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VISITA PASTORAL DO PAPA JOÃO PAULO II AO CAZAQUISTÃO
E VIAGEM APOSTÓLICA À ARMÊNIA
(22-27 DE SETEMBRO DE 2001)

 CERIMÓNIA DE BOAS-VINDAS

DISCURSO DO SANTO PADRE

Aeroporto de Zvartnotz, Ierevan, Arménia
Terça-feira, 25 de Setembro de 2001

 

Senhor Presidente
Santidade
Queridos Amigos da Arménia

1. Dou graças a Deus Omnipotente porque hoje, pela primeira vez, o Bispo de Roma se encontra no solo arménio, nesta antiga e amada terra, acerca da qual assim cantava o vosso grande poeta Daniel Varujan:  "Das aldeias até aos horizontes / se expande a maternidade da vossa terra" (A chamada das terras). Há muito tempo que esperava este momento de graça e alegria, e de modo especial desde as visitas ao Vaticano realizadas por Vossa Excelência, Senhor Presidente, e por Vossa Santidade, Patriarca Supremo e Catholicos de todos os Arménios.

Estou-lhe profundamente grato, Senhor Presidente, pelas amáveis palavras de boas-vindas que me dirigiu em nome do Governo e dos habitantes da Arménia. Agradeço também às Autoridades Civis e Militares, bem como ao Corpo Diplomático acreditado na Arménia, por me terem apresentado hoje as boas-vindas. Ao dirigir-me a Vossa Excelência, Senhor Presidente, desejo tornar extensivos os sentimentos da minha estima e amizade não só aos concidadãos que vivem na pátria, mas também aos milhões de arménios espalhados por todo o mundo, que permanecem fiéis à sua herança e identidade, e hoje olham para a sua terra de origem com renovado orgulho e satisfação. Também no coração deles palpitam os sentimentos expressos por Varujan numa poesia:  "É bom para o meu coração imergir-se na vaga luminosa de azul, / naufragar se necessário for nos fogos celestes; / conhecer novas estrelas, a antiga pátria perdida, / de onde a minha alma caída ainda chora a saudade do céu" (Noite na Ásia).

2. Santidade, Catholicos Karekin, abraço com fraterno amor no Senhor Vossa Santidade e a Igreja a que preside. Sem o seu encorajamento, eu não estaria agora aqui, como peregrino em viagem espiritual para honrar o extraordinário testemunho de vida cristã oferecida pela Igreja Apostólica Arménia durante tantos séculos, e sobretudo no século XX, que foi para vós um tempo de indizível terror e sofrimento. No 1700º aniversário da proclamação do Cristianismo como religião oficial desta terra amadíssima, toda a Igreja Católica partilha a vossa profunda alegria e a de todos os arménios.

Desejo abraçar os Irmãos Bispos e todos os fiéis da Igreja Católica na Arménia e das regiões vizinhas, feliz por vos confirmar no amor de nosso Senhor Jesus Cristo, bem como no serviço ao próximo e ao vosso País.

3. Sinto-me profundamente comovido quando penso na gloriosa história do Cristianismo nesta terra, que, segundo a tradição, imita a pregação dos apóstolos Tadeu e Bartolomeu.

Sucessivamente, através do testemunho e da obra de São Gregório, o Iluminador, o Cristianismo tornou-se, pela primeira vez, a fé de uma Nação inteira. Os Anais da Igreja universal afirmam para sempre que o povo da Arménia foi o primeiro, como povo, a abraçar a graça e a verdade do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Desde aqueles tempos épicos, a vossa Igreja jamais cessou de cantar os louvores de Deus Pai, de celebrar o mistério da morte e ressurreição do seu Filho Jesus Cristo, e de invocar a ajuda do Espírito Santo, o Consolador. Vós preservais com zelo a memória dos vossos numerosos mártires, e na verdade o martírio foi uma marca especial da Igreja e do povo arménios.

4. O passado da Arménia é inseparável da sua fé cristã. A fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo contribuirá de igual modo também para o futuro que a Nação está a edificar, depois das devastações do século passado. Senhor Presidente, queridos Amigos, acabastes de celebrar o décimo aniversário da vossa independência. Tratou-se de um passo significativo no caminho rumo a uma sociedade justa e harmoniosa, na qual todos se sintam plenamente como na sua casa e possam ver respeitados os seus legítimos direitos. Todos, e em particular, quantos são responsáveis pela gestão pública, estão chamados a um genuíno empenho pelo bem comum, na justiça e na solidariedade, pondo o progresso do povo diante de qualquer outro interesse parcial. E isto é válido também na urgente busca da paz nesta região. A paz só pode ser construída sobre as bases sólidas do respeito recíproco, da justiça nas relações entre comunidades diferentes, e na magnanimidade por parte dos fortes.

A Arménia tornou-se membro do Conselho da Europa, e isto indica a vossa determinação em trabalhar decididamente e com coragem para realizar as reformas democráticas das instituições do Estado, necessárias para garantir o respeito dos direitos humanos e civis dos cidadãos. São tempos difíceis, mas também tempos que desafiam a Nação e lhe infundem coragem. Cada um deve firmemente tomar a decisão de amar a própria terra e de se sacrificar a si mesmo pelo genuíno desenvolvimento, assim como pelo bem-estar espiritual e material do seu povo!

Deus abençoe o povo arménio com a liberdade, a prosperidade e a paz!

 



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