apóstolos Pedro e Paulo, e André, é uma iniciativa abençoada pelo Senhor. Podemos até dizer que ela já se tornou uma prática natural de fraternidade eclesial. Sinto-me muito feliz porque ela se tornou um costume e estou profundamente grato ao Patriarca ecuménico e ao Santo Sínodo pelos sentimentos que manifestam, como a Igreja de Roma, a respeito desta iniciativa que nos permite celebrar a obra realizada pelo Senhor, graças aos primeiros Apóstolos. Além disso, isto permite-nos participar juntos na oração e é, ao mesmo tempo, uma ocasião de diálogo regular e harmonioso. A vossa presença, queridos Irmãos, torna-vos participantes desta festa da Igreja de Roma.

2. Entre os primeiros discípulos, Jesus chamou dois irmãos, Simão e André. Eles eram pescadores. "Disse-lhes:  "Vinde após Mim e Eu farei de vós pescadores de homens". E eles, imediatamente, deixaram as redes e seguiram-n'O" (Mt 4, 19-20).

Desde então, a mensagem evangélica foi levada até aos extremos confins da terra e nós somos chamados a dar continuidade na história à missão confiada aos Apóstolos. Como o Senhor chamou "ao mesmo tempo" Pedro e André para serem pescadores de homens para o Reino de Deus, é também ao mesmo tempo que os sucessores dos Apóstolos são convidados a anunciar a Boa Nova da salvação, a fim de que, pelas nossas palavras e unidade fraterna, o mundo creia.

Todos os anos, a presença de uma delegação católica na celebração eucarística do Phanar e a vossa participação na celebração que se realiza em São Pedro, mostram  que  somos  chamados  pelo Senhor a esta missão comum. Contudo, a  impossibilidade  de  participar  juntos no único sacrifício de Cristo, é para todos nós um sofrimento e um apelo, para que procuremos caminhos que permitam resolver as divergências que ainda existem entre ortodoxos e católicos.

3. Com esta finalidade, devem ser intensificadas as relações fraternas entre as Igrejas particulares católicas e ortodoxas e o diálogo teológico. É importante enfrentar e esclarecer o que ainda resta do contencioso teológico, baseando-se na Sagrada Escritura e na Tradição. O trabalho da Comissão mista deve ser completado de acordo com o programa estabelecido. Sei que o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, o Patriarcado ecuménico e o co-Presidente ortodoxo da Comissão mista estão em estreito contacto para decidir juntos a melhor forma de instaurar de novo o diálogo. A Igreja católica também está relacionada com as Igrejas ortodoxas autocéfalas e autónomas. A promoção do diálogo da caridade, que permitiu criar as condições necessárias para iniciar o diálogo teológico, revela-se novamente a forma mais directa para nos reencontrarmos na verdade e no afecto recíproco em Cristo.

4. A festa dos Santos Pedro e Paulo ofereceu-nos de novo a ocasião de rezar juntos aos santos Apóstolos que intercedem por todos os discípulos de Cristo, a fim de que "todos sejam um" e, juntamente, sejam "pescadores de homens" entre as jovens gerações deste novo milénio, que estão sequiosos de conhecer Cristo e de caminhar seguindo os seus passos. Oxalá possamos anunciar juntos o Salvador, para dar a estas gerações "uma esperança viva" que não engana.

5. Queridos Irmãos, agradeço-vos a vossa visita e peço-vos que transmitais as minhas saudações fraternas a Sua Santidade Bartolomeu I, bem como a todos os membros do Santo Sínodo do Patriarcado ecuménico. Que o Senhor esteja sempre connosco! Ele nos guie pelos caminhos do seu Reino!

 

 

 



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